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Fed deve sinalizar queda dos juros nos EUA para o segundo trimestre de 2024

Pressão salarial tende a continuar diminuindo, o que favorece o afrouxamento da política monetária no ano que vem, segundo o Banco Safra

Juros EUA

A pressão por aumentos de salários tende a diminuir nos EUA, reduzindo repasses de preço ao consumidor, avalia o Safra | Foto: Getty Images

O Federal Reserve (Banco Central dos Estados Unidos) deve iniciar a sinalização de flexibilização da política monetária ainda no segundo trimestre de 2024, na avaliação do Banco Safra. Em relatório de avaliação macroeconômica do banco, divulgado às vésperas de mais uma superquarta – quando haverá reuniões dos comitês de política monetária dos BCs do Brasil e dos EUA -, o Safra avalia os números do mercado de trabalho nos Estados Unidos e conclui que o cenário prospectivo é de continuidade da moderação em curso. Com isso, a pressão salarial deve continuar a arrefecer, com reflexos favoráveis na inflação.

As apostas na manutenção dos juros atuais subiram para 51,7% das instituições financeiras dos EUA, segundo o CME FedWatch Tool. Antes da divulgação dos últimos dados do mercado de trabalho, na semana passada, 55,4% acreditavam que o Fed reajustaria os juros em 0,25 ponto percentual a partir de março de 2024, elevando a taxa para o patamar entre 5% e 5,25%.

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No mês de outubro, o número de vagas em aberto capturado pela pesquisa JOLTS do departamento de estatísticas do trabalho (BLS) caiu para 8,7 milhões, o menor valor desde março de 2021. Somando esse número à população ocupada de 161,2 milhões de pessoas, a demanda por trabalhadores ficou perto de 170 milhões. Considerando que a força de trabalho naquele mês ficou em 167,7 milhões de pessoas, o excesso de demanda por trabalhadores foi da ordem de 2,2 milhões, o menor valor desde julho de 2021 e consideravelmente abaixo da máxima recente, que foi de aproximadamente 6 milhões no primeiro trimestre do ano passado.

A redução do excesso de demanda por trabalhadores vem se dando pelo crescimento da oferta e esfriamento da demanda, informa o relatório. Por um lado, o alívio das restrições de mobilidade impostas durante a pandemia permitiu que mais trabalhadores estrangeiros ingressassem na economia. Grande parte do aumento da oferta de trabalho e das posições ocupadas deve-se à contratação de trabalhadores que nasceram fora dos Estados Unidos. À medida que os efeitos defasados da política monetária começam a pesar sobre a atividade e o lucro das empresas, a demanda por trabalhadores, por seu lado, enfraquece.

Desaceleração da demanda por trabalhadores favorece queda de juros em 2024

Diversos indicadores apontam que a desaceleração da demanda por trabalhadores deve continuar nos próximos meses, informa o relatório do Banco Safra. As sondagens do Instituto para Gestão de Oferta (ISM) indicam que a média móvel de três meses do percentual de empresas do setor manufatureiro reportando aumento no número de empregados está próxima das mínimas observadas na última década, excluindo o momento do impacto inicial da pandemia.

No setor de serviços esse percentual está mais alto, porém historicamente ele tende a acompanhar com defasagem a dinâmica da manufatura. Na mesma linha, o Livro Bege do Fed reportou na sua última edição que os empresários ouvidos relataram maior equilíbrio entre oferta e demanda por trabalhadores. Além dos empresários, os próprios trabalhadores também têm apontado perspectivas mais difíceis: o percentual de pessoas alegando dificuldade para encontrar emprego cresceu moderadamente nos últimos meses, segundo o índice de confiança do Conference Board.

Em um ambiente de piores perspectivas para o mercado de trabalho é natural que também haja redução nos pedidos de demissão, destaca o relatório. Com maior dificuldade para encontrar novos empregos os trabalhadores têm menos incentivo para saírem de seus postos atuais, tendendo a se manter onde já estão. A pressão por aumentos de salários tende a diminuir nessas circunstâncias, reduzindo repasses de preço ao consumidor.

A criação de empregos no mês de novembro foi de 199 mil vagas. Esse número inclui a criação de 28 mil vagas no setor manufatureiro, número mais alto do que o padrão dos últimos meses, mas que reflete principalmente o fim da greve dos trabalhadores da indústria automobilística.

A taxa de desemprego passou de 3,9% para 3,7%, o que se deveu a um aumento maior da força de trabalho, também por conta do fim da greve. Assim, os dados de criação de emprego em novembro mostraram um quadro mais forte do que em outubro, mas isso se deveu a fatores pontuais que não devem se repetir nem alterar a tendência de arrefecimento do mercado de trabalho.

“Em resumo, o cenário prospectivo do mercado de trabalho americano é de continuidade da moderação em curso. Com isso, a pressão salarial deve continuar a arrefecer, com reflexos favoráveis na inflação. Assim, é possível que o Fed inicie a sinalização de flexibilização da política monetária ainda no segundo trimestre de 2024”, diz o relatório semanal de macroeconomia do banco Safra.

Íntegra do relatório macroeconômico do Banco Safra.

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