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No pós-Copom, Bolsa cai 2,15%, maior tombo desde maio; Dólar sobe a R$ 4,93

Percepção de juros altos por mais tempo nos EUA e reversão de expectativa de aceleração da queda da Selic derrubaram o Ibovespa para 116,1 mil pontos

ibovespa pos copom

O Ibovespa encerrou em baixa de 2,15%, aos 116.145,05 pontos, entre mínima de 116.012,92, às 16h35, e máxima de 118.695,09 pontos | Foto: Getty Images

A quinta-feira pós-Copom foi de aversão a risco, com dólar e curva de juros em alta, e queda para o Ibovespa e demais índices de ações, da Ásia à Europa e aos Estados Unidos. A Bolsa acentuou mínima em direção ao fechamento da sessão, com piora também nas ações de Petrobras (ON -1,44%, PN -1,55%), que até o meio da tarde mostravam ajuste mais comportado. Assim, com desempenhos ruins de outros carros-chefes – como Vale (ON -2,61%, mínima do dia no fechamento) e, entre os grandes bancos, Bradesco (ON -4,29%, PN -3,71%) -, o Ibovespa encerrou em baixa de 2,15%, aos 116.145,05 pontos, entre mínima de 116.012,92, às 16h35, e máxima de 118.695,09 pontos, correspondente à abertura do dia.

O mercado financeiro alinhou a decepção quanto ao fechamento da porta, no curto prazo, para aceleração do ritmo de queda da Selic com o sinal do Federal Reserve, emitido no mesmo dia, de que os juros americanos permanecerão altos por mais tempo – o que contribui para alimentar a percepção de que o BC americano talvez não consiga levar a maior economia do mundo a um pouso suave.

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O giro financeiro subiu a R$ 26,1 bilhões nesta quinta-feira, o que não costuma ser bom sinal em dias bem negativos como hoje. Na semana, o Ibovespa acumula perda de 2,20%, limitando o avanço a apenas 0,35% no mês e a 5,84% no ano. Foi a maior queda para o Ibovespa desde 2 de maio, quando havia recuado 2,40%, com o índice retrocedendo agora a nível não muito distante do fechamento de 8 de setembro, então aos 115,3 mil pontos.

Até a reunião desta semana, parte minoritária do mercado considerava que poderia haver espaço para um corte maior, de 0,75 ponto porcentual, em dezembro – perspectiva frustrada pelo comunicado da quarta-feira, que ancora a visão de que a Selic fechará 2023 a 11,75%, com cortes de meio ponto, cada, nessas últimas duas reuniões do ano. Ontem, conforme esperado, o Copom reduziu a taxa básica de juros em meio ponto porcentual, de 13,25% para 12,75% – foi o segundo corte consecutivo da Selic, ambos de meio ponto, partindo de 13,75%.

Compondo esta cautela maior com relação ao caminho dos juros vis-à-vis inflação e ritmo de atividade, aqui e no exterior, o tom geral do Federal Reserve, na tarde de ontem, foi recebido como hawkish, ou seja, ainda duro e restritivo com relação ao viés para a política monetária dos Estados Unidos.

Assim, a manutenção da taxa de juros de referência do Reino Unido, nesta quinta-feira, não fez muito efeito nem menos em Londres, onde o índice FTSE 100 fechou o dia em baixa de 0,69%. Na Europa, destaque hoje para queda de 1,59% no índice de ações de Paris (CAC 40); na Ásia, para baixa de 1,37% em Tóquio (Nikkei 225); e em Nova York, para queda de 1,82% no Nasdaq, índice de tecnologia que reúne as ações de crescimento, mais expostas à perspectiva de curto prazo para os juros americanos.

Destaque do Ibovespa no pós-Copom

Com a aversão global a risco que se impôs nesta quinta-feira, as ações de maior peso e liquidez na B3 operaram em bloco no negativo, com destaque para Vale, afetada também pelo ajuste do minério de ferro na China, que caiu hoje quase 2% em Dalian. No setor metálico, além de Vale, destaque também para a retração em Gerdau (PN -2,32%) e Usiminas (PNA -2,66%). Entre os grandes bancos, as ações do Bradesco voltaram a estar entre as mais pressionadas, mas o dia foi ruim também para nomes como Itaú (PN -2,28%), BB (ON -2,29%) e Santander (Unit -1,77%, na mínima do dia no fechamento).

Petrobras – que hoje acentuou correção em direção ao fechamento, contribuindo para a piora do Ibovespa – vira para baixo na semana (ON -0,08%, PN -0,38%), com desempenho também negativo do petróleo no intervalo: no mês, as ações da petroleira ainda sobem 6,75% e 5,70%, respectivamente. Na ponta negativa do Ibovespa na sessão, destaque para Magazine Luiza (-6,75%), Soma (-6,71%) e Arezzo (-5,71%). No lado oposto, Suzano (+2,04%), Sabesp (+2,03%, Natura (+1,95%) e CSN Mineração (+1,54%). Apenas sete ações do Ibovespa conseguiram fechar o dia com ganhos.

Dólar fecha cotado a R$ 4,93 em alta de 1,13%

O dólar à vista encerrou a sessão desta quinta-feira, 21, em alta de 1,13%, cotado a R$ 4,9352, perto da máxima, a R$ 4,9362, registrada na reta final dos negócios com o aprofundamento da baixa do Ibovespa. A perda de força do real ocorreu em meio a uma onda de fortalecimento da moeda americana no exterior e à alta das taxas longas dos Treasuries, ainda sob o impacto da decisão de ontem do Federal Reserve. Embora tenha mantido a taxa básica no intervalo entre 5,25% e 5,50%, o banco central americano deixou a porta aberta para uma alta adicional dos juros e sinalizou manutenção de política monetária restritiva por período prolongado.

Como é de praxe em episódios de ajuste global de portfólios motivados por aversão ao risco, o real amargou as piores perdas entre as principais moedas emergentes e de países exportadores de commodities. Operadores explicam que é mais fácil para os investidores reduzirem posições em real, dado que a divisa brasileira é mais líquida e, portanto, oferece opção de saída com custos menores. Apesar do escorregão hoje, o real e as demais divisas latino-americanas de países com juros altos, mas chamadas “moedas de carrego”, seguem liderando os ganhos em relação ao dólar em 2023. Destaque para os pesos colombiano e chileno, com valorização de dois dígitos. (AE)

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