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Gilberto Gil é o novo imortal da Academia Brasileira de Letras

Cantor, compositor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil será colega da atriz Fernanda Montenegro, também eleita na semana passada para a Academia Brasileira de Letras

Gilberto Gil

Gilberto Gil passará a ocupar a cadeira 20, que ficou vaga após a morte do advogado, escritor e jornalista Murilo Melo Filho | Foto: Divulgação

O cantor, compositor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil foi eleito aos 79 anos para a Academia Brasileira de Letras. Ele passará a ocupar a cadeira 20, que ficou vaga após a morte do advogado, escritor e jornalista Murilo Melo Filho, em maio de 2020.

Gil concorreu com os escritores Salgado Maranhão e Ricardo Daunt e foi eleito com 21 votos. Salgado Maranhão teve 7 votos e Ricardo Daunt não teve nenhum voto.

Participaram da eleição 34 acadêmicos de forma presencial ou virtual — um não votou por motivo de saúde. Foram 4 votos em branco e 2 nulos.

O soteropolitano Gilberto Gil passou a infância em Ituaçu, no interior da Bahia, onde o pai exercia a medicina, mas começou de fato sua carreira artística em Salvador. Lá, ele se apresentava em escolas e clubes, chegou a compor jingles e escrevendo músicas para outros grupos.

Cantor Gilberto Gil é formado em administração

O sucesso que se seguiria ainda não era certo para o jovem, então ele dividia seu tempo entre os estudos e a música. Em 1965, formou-se em administração na UFBA e chegou a participar de um programa de trainee na multinacional Gessy Lever, atualmente conhecida como Unilever.

Na época, porém, Gil já conhecia parceiros que levaria para o resto da vida, como Caetano Veloso, Vinicius de Moraes, Chico Buarque, Gal Costa, Maria Bethânia, Nana Caymmi e Elis Regina. Ainda nos anos 1960, ele abandonaria a carreira de administrador de empresas e lançaria seu Procissão, seu primeiro single oficial.

A partir daí, sua trajetória artística apenas ascenderia: Gil foi um dos criadores do movimento tropicalista, tornou-se uma das vozes mais marcantes da música popular brasileira, virou símbolo de resistência contra a ditadura militar, exilou-se do Brasil, fez um retorno triunfal e ganhou prêmios como o Grammy e o Grammy Latino.

Entre álbuns de estúdio, discos gravados ao vivo e compilações, Gil soma mais de 50 CDs lançados, com grandes clássicos da MPB como Tropicalia ou Panis et Circensis, Refazenda, Expresso 2222, Refavela e Realce. Seu mais recente trabalho de inéditas é OK OK OK, de 2018.

Cantor foi vereador em Salvador e ministro da Cultura no governo Lula

Fora dos palcos, Gil também se notabilizou na política. Foi vereador de Salvador entre 1989 e 1992 pelo então PMDB e ministro da Cultura do governo Lula entre 2003 e 2008 pelo PV, partido ao qual é filiado até hoje.

Em 1999, foi nomeado pela Unesco como Artista pela Paz. No âmbito da ONU, foi embaixador para agricultura e alimentação. Além de ter sido um dos principais defensores da livre circulação de informação na internet.

Gil foi eleito para a ABL pouco tempo depois da atriz Fernanda Montenegro e, assim como ela, não tem a escrita literária como sua principal atividade. No entanto, é coautor de alguns livros, como Gilberto Bem Perto, com Regina Zappa, Cultura pela Palavra, com Juca Ferreira, Disposições Amoráveis, com Ana de Oliveira, e O Poético e o Político e Outros Escritos, com Antonio Risério. Além disso, ele tem poemas e letras reunidas em outros livros.

Os demais candidatos para a vaga agora ocupada por Gil eram o poeta maranhense Salgado Maranhão, autor de 12 livros e compositor de músicas de nomes como Ney Matogrosso, Paulinho da Viola e Elba Ramalho; e o escritor e crítico literário Ricardo Daunt.

Gil se tornou o segundo imortal negro da formação atual da ABL, ao lado de Domício Proença Filho, entre os 40 atuais integrantes da instituição.

“Muito feliz em ser eleito para a cadeira 20 da Academia Brasileira de Letras. Obrigado a todos pela torcida e obrigado aos agora colegas de Academia pela escolha”, disse o artista em uma rede social.

Gil acompanhou votação de casa com amigos

Gil acompanhou a votação na casa de amigos em Ipanema, na Zona Sul do Rio, já que uma norma da ABL proíbe que candidatos participem da sessão.

“Gilberto Gil traduz o diálogo entre a cultura erudita e a cultura popular. Poeta de um Brasil profundo e cosmopolita. Atento a todos os apelos e demandas de nosso povo. Nós o recebemos com afeto e alegria”, declarou o presidente da ABL, acadêmico Marco Lucchesi.
Gilberto Gil é um cantor, compositor, multi-instrumentista e produtor musical cuja obra se confunde com a própria música brasileira. Entre 1998 e 2019, ele recebeu 9 prêmios Grammys, segundo a sua página oficial. Em 1999, foi nomeado “Artista pela Paz”, pela Unesco.

São dele os clássicos “Aquele Abraço”, “Vamos Fugir”, “A Novidade”, “Cálice”, “Esotérico”, “Divino Maravilhoso”. Ele tem uma extensa discografia com mais de 60 álbuns e quase 4 milhões de cópias vendidas.

Gilberto Gil também escreveu e publicou livros sozinho e em parceria com outros autores. Entre as obras estão “Gilberto bem Perto”, “Disposições Amoráveis” e “Cultura pela palavra: artigos, entrevistas e discursos dos ministros da cultura 2003-2010”.

Gil deve assumir o posto em março de 2022, quando o órgão volta do recesso de fim de ano. (Com AE)

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