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Importação de produtos químicos bate recorde

O Brasil pagou US$ 60,7 bilhões pela importação de 60,5 milhões de toneladas de produtos químicos, o que causou o maior déficit da história em 2021

produtos químicos

Na comparação com 2020, país registrou aumento de 46,7% no valor das importações de produtos químicos em 2021 | Foto: Getty Images

O Brasil importou US$ 60,7 bilhões em produtos químicos em 2021, valor total pago pela aquisição das mais de 60,5 milhões de toneladas. O valor e volume foram recordes na série iniciada em 1989 para acompanhamento da balança comercial setorial pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).

Na comparação com os resultados de 2020, foi registrada uma expressiva elevação, de 46,7%, no valor monetário das importações, acompanhada de elevação de 17,4% nas quantidades físicas adquiridas, pressionando a indústria nacional e deslocando os produtos brasileiros no próprio mercado doméstico, segundo a Abiquim.

Quando comparadas com as 37,5 milhões de toneladas de 2013, ano em que havia sido registrado, até então, o maior déficit no histórico da balança comercial de produtos químicos, de US$ 32,0 bilhões, observa-se um aumento de 61,3%, sobretudo em produtos químicos orgânicos e para o agronegócio.

Houve também um crescimento de 105,5% das importações originárias da Ásia (excluído o Oriente Médio), ao passo que o crescimento médio das importações de todas as demais origens foi de 31,6%, consolidando tal região geográfica como principal fornecedora de produtos químicos para o Brasil (importações de US$ 17,6 bilhões) e com a qual se registra o maior desequilíbrio comercial setorial (déficit de US$ 16 bilhões).

Exportações de produtos químicos cresceram 32% no ano

As exportações brasileiras de produtos químicos, por sua vez, de US$ 14,5 bilhões, em 2021, tiveram um crescimento de 32,3% na comparação com o ano anterior, em grande medida resultado devido ao aumento de 18,7% dos preços médios e à retomada de vendas aos países vizinhos, em especial do Mercosul, os quais em 2020 tiveram severos impactos econômicos com a pandemia da covid-19.

Em quantidades físicas, foram movimentadas 16,3 milhões de toneladas para os mercados de destino, aumento de 11,5%, mas acompanhado de reduções consideráveis nos volumes exportados de cloro e álcalis (-43,0%), de aditivos de uso industrial (-6,7%) e de resinas termoplásticas (-4,5%).

Segundo a Abiquim, isso comprova o firme compromisso da indústria química brasileira em priorizar a manutenção de suprimento no mercado interno tanto nos momentos mais críticos da covid-19 quanto de retomada da economia.

Déficit do setor bate recorde

O déficit na balança comercial de produtos químicos totalizou o recorde de US$ 46,2 bilhões em 2021 – superando recentes estimativas da própria Abiquim – valor 51,8% superior ao total de 2020, de US$ 30,5 bilhões, e 44,4% maior do que aquele de 2013, recorde anterior, de US$ 32,0 bilhões.

Avaliando-se as trocas comerciais com os principais blocos econômicos regionais, em 2021, o Brasil foi superavitário apenas em relação aos países vizinhos e históricos parceiros comerciais, do Mercosul e da Aladi, respectivamente saldos comerciais de US$ 1,4 bilhão e de US$ 615 milhões.

“Entretanto, foram novamente registrados resultados estruturais negativos expressivos em relação à União Europeia e ao Nafta (América do Norte), que somados ultrapassaram um déficit agregado de US$ 20,4 bilhões, além do mencionado crescente desbalanceamento com a Ásia (déficit com essa região se amplia de US$ 4,3 bilhões, em 2010, para US$ 16 bilhões, em 2021)”, diz a Abiquim em nota.

Segurança jurídica

Para o presidente-executivo da Abiquim, Ciro Marino, o ano de 2021 é emblemático em demonstrar que o País precisa garantir segurança jurídica ao investidor, pois só assim as oportunidades de mercado se transformarão em uma agenda de atração de capital produtivo.

Ele diz que o Brasil tem domínio técnico e expertise empresarial de produção de diversos itens que poderiam ter sua capacidade instalada aumentada ou voltarem a ser fabricados no País, diminuindo a dependência externa em várias cadeias produtivas.

“Na contramão disso, a Medida Provisória editada no último dia de 2021, extinguindo, de imediato, o Regime Especial da Indústria Química (REIQ), cria um ambiente de insuportável insegurança jurídica, uma vez que o Congresso Nacional aprovou, em meados do ano passado, a manutenção do Reiq até 2025 e, assim, ameaça mais de 85 mil empregos no País”, afirma.

Marino comenta que a indústria brasileira, sobretudo a química, é um ativo estratégico para o Brasil e deve ser amparada por políticas públicas consistentes, perenes e de Estado, especialmente em matérias econômicas e comerciais. (AE)

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