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Fed eleva taxa de juros pela primeira vez desde 2018

Banco central dos Estados Unidos define intervalo da taxa de juros de 0,25% a 0,50% ao ano, de olho na escalada da inflação

Jerome Powell, presidente do Fed, banco central dos EUA que decide sobre os juros no país

Os juros americanos estavam próximos a zero desde março de 2020, quando a pandemia de covid-19 se intensificou pelo mundo | Foto: Reprodução

O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) elevou nesta quarta-feira, 16, a taxa de juros para o intervalo de 0,25% a 0,50% ao ano.

Este foi o primeiro aumento nos juros realizado pela autoridade monetária desde 2018. A íntegra do comunicado do Fomc, o comitê do Fed, pode ser lida neste link.

A decisão era amplamente esperada pelo mercado, uma vez que a inflação dos EUA, assim como de muitos países, tem crescido substancialmente. Porém, o ritmo de elevação veio acima das projeções.

O Fed mantinha os juros próximos a zero desde março de 2020, quando a pandemia de covid-19 se intensificou pelo mundo.

Adicionalmente, o Fed elevou consideravelmente a projeção para a inflação americana em 2022, de 2,6% para 4,3%.

Nesse sentido, o aumento de preços observado nos EUA em 2021 chegou a 6,1%, a maior alta em 40 anos. Entre dezembro do ano passado e janeiro, a inflação acelerou 0,6% por lá.

“Com o adequado fortalecimento da política monetária, o Comitê espera que a inflação volte ao seu objetivo de 2% e o mercado de trabalho continue forte”, diz o comunicado do Fed.

O Federal Reserve avalia que a inflação nos Estados Unidos se mantém elevada, refletindo problemas de oferta e demanda relacionados com a pandemia e a alta nos preços de energia. No comunicado de sua decisão de política monetária, a autoridade avalia ainda que a questão reflete pressões de preços “mais amplas”.

Já os indicadores de atividade e emprego continuaram a se fortalecer, na visão do Fed. Os ganhos no emprego foram fortes nos últimos meses, e o desemprego caiu substancialmente, afirma a autoridade.

Segundo o banco central dos EUA, a invasão da Ucrânia pela Rússia está causando enormes prejuízos humanos e dificuldades econômicas. As implicações para a economia dos Estados Unidos são altamente incertas, avalia o Fed, mas, no curto prazo, a invasão e os eventos relacionados provavelmente criarão uma pressão adicional para a inflação e pesarão na atividade econômica, projeta a autoridade.

O patamar de juros em 0,5% pode indicar, segundo Rafael Foscarini, da Belo Investment Research, que a inflação americana está “realmente fora de controle”. “Isso pode afetar a demanda por petróleo o que, consequentemente, fazer o preço do barril ceder um pouco”, disse Foscarini.

Nesta quarta-feira, o petróleo Brent fechou em queda de 1,89%, a US$ 98,02 o barril na Intercontinental Exchange (ICE). Já o petróleo WTI recuou 1,45%, a US$ 95,04 o barril na New York Mercantile Exchange (Nymex).

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Estímulos do Fed via juros e compra de ativos

Além disso, a autoridade monetária informou que vai "reduzir suas participações em títulos do Tesouro e dívida de agências e títulos lastreados em hipotecas de agências em uma próxima reunião".

Nos últimos dois anos, o Fed buscou estimular a maior economia do mundo por meio da compra de ativos de instituições financeiras e da manutenção dos juros a patamares baixíssimos, devido aos impactos causados pela pandemia.

Como consequência, o nível de emprego dos EUA se recuperou rapidamente de uma taxa de desemprego de 14,7%.

Impactos da guerra na Ucrânia

Em seu comunicado, o Fed também citou as "enormes dificuldades humanas e econômicas" geradas pelo conflito entre Rússia e Ucrânia.

Sobre o assunto, a autoridade monetária diz que "as implicações para a economia dos EUA são altamente incertas, mas no curto prazo a invasão e os eventos relacionados provavelmente criarão uma pressão ascendente adicional sobre a inflação e pesarão na atividade econômica".

Por fim, o Fed indicou que pode promover um novo aperto em sua política monetária nas próximas reuniões.

"As avaliações do Comitê levarão em conta uma ampla gama de informações, incluindo leituras sobre saúde pública, condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas de inflação e desenvolvimentos financeiros e internacionais".

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