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Bolsa cai a 114 mil pontos com piora externa e dólar encosta em R$ 5

Preocupações com a economia dos Estados Unidos e da China e ruídos políticos no Brasil levaram Ibovespa a uma queda de 1,49%; dólar sobe 0,42%

Mercado financeiro

A Bolsa emendou a quarta perda consecutiva, fechando em baixa de 1,49%, aos 114.193,43 pontos | Foto: Getty Images

Um conjunto de fatores afetou negativamente o mercado financeiro local e internacional desta terça-feira, derrubando o Ibovespa de volta aos 114,1 mil pontos e o dólar a R$ 4,99. Dados ruins da economia norte-americana e a possibilidade de paralisação do governo dos EUA diante da falta de acordo com os congressistas se domaram à preocupação com o mercado imobiliário da China.

No Brasil, a leitura do IPCA-15 indicando desaceleração lenta dos serviços e notícias sobre mudanças na classificação dos precatórios se somaram a preocupações com o adiamento da entrega do relatório da reforma tributária no Senado. Com isso, o Ibovespa emendou a quarta perda consecutiva, fechando em baixa de 1,49%, aos 114.193,43 pontos, agora no menor nível desde 5 de junho (112.696,32 pontos). Após ter oscilado ontem menos de 500 pontos entre a mínima e a máxima do dia, o índice da B3 operou em amplitude maior nesta terça-feira, dos 114.162,28 (-1,52%), do fim da tarde, até os 115.922,45, nível correspondente à máxima da sessão, na abertura. No fim do dia, o dólar subia 0,42%, cotado a R$ 4,9871 – maior valor de fechamento desde 1º de junho (R$ 5,0064).

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O giro financeiro no Ibovespa subiu a R$ 23,0 bilhões na sessão. Na semana, o Ibovespa cai 1,56%, passando hoje ao negativo no acumulado do mês (-1,34%), que termina na sexta-feira para a B3. No ano, o índice sobe 4,06%. Em Nova York, as perdas desta terça-feira ficaram em 1,14% (Dow Jones), 1,47% (S&P 500) e 1,57% (Nasdaq).

Maiores altas do dia no Ibovespa

Apesar da alta de 0,7% para o petróleo tipo Brent na sessão, perto de US$ 94 por barril, Petrobras (ON -2,76%, PN -2,31%, ambas nas mínimas do dia no fechamento) apararam os ganhos em torno de 5% que ainda sustentam no mês, alinhando-se na sessão a outro peso-pesado do Ibovespa, Vale (ON -1,56%), em dia também negativo para as ações de grandes bancos, como Bradesco (ON -1,45%, mínima do dia no encerramento; PN -1,06%), BB (ON -1,42%) e Itaú (PN -1,48%).

Na ponta ganhadora do Ibovespa, as duas ações de Eletrobras (PNB +1,88%, ON +0,92%), após troca de CFO Chief Financial Officer, principal executivo da área de finanças bem recebida pelo mercado, além de BRF (+2,79%) e Casas Bahia (+1,69%). Dez ações da carteira Ibovespa, de 86 papéis, conseguiram fechar o dia com ganhos.

Renúncia na Eletrobras e cotação das commodities

A Eletrobras informou nesta terça-feira que Elvira Presta renunciou ao cargo de vice-presidente financeira e de relações com investidores da companhia, e será substituída por Eduardo Haiama. O comunicado da companhia de energia não informa o motivo da renúncia da executiva, que ocupava o cargo desde 2019.

No quadro mais amplo, como pano de fundo para as commodities – hoje, o contrato futuro de minério de ferro mais negociado, para janeiro de 2024, fechou em baixa de 1,64% em Dalian, a US$ 115 por tonelada -, o mercado tem tomado nota de sinais cada vez menos animadores sobre o ritmo de atividade na China.

Em evento no Rio de Janeiro, o economista Paul Krugman afirmou hoje que o tempo de “crescimento heroico da China acabou”. O país é “um grande comprador de commodities, então, para países produtores, isso é um problema”, acrescentou Krugman, agraciado com o Prêmio Nobel de Economia em 2008.

Segundo ele, os números mais recentes mostram que o crescimento sustentável da economia chinesa provavelmente está próximo de 3%, taxa muito inferior à vista nas últimas décadas, reporta do Rio o jornalista Matheus Piovesana, enviado especial do Broadcast.

Nos Estados Unidos, os dados da economia também não contribuíram para animar os investidores. Houve piora da confiança do consumidor em relação à medição anterior, e o número de vendas de casas novas veio abaixo do esperado, refletindo as dificuldades enfrentadas pelo setor imobiliário também nos EUA, com taxas das hipotecas elevadas.

Nesse contexto menos favorável ao apetite por risco, o destaque da agenda doméstica nesta terça-feira – divulgado de manhã pelo IBGE -, o IPCA-15 referente a setembro, em linha com o consenso para o mês, foi uma nota de rodapé na sessão.

Dólar encosta em R$ 5

Após ensaiar uma queda pela manhã no mercado doméstico, em aparente movimento de realização de lucros, o dólar ganhou força ao longo da tarde em meio ao aumento da aversão ao risco no exterior e ao avanço das taxas dos Treasuries.

Na última hora de negociação, com piora das Bolsas em Nova York e alta adicional dos juros longos nos EUA, a moeda rompeu R$ 4,99 e tocou máxima a R$ 4,9936. No fim do dia, o dólar subia 0,42%, cotado a R$ 4,9871 – maior valor de fechamento desde 1º de junho (R$ 5,0064).

Apesar da agenda doméstica carregada, com divulgação do IPCA-15 de setembro e da ata do encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na semana passada, o quadro externo foi, mais uma vez, preponderante na formação da taxa de câmbio.

Aos temores relacionados ao setor imobiliário chinês e a perspectiva de juros elevados por período prolongado nos EUA, reforçada pela alta dos preços do petróleo, soma-se a preocupação com eventual paralisação parcial do governo americano, dado o impasse no Congresso dos EUA para aprovação do orçamento.

Com juros elevados nos EUA por mais tempo e processo de cortes da taxa Selic, analistas alertam que haver estreitamento do diferencial entre taxas internas e externas, o que pode tirar parte da atratividade do real no médio prazo. A ata do encontro do Copom na semana passada trouxe um tom duro e reforçou o ritmo de redução em 0,50 ponto porcentual nas próximas reuniões do comitê. (AE)

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