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Ibovespa inicia semana em baixa de 0,68%, no menor nível desde 1º de junho

Mercado se firmou em baixa com as palavras do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que evitou cravar a meta de déficit fiscal zero em 2024

Ibovespa cotações no tablet

O aumento da percepção de risco fiscal voltou a tomar conta do mercado de câmbio na contramão da onda de enfraquecimento global da moeda norte-americana | Foto: Getty Images

O Ibovespa iniciou a semana ainda em sinal negativo, descolado de Nova York, onde os ganhos no fechamento desta segunda-feira ficaram entre 1,16% (Nasdaq) e 1,58% (Dow Jones). Aqui, o índice da B3 se firmou em baixa na virada da manhã para a tarde, com as palavras do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, contribuindo para estender o mal-estar da última sexta, quando os comentários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a meta de déficit zero para o resultado primário em 2024 acenderam luz amarela para os investidores.

Nesta segunda-feira, as palavras de Haddad vieram em linha com a fala do presidente, ao mencionar, entre outros fatores, as dificuldades relacionadas ao ritmo da arrecadação federal, o que pode afetar o cumprimento da meta prevista no arcabouço fiscal. Dessa forma, o dólar e os DIs futuros avançaram na sessão, puxando para baixo o Ibovespa nesta segunda-feira, mesmo com humor mais favorável no exterior. No fechamento, o dólar à vista mostrava alta de 0,67%, a R$ 5,0469.

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Por sua vez, o Ibovespa caiu 0,68%, a 112.531,52 pontos, bem mais próximo à mínima (112.308,50), do fim da tarde, do que à máxima (114.204,07) da sessão, em que saiu de abertura aos 113.303,16 pontos. Assim, mostrou nesta segunda-feira o menor nível de encerramento desde 1º de junho, então aos 110.564,66 pontos. No mês, que termina na terça-feira, o Ibovespa recua 3,46%, limitando a alta do ano a 2,55%. O giro financeiro desta segunda-feira foi de R$ 18,6 bilhões.

O comportamento do dólar e do Ibovespa inverteu-se em relação ao que se via mais cedo, de manhã, com ambos reagindo favoravelmente à leitura do IGP-M, abaixo do esperado para outubro. Depois, com Haddad, o fluxo se alterou, passando a ser comprador no dólar e vendedor no índice de ações, observa uma fonte de mercado, ante a “falta de ênfase” do ministro com relação às palavras ditas anteriormente pelo presidente Lula sobre a zeragem, ou não, do déficit no próximo ano.

Destaques do Ibovespa

Na B3, entre as ações de maior peso no índice de referência, destaque para a alta de 0,90% em Vale ON, embora um pouco enfraquecida no fechamento, o que ainda assim contribuiu para segurar a correção do Ibovespa na sessão, negativa para os grandes bancos, com Santander à frente (Unit -1,29%, na mínima do dia no encerramento). A segunda-feira também foi ruim para as ações da Petrobras (ON -0,81%, PN -1,02%), com o petróleo ainda corrigindo os excessos relacionados ao efeito do conflito em andamento no Oriente Médio sobre os preços da commodity.

Nesta segunda, a queda no WTI e no Brent ficou na casa de 3% no fechamento do dia em Nova York (Nymex) e Londres (ICE), com a referência americana, o WTI, voltando a ser negociada em nível de preço inferior ao do início do conflito.

Na ponta perdedora do Ibovespa na sessão, Grupo Casas Bahia (-6,25%), Magazine Luiza (-6,16%) e Braskem (-5,47%), com Usiminas (+4,49%), CCR (+2,54%) e CSN Mineração (+2,42%) no canto oposto.

Dólar cai 0,67% a R$ 5,04

O aumento da percepção de risco fiscal voltou a tomar conta do mercado de câmbio doméstico na tarde desta segunda-feira, 30. Na contramão da onda de enfraquecimento global da moeda norte-americana, o dólar à vista encerrou o dia em alta de 0,67%, cotado a R$ 5,0469, com máxima a R$ 5,0597. Com isso, a divisa passou a acumular leve valorização (0,40%) em outubro.

Pela manhã, o dólar até ensaiou uma queda firme e desceu até a mínima de R$ 4,9730, em meio a apetite por divisas emergentes e valorização das cotações do minério de ferro na China.

A virada se deu no início da tarde à medida que investidores assimilavam declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a política fiscal. Na sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o governo “dificilmente chegará à meta zero”, uma vez que não se pretende “fazer cortes em investimentos e obras” – o que foi visto como um abandono implícito do objetivo estabelecido no novo arcabouço fiscal, além de sinal de desprestígio de Haddad no Planalto.

Operadores notaram uma pressão maior compradora no mercado futuro à tarde, com investidores acelerando a rolagem de posições na véspera da formação da última Ptax de novembro.

Após reunião com Lula, Haddad disse que não há, por parte do presidente, “nenhum descompromisso com a meta fiscal”. O ministro alertou para perdas de arrecadação por conta de decisões anteriores do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso. Haddad disse que o presidente “constatou problemas de decisões anteriores que devem ser reformadas ou saneadas”, e esse foi o “sentido do alerta de Lula sobre a meta fiscal de 2024”. Indagado se a meta de déficit zero em 2024 está em pé, Haddad disse: “A ‘minha meta’ está mantida”.

Segundo analistas, as falas e a postura de Haddad, que se mostrou irritado com questionamentos de jornalistas, decepcionaram. Havia expectativa de que o ministro pudesse reafirmar de forma categórica a busca pela meta de déficit zero e alegar que Lula havia sido mal interpretado em suas declarações na sexta-feira. A leitura é a de que Haddad está perdendo a queda de braço com a ala política do Planalto, o que coloca em risco os planos da equipe econômica.

No exterior, o índice DXY – que mede o comportamento do dólar frente a seis divisas fortes – operou em queda firme e flertou com o rompimento da linha dos 106,000 pontos na mínima (106,063 pontos). O dólar também caiu na comparação com a maioria das divisa emergentes e de países exportadores de commodities. Apesar do início da invasão terrestre da Faixa de Gaza por tropas israelenses, não houve um agravamento das tensões geopolíticas na região, com possível entrada de novos atores diretamente no conflito. As cotações do petróleo desabaram, com o contrato do Brent para janeiro fechando em queda de 3,19%, a US$ 86,35 o barril. (AE)

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