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Auxílio Brasil é adiado após reação negativa do mercado

Notícia sobre o lançamento do novo programa social Auxílio Brasil, no lugar do Bolsa Família, derruba mercado de ações e inflaciona o dólar

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Investidores temem o chamado ‘risco fiscal’ com o novo Auxílio Brasil | Foto: Agência Brasil

O mercado doméstico de ações operou descolado do exterior, em clima de forte aversão ao risco, diante das notícias de que o governo pretende lançar um auxílio social de R$ 400 até o fim de 2022, sendo R$ 100 fora do teto de gastos, o chamado Auxílio Brasil, no lugar do Bolsa Família.

O Ibovespa fechou a terça-feira em queda de 3,28%, aos 110.673 pontos. O S&P 500, índice da Bolsa de Nova York, subiu 0,74%, aos 4.520 pontos.

Diante do mau humor do mercado, o Ministério da Cidadania adiou, indefinidamente, a apresentação do Auxílio Brasil, que estava marcada para às 17h.

A proposta responsável por azedar o humor dos investidores foi a ideia do governo de conceder um benefício de R$ 400 até o fim de 2022, mas parte desse valor, mais precisamente R$ 100, viria de recursos fora do teto de gastos. Caso confirmado, o arranjo representaria uma vitória para a ala política do governo.

Ibovespa acentuou queda ao longo da tarde com notícias de Brasília

Porém, o clima piorou de vez ao longo da tarde, diante da informação de que a despesa com o programa social que ficará fora do teto de gastos pode ter seu valor fixado em uma PEC. A equipe econômica trabalha para conter os danos, na tentativa de limitar a despesa extrateto a R$ 30 bilhões, enquanto o Palácio do Planalto considerava esse valor ainda “em aberto”.

“Brasília parece ter encontrado a chave do cofre. O mercado está preocupado com a falta de disciplina para manter o teto ou, se realmente passar disso, que as despesas ‘extrateto’ com o auxílio não fiquem muito além dos R$ 30 bilhões indicados”, diz Scott Hodgson, gestor de renda variável na Galapagos Capital, acrescentando que o valor de R$ 400 ressurgiu sem aviso prévio, como uma “fênix renascida das cinzas”.

“O furo parcial do teto é uma preocupação grande. Mas não é só o que está sendo falado hoje. Existe os risco de execução quando isso for debatido no Congresso”, afirma o sócio e gestor da Galapagos Capital, Sergio Zanini, que chama atenção para o fato de que pela primeira vez, se viu o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), falar explicitamente contra o teto dos gastos, em prol da população.

Fora a questão fiscal, o mercado também vê o risco de a proposta resultar em novas baixas na equipe de Paulo Guedes – o que inclui a saída do próprio ministro da Economia do governo Bolsonaro. Isso porque, embora o gasto seja temporário, vai contra a preservação do teto, algo que vinha sendo defendido pela pasta.

Entre as ações de maior liquidez, mesmo com o desempenho positivo dos preços da commodity na sessão, Petrobras puxou a fila de perdas, com a PN em queda de 4,89% e a ON, de 4,37% no fechamento, enquanto Vale ON mostrava perda de 1,15%, as siderúrgicas, de até 3,05% (Usiminas PNA), e as de grandes bancos chegavam a 4,91% (BB ON), refletindo a aversão ao risco fiscal que se impôs desde cedo na sessão. Apenas uma ação da carteira teórica conseguiu se desgarrar do mal-estar geral: Getnet (+17,88%), que havia estreado nesta terça tanto na B3 como no Ibovespa. Na ponta negativa do índice, Azul (-10,36%), Cielo (-9,20%) e Méliuz (-8,47%).

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