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Google sai do ar e expõe a “Googledependência”

Gigante de buscas confirmou queda do sistema de autenticação po problema de gestão interna da cota de armazenamento

Google fora do ar

Youtube e demais serviços da empresa ficaram fora do ar por 45 minutos no Brasil / Foto: Reprodução Youtube

Praticamente todos os serviços do Google passaram cerca de 45 minutos fora do ar em diversos países do mundo na manhã de ontem, com reflexos em inúmeras atividades profissionais, estudantis e de entretenimento.

As reclamações se multiplicaram em outras redes sociais no Brasil, Índia, África do Sul, Europa e Estados Unidos, onde o problema ocorreu antes das 7 da manhã.

No Brasil, a pane começou às 8h47 da manhã. Usuários passaram a reportar queixas de que o Gmail, Drive, YouTube, Meet, Play Store e outros serviços da empresas estavam fora do ar – só a ferramenta de buscas passou ilesa. Às9h30, os serviços começaram a voltar.

Cerca de quatro horas e meia depois, o Google apresentou explicação e afastou os temores iniciais de que um mega ataque cibernético teria sido a causa.

“O Google sofreu uma queda em seu sistema de autenticação em razão de um problema de gestão interna da cota de armazenamento. Os serviços que requerem login de usuários apresentaram altas taxas de erro durante esse período”, diz parte da nota da empresa.

Em outras palavras, o mecanismo de usuário e senha teve um problema na forma como o espaço dedicado a ele dentro da infraestrutura do Google é administrado.

Isso fez com que o sistema fosse desativado. A maioria dos serviços do Google exige login e senha, o que explica a pane generalizada. A empresa afirma que continua investigando o problema para que ele não se repita.

Busca de explicações e prejuízos

É difícil calcular o tamanho do prejuízo que 45 minutos de pane no Google podem causar – no dado mais recente, a empresa informou que tinha 1,5 bilhão de contas no Gmail, o que mostra o alcance nos segmentos corporativos e educacionais.

Porém, o Instituto Brasileiro de Defesa ao Consumidor (Idec) afirma que, se o consumidor se sentiu lesado ou sofreu algum prejuízo objetivo, ele pode encaminhar a reclamação à empresa e recorrer ao Procon e à Justiça.

“Não é porque o serviço é aparentemente gratuito que a empresa não tenha de ressarcir pelos danos”, explica Diogo Moyses, coordenador do programa de Telecom e Direitos Digitais do Idec.

“Googledependência”

Para especialistas, o problema vai além do dano causado por este episódio. A falha de ontem, na verdade, sinaliza como estamos cada vez mais dependentes de poucas empresas.

“O Google conseguiu criar uma infraestrutura computacional nas nossas vidas”, explica Diogo Cortiz, professor da PUC-SP. Para ele, estamos tão envolvidos com esses serviços que é difícil não se tornar altamente dependente deles.

“Creio que esse caso servirá como mais um ponto a favor dos debates de regulação sobre as grandes empresas de tecnologia”, explica Vivaldo José Breternitz, professor da Universidade Mackenzie. As gigantes, como Amazon, Google, Facebook, Apple e Microsoft, estão na mira de reguladores americanos e europeus.

Embora o debate de regulação tenha origem nos poderes econômicos e políticos, Breternitz lembra que a pane do Google reforça também a dependência técnica. “Se a infraestrutura de uma única dessas gigantes falha, muita gente e muitos negócios são afetados”, diz ele.

Teve gente, porém, que curtiu a dependência. Muitos estudantes comemoraram o adiamento de provas escolares que estavam programadas para a manhã de ontem.

(Agência Estado)

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