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Ibovespa cai pelo sexto pregão seguido diante da cautela no exterior

Ibovespa registra a mais longa sequência negativa desde junho do ano passado, e fecha aos 119 mil pontos; dólar fica estável em R$ 4,89

Ibovespa

Fatores como a fraca leitura sobre o comércio exterior da China em julho afetaram em especial as ações do setor metálico | Foto: Getty images

O Ibovespa fechou em baixa de 0,24% nesta terça-feira, aos 119.090,24 pontos, no sexto pregão seguido de queda, a mais longa sequência negativa desde junho do ano passado, quando emendou oito baixas entre os dias 3 e 14 daquele mês.

No pior momento da sessão, resvalou nesta terça nos 117.491,95, o menor nível intradia desde 20 de julho, e na máxima desta terça-feira chegou aos 119.552,69 pontos, em leve alta de 0,15% no meio da tarde. As máximas se correlacionaram aos movimentos do dólar, que tocou na mínima do dia a marca de R$ 4,8898, em leve baixa de 0,10%, tendo se mantido em viés de alta na maior parte da sessão, com pico a R$ 4,9412 e fechamento perto da estabilidade (+0,06%), a R$ 4,8976. Na B3, o giro financeiro desta terça-feira ficou em R$ 22,0 bilhões.

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Na ponta perdedora do Ibovespa, destaque para Petz (-6,10%), Dexco (-5,36%) e Méliuz (-3,39%), com Hapvida (+6,08%), Yduqs (+3,99%) e Alpargatas (+3,28%) no lado oposto.

Itaú, que divulgou balanço do segundo trimestre após o fechamento de segunda-feira, encerrou nesta terça-feira com leve perda de 0,22% (PN), em dia mais uma vez negativo para os grandes bancos, em especial Santander (Unit -1,26%).

Fatores como a fraca leitura sobre o comércio exterior da China em julho – afetando em especial as ações do setor metálico (Vale ON -0,65%, Gerdau PN -2,99%), com exposição ao país asiático – e a ata do Copom, ponto alto da agenda doméstica, divulgada de manhã, contribuíram para a cautela e os movimentos contidos observados ao longo da sessão.

“A ata do Copom não trouxe visão muito clara com relação às próximas quedas da Selic. Uma parte do mercado considera que os próximos ajustes possam ser mais incisivos, com a ancoragem das expectativas de inflação – mas outra parte se mostra mais conservadora. Diante dessa divisão, há um certo tom cauteloso, o que deixa o mercado meio de lado. Lá fora, a inflação continua em patamares elevados, é motivo de alerta ainda, com efeito também para o Brasil”, diz Charo Alves, especialista da Valor Investimentos.

Ele ressalta que fatores externos permanecem em pauta, apesar da visão prevalecente, otimista, quanto à inflação doméstica e a trajetória da Selic, ambas convergindo para baixo no momento, apesar de o setor de serviços ser ainda motivo de atenção.

“A tendência global hoje foi de aversão a risco, com apreciação do dólar e queda das bolsas, desde a manhã. Dados da China sobre a balança comercial desapontaram. E a Moody’s rebaixou as notas de dez bancos americanos. Na Europa, houve anúncio, na Itália, de aumento de imposto sobre lucro de instituições financeiras. Aqui, o Ibovespa chegou a virar para o positivo, mas, mesmo que não tenha conseguido sustentar a alta no fechamento, mostrou perdas menores do que as vistas lá fora”, diz Marcela Rocha, economista-chefe da Principal Claritas.

“A ata do Copom, na nossa opinião, veio mais dura. Apesar da decisão dividida sobre o corte de 0,25 ponto e da desconfiança sobre o ritmo de queda de meio ponto porcentual para a Selic, definição que foi tomada por unanimidade, a barra para um corte de juros mais intenso do que isso foi elevada, com o BC preocupado com a reancoragem de expectativas. Os juros futuros recuaram, refletindo a cautela externa também, mas os vencimentos longos mostraram uma retração maior, hoje, com desinclinação da curva”, acrescenta a economista.

Após a divulgação de resultados de nomes como Petrobras, Vale, Santander, Bradesco e, de segunda para esta terça, Itaú e Eletrobras, o mercado conhecerá amanhã os números trimestrais do BTG, antes da abertura, e do Banco do Brasil, depois do fechamento da B3. Com os números divulgados nesta terça, antes da abertura, Eletrobras ON e PNB subiram, respectivamente, 1,96% e 0,90% nesta terça-feira.

Tendência para o Ibovespa continua positiva após queda da Selic

“A tendência para o Ibovespa ainda é positiva, mas não deve buscar de imediato o nível dos 123 mil pontos, com que chegou a flertar recentemente. O índice fez ‘fundo ali pela região dos 116,5 mil pontos, no fim de junho e em meados de julho no intradia, um suporte importante que, caso venha a ser rompido, poderia levá-lo em direção aos 110 mil pontos”, acrescenta o analista.

Após uma arrancada pela manhã desta terça-feira, 8, quando se aproximou do nível de R$ 4,95 na máxima (R$ 4,9412), o dólar à vista perdeu fôlego ao longo da tarde e chegou a operar pontualmente em terreno negativo, com mínima a R$ 4,8898. No fim do dia, a moeda era cotada a R$ 4,8976, alta de apenas 0,06%. Foi o quinto pregão de valorização da moeda americana nas seis primeiras sessões de agosto, o que leva a ganhos de 3,55% no mês.

Analistas atribuíram a reação do real ao longo da tarde a movimentos de ajustes de posições no segmento futuro, com realização parcial de lucros no intraday, em meio à virada dos preços do petróleo no mercado internacional, após quedas de mais de 2% pela manhã.

Lá fora, dados fracos da balança comercial chinesa em julho avivaram temores de desaceleração mais forte da economia global, deprimiram preços de commodities metálicas e agrícolas e levaram a uma busca pela moeda americana e pelos Treasuries, cujas taxas recuaram. Termômetro do desempenho do dólar frente a seis divisas fortes, o índice DXY voltou a superar a linha dos 102,500 pontos, com máxima aos 102.796 pontos. (AE)

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