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Fed pode sinalizar no primeiro semestre de 2024 o início do corte dos juros

Dados recentes da inflação nos EUA sinalizam que o Federal Reserve pode confirmar o início do corte dos juros no primeiro semestre de 2024

Juros nos Eua

Inflação acumulada em 12 meses nos EUA ficou em 3,2% em outubro, consideravelmente inferior ao 7,7% há um ano | Foto: Getty Images

As pressões de custos na economia americana continuam diminuindo à medida que a política monetária apertada nos EUA e na maioria dos países faz efeito sobre a atividade econômica ao redor do mundo. A
inflação ao consumidor americano acumulada em doze meses ficou em 3,2% em outubro, patamar consideravelmente inferior ao 7,7% registrado no mesmo mês do ano passado.

O núcleo desse índice, que exclui alimentação e energia, também apresentou desaceleração relevante, passando de 6,3% para 4,0%. Na variação mensal o núcleo subiu em outubro apenas 0,23% e a inflação cheia 0,04%, sendo para este último o menor valor desde julho de 2022.

O Índice de Preços ao Produtor (PPI) registrou variação mensal de -0,5% em outubro de 2023, acumulando alta de apenas 1,3% em doze meses. No mesmo mês de 2022, o índice havia acumulado 8,2% de alta em doze meses.

À desaceleração dos preços ao produtor soma-se a redução do custo unitário do trabalho no terceiro trimestre, que registrou queda anualizada de 0,8% no período. Essa combinação de menor inflação dos insumos e menor custo unitário do trabalho diminui a pressão de custos das empresas, o que tende a desestimular reajustes de preços ao consumidor final.

Ao longo de 2023, o consumo das famílias americanas apresentou desempenho robusto, com crescimento real de 2,3% nos 12 meses desde setembro de 2022. Esse desempenho se deve a uma combinação de fatores temporários, como a redução do imposto de renda em diversos estados e o crédito tributário para a compra de automóveis ocorridos no começo do ano, além do estoque de poupança acumulado durante a pandemia, que permitiu que o consumo superasse a renda sem recurso significativo ao crédito.

Esse estoque, evidentemente, não é infinito e à taxa em que vem sendo consumido, deverá deixar de contribuir para o consumo no começo de 2024. Também deverá pesar sobre o consumo a retomada em outubro dos pagamentos de financiamento estudantil, suspensos desde o início da pandemia.

O enfraquecimento da demanda futura foi corroborado pela mais recente edição do Livro Bege do Fed. A publicação indica que os empresários encontram dificuldade crescente de repasse de preços, com os consumidores cada vez mais sensíveis à elevação destes.

Combinada com a menor pressão de custos, é de se esperar que a demanda mais fraca se traduza em menos inflação nos próximos meses. Dessa forma, o cenário prospectivo para a inflação americana continua favorável, segundo avaliação dos especialistas do Banco Safra.

Esse cenário, combinado com a pressão negativa que os juros têm feito sobre o valor dos ativos em taxa fixa encontrados nos balanços dos bancos, deve dissuadir o Comitê de Política Monetária do Fed de aumentar a taxa de juros americana nas suas próximas reuniões, permitindo à autoridade monetária sinalizar talvez ainda na primeira metade do ano a intenção de começar a baixar os juros em 2024.

Íntegra da análise macroeconômica semanal do Banco Safra.

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