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Fundadora da Theranos pega 11 anos de cadeia por enganar investidores nos EUA

Elizabeth Holmes, fundadora da Theranos, enganou investidores como Rupert Murdoch e Henry Kissinger, e seu golpe bilionário inspirou livro e filme

Fundadora da Theranos

A Theranos foi fundada em 2003, quando Holmes tinha apenas 19 anos, com a promessa de revolucionar os exames laboratoriais | Foto: Reprodução

A fundadora da start-up Theranos, Elizabeth Holmes, foi sentenciada nesta sexta-feira, 18, a 11 e três meses anos de prisão por um tribunal federal na Califórnia, nos Estados Unidos, por fraudes contra investidores. Ela já havia sido condenada em janeiro deste ano em quatro das 11 acusações a que respondia e aguardava uma sentença final.

A Theranos foi fundada em 2003, quando Holmes tinha apenas 19 anos, com a promessa de revolucionar os exames laboratoriais com equipamentos supostamente capazes de fornecer diagnósticos rapidamente, a partir de poucas gotas de sangue. A iniciativa atraiu investidores, mas a tecnologia não funcionou como prometido, como revelou em 2015 o jornal The Wall Street Journal.

Golpe no Vale do Silício inspirou filme

Holmes, atualmente com 38 anos, foi acusada de enganar investidores privados entre 2010 e 2015 e de mentir a pacientes sobre a precisão dos testes. Secretamente, os exames eram feitos pela empresa por meio de equipamentos convencionais. Além de uma pena de 15 anos de prisão, os promotores pediram que ela fosse obrigada a devolver US$ 800 milhões.

Fundadora da Theranos entrou na lista das pessoas mais ricas dos Estados Unidos

A história de Holmes, uma ex-aluna da Universidade Stanford que chegou a figurar nas listas das pessoas mais ricas dos Estados Unidos, foi contada no livro Bad Blood: Fraude Bilionária no Vale do Silício, do jornalista John Carreyrou, e na série The Dropout, que estreou em março no serviço de streaming Star+.

Elisabeth Holmes é filha de Christian Rasmus Holmes IV, que foi vice-presidente da Enron, empresa de energia que mais tarde foi à falência, em meio a um escândalo envolvendo fraude contábil. Ele ocupou depois cargos executivos em agências governamentais, como a USAID, a EPA e a USTDA.

Elisabeth chegou a ingressar na Universidade Stanford, como estudante de engenharia química, mas saiu pouco tempo depois para criar a sua própria start-up.

Saiba mais

Em 2003, aos 19 anos de idade, fundou o laboratório Theranos de exames de sangue, tornando-se sua diretora executiva. Em 2015, foi incluída na lista das cem pessoas mais influentesdo mundo, segundo a revista Time.

Em 2015, surgiram indícios e múltiplas acusações de fraude no processo de exames de sangue da Theranos, e tudo mudou depois que o repórter John Carreyrou, do Wall Street Journal, publicou uma série de reportagens expondo as deficiências e as imprecisões das técnicas empregadas na Theranos.

Segundo as revelações de Carreyrou – que mais tarde escreveria o livro Bad Blood – Fraude Bilionária no Vale do Silício – , os pacientes estavam recebendo resultados imprecisos de testes relacionados com HIV, câncer e abortos espontâneos.

Pouco tempo depois, a revista Forbes rebaixou o valor do patrimônio de Elisabeth Holmes, de 4,5 bilhões de dólares para zero, e também reduziu o valor da Theranos, de USD 9 bilhões para USD 800 milhões.Em 2019, a Fortune incluiu Holmes na lista dos 19 líderes mais decepcionantes do mundo.

Rupert Murdoch e Henry Kissinger estão entre as vítimas

Em 2018, Elizabeth Holmes e seu principal parceiro, Ramesh Balwani, ex-diretor da Theranos, foram acusados de “fraude massiva” pela Comissão de Títulos e Câmbio dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês), o que levou à dissolução da empresa.

Holmes e Balwani foram indiciados e processados por lesar pacientes e investidores, mediante falsas afirmações sobre a capacidade de seu aparelho – denominado Edison, uma espécie de minilaboratório de análises clínicas – de processar centenas de tipos de exames, usando apenas algumas gotas de sangue do paciente.

Holmes fez um acordo com a comissão e concordou em pagar USD 500.000. Mas outras acusações viriam à tona posteriormente, culminando no julgamento iniciado em julho de 2021.

Finalmente, em 3 de janeiro de 2022, o júri considerou-a culpada de quatro das 11 acusações de fraude e conspiração que pesavam contra ela.

A partir de suas ligações familiares com o ex-secretário de Estado George P. Shultz, Holmes conseguiu vender sua ideia a outras importantes personalidades do mundo dos negócios e da política dos Estados Unidos, tais como o magnata da mídia Rupert Murdoch, o ex-secretário de Estado Henry Kissinger, o ex-secretário da Defesa James Mattis, entre muitos outros.

Embora todos estivessem na lista de testemunhas, nenhum deles foi convocado pela defesa de Holmes, cujo argumento principal era que ela realmente acreditava na Theranos e no projeto, mas falhou.

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