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Fiocruz prevê agravamento da pandemia no País

Boletim do Observatório de covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz prevê que média de mortes no país tende a voltar a ficar acima de 2,2 mil

Prédio da Fiocruz

Chegada de novas variantes do vírus e redução da idade média dos casos de covid-19 preocupam a Fiocruz | Foto: Divulgação

novo Boletim do Observatório covid-19 Fiocruz alerta para o agravamento da pandemia nas próximas semanas. Mantidas as tendências dos atuais indicadores, o estudo sinaliza uma nova elevação do número médio de óbitos para um patamar em torno de 2.200 por dia. Na última semana de 16 a 22 de maio, a análise mostra que houve um aumento das taxas de incidência de casos novos de covid-19. 

Também complicam o cenário os índices de positividade dos testes para diagnóstico realizados, que permanecem em altos patamares, demonstrando a circulação intensa do vírus Sars-CoV-2. Essas novas infecções podem resultar em casos graves de covid-19, afirmam os pesquisadores.  

Outra questão preocupante é o rejuvenescimento da pandemia associada à circulação de novas variantes do vírus no país. O estudo conclui que a maior exposição desta faixa etária está associada a condições precárias de trabalho e transporte, além da retomada de atividades econômicas e de lazer, que vêm sendo efetivadas em diversos estados e municípios, com a flexibilização das restrições à circulação de pessoas. 

“Esse contexto vai gerar novas pressões sobre todo o sistema de saúde. O aumento no número de internações, demonstrado pelo novo aumento das taxas de ocupação dos leitos de UTI é resultado desse novo quadro da pandemia no Brasil”, ressaltam.

Os pesquisadores defendem a intensificação de ações de vigilância em saúde, o reforço de estratégias de testagem de casos suspeitos e seus contatos (incluindo a vigilância genômica), além do controle de voos internacionais e a manutenção de restrições de eventos de massa e atividades que promovam a interação e infecção de grupos suscetíveis.

Simultaneamente, são necessárias medidas de preparação do sistema de saúde, desde a sincronização com a atenção primária em saúde, até a organização da média e alta complexidade, incluindo a oferta de leitos clínicos e UTIs covid-19, e garantia da oferta de insumos.

Leitos de UTI para covid-19

Entre os dias 17 e 24 de maio de 2021, as taxas de ocupação de leitos de UTI covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS) aumentaram ou se mantiveram estáveis, em níveis elevados, em praticamente todo o Brasil. Isso reforçaria a avaliação de que a tendência de queda (que vinha sendo observada até por volta do dia 10 deste mês) se interrompeu.

Oito estados e o Distrito Federal encontram-se com taxas de ocupação iguais ou superiores a 90%: Piauí (91%), Ceará (92%), Rio Grande do Norte (97%), Pernambuco (98%), Sergipe (99%), Paraná (96%), Santa Catarina (95%), Mato Grosso do Sul (99%) e Distrito Federal (96%).

Nove estados apresentam taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos entre 80% e 89%: Roraima (83%), Tocantins (86%), Alagoas (89%), Bahia (83%), Minas Gerais (80%), Rio de Janeiro (83%), São Paulo (80%), Mato Grosso (87%) e Goiás (84%).

Sete estados estão na zona de alerta intermediário (≥60% e <80%): Rondônia (79%), Pará (73%), Amapá (72%), Maranhão (76%), Paraíba (75%), Espírito Santo (79%) e Rio Grande do Sul (79%).

Dois estados estão fora da zona de alerta: Acre (47%) e Amazonas (57%). 

Medidas para evitar o agravamento da pandemia 

Com o objetivo evitar o agravamento da pandemia e novo colapso do sistema de saúde, o Boletim do Observatório Fiocruz covid-19 propõe uma abordagem positiva e propositiva. Dentre as medidas destacadas está a que o governo federal assuma um papel de liderança e responsabilidade no desenvolvimento de estratégias coerentes destinadas à prevenção da transmissão da doença no país. isso incluiria políticas e ações ativas de adoção de medida não-farmacológicas, com o bloqueio/lockdown nas regiões e estados em que há o crescimento de casos e onde a taxa de ocupação de leitos esteja superior à 80%.

Neste processo, segundo os pesquisadores, é fundamental que sejam desenvolvidas com urgência medidas de coordenação das políticas e ações entre os diferentes níveis do SUS –  nacional, estadual e municipal.   

Algumas outras ações defendidas são a vacinação; a implementação de um sistema de enfrentamento rápido e coordenado nos níveis nacional, regional, estadual e municipal com participação da sociedade; a criação, a ampliação e o fortalecimento de campanhas de esclarecimento contra a negação de evidências científicas e a desvalorização de tomadas de decisões baseadas na ciência para prevenção e tratamentos da doença; a combinação urgente de políticas e ações relacionadas à redução da exposição e infecção, adoecimento e agravamento da covid-19; além da adoção de medidas não-farmacológicas que tenham como objetivo reduzir a propagação do vírus e o contínuo crescimento de casos. 

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