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Guerra e China elevaram em 30% os preços do minério e do petróleo no 1º trimestre

Commodities como o minério de ferro e o petróleo devem continuar pressionados por causa da Ucrânia e do crescimento da economia chinesa

mineração

O minério com 62% de teor de ferro acumula ganho de 13,8% e a valorização no ano chega a 33%, fechando março com preço de US$ 158,30 a tonelada | Foto: Getty Images

Os preços das commodities em patamares altos devem permanecer por mais tempo, pelo menos enquanto durarem a pressão sobre a demanda e oferta com a guerra e o crescimento econômico na China. Petróleo e minério de ferro apresentam alta acima de 30% no primeiro trimestre.

No caso do minério de ferro, a China, que é o grande impulsionador do preço, tem indicado que deve estimular a economia para atingir a meta de crescimento do PIB neste ano de 5,5% e isso tem puxado os preços da principal matéria-prima do aço.

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O minério com 62% de teor de ferro acumula ganho de 13,8% e a valorização no ano chega a 33%. Nesta quinta-feira, a principal matéria-prima do aço foi negociada a US$ 158,30 a tonelada, segundo o índice da Platts, da S&P Global Commodity Insights.

“Mesmo com o retorno do confinamento em grandes cidades chinesas, a demanda por minério não se retraiu”, disse Rafael Foscarini, da Belo Investment Research. “Há a percepção no mercado de que não deve ocorrer uma política sanitária mais restritiva por um longo período.”

Com isso, os preços devem se manter em patamares acima de US$ 100 a tonelada, pois, o incentivo a produção de aço para atender a construção civil deve ser maior do que no ano passado, afirmou Foscarini.

O minério de ferro negociado na bolsa chinesa de Dalian subiu nesta quinta-feira. O contrato futuro mais negociado para entrega em setembro encerrou em alta de 3,3%, a 897 yuans (US$ 141,43) a tonelada.

Os ganhos vieram após Pequim prometer na quarta-feira implementar políticas para estabilizar a economia o mais rápido possível para combater a pressão de queda de um surto local de covid-19 e ventos contrários externos.

Em 2021, o governo chinês teve uma postura menos expansionista. Restringindo a produção siderúrgica para conter o nível das emissões de CO2 e com isso, os preços do minério de ferro despencaram a partir do segundo semestre, depois de atingir a máxima de US$ 237 a tonelada em maio.

Minério e petróleo continuam pressionando a inflação global

“Acredito que o preço à vista do minério deve fechar o ano estável em US$ 160 a tonelada, mas com viés de alta”, afirmou Foscarini.

Já o petróleo do tipo Brent é afetado, principalmente, pela oferta mais restrita com a guerra na Ucrânia. No mês, o alta é de mais de 4% e outros 35% no ano. No pregão desta quinta-feira, no entanto, o óleo caiu 6,04% e o barril era negociado a US$ 104,71.

Para Marcelo de Assis, na Wood Mackenzie, o preço do petróleo ainda será afetado por três fatores: a guerra na Ucrânia, o aumento dos casos de covid-19 na China e o crescimento da demanda em outras economias. Com isso, o preço médio do barril do Brent, o referência mundial, deve de manter em patamares altos este ano, em torno de US$ 100.

“A pressão na oferta permanece com a guerra, mas o petróleo russo não evaporou”, disse Assis. “A Rússia continua vendendo para outros países fora da Europa e isso deve permanecer. Não vai faltar óleo no mercado.”

Nesta quinta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, confirmou a liberação de parte das reservas estratégicas de petróleo americana, a fim de conter os preços de combustíveis no país.

Segundo ele, nações aliadas poderiam liberar “de 30 a 50 milhões de barris” de suas próprias reservas com a mesma finalidade. Biden autorizou a liberação de 1 milhão de barris por dia de petróleo, pelo prazo de seis meses.

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