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Inflação de alimentos acelera e 2023 traz risco de alta de combustíveis

O maior risco de alta da inflação até o final do ano vem dos alimentos, enquanto para 2023 a ameaça é a volta dos impostos sobre combustíveis

mulher no supermercado

As coletas proprietárias Safra sugerem alta importante dos alimentos até o final de 2022 | Foto: Getty Images

A inflação do setor de serviços tende a continuar alta, apesar da desaceleração da prévia da inflação medida pelo IPCA-15 de novembro, segundo avaliação dos especialistas do Banco Safra. O IPCA-15 sugere que a desinflação continua, com resultado de 0,53%, abaixo do projetado pelo banco. Os núcleos e a inflação subjacente também indicam tendência de desaceleração. Analisando o horizonte, porém, o Safra vê pouco espaço para a queda da inflação dos serviços, o que deve afetar a política monetária.

O banco cita o risco inflacionário da reversão de parte dos cortes de impostos, tanto pela recomposição prevista do PIS/Cofins dos combustíveis quanto por alguma alta do ICMS sobre itens de energia. Isso poderia levar a variação anual do IPCA em 2023 para próximo de 6%, em contraste com a possibilidade de uma inflação bem mais modesta se os cortes feitos em 2022 fossem mantidos em todo o ano que vem e o gasto público fosse menor do ele parece que virá a ser.

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Em novembro, o IPCA-15 subiu 0,53% em relação ao mês anterior, variação abaixo da esperada pelo Safra (0,59%) e em linha com a mediana projetada pelo mercado (0,55%). A menor alta de alimentos explica todo o desvio da projeção do Safra, com pressão abaixo da esperada para alimentos In Natura, além da queda mais acentuada de carnes e de derivados do leite.

As coletas mais recentes, contudo, mostram que os preços desse grupo podem acelerar nas próximas semanas, puxados pelo recente estímulo ao consumo e a sazonalidade de fim de ano.

Preços administrados, de serviços e de bens industriais, tiveram variação alinhada com a expectativa do Safra. Com isso, as variações de métricas subjacentes desses componentes não tiveram surpresas, assim como a média dos cinco principais núcleos
de inflação.

Coletas proprietárias do Banco Safra mostram alta da inflação dos alimentos no fim de 2022

A maioria dos núcleos continua cedendo, quando eles são medidos como variação da média móvel de três meses. Os núcleos da inflação, que indicam as tendências de preços, devem se manter estáveis, em alguns casos pelo pouco espaço para caírem no curto prazo. O espaço de queda da inflação dos serviços subjacentes é limitado pela inércia de itens como aluguéis e pela recomposição de margem de serviços pessoais. Segundo as projeções do Safra, a inflação média de três meses (anualizada) dos serviços subjacentes deverá ceder dos atuais 7,1% para algo entre 5,5% e 6,0% até meados do próximo ano.

Esse patamar parece incompatível com a meta de inflação, com implicações restritivas para a política monetária no curto prazo.

O maior risco altista até o final do ano vem dos alimentos, enquanto o maior risco para 2023 é a volta de impostos sobre os combustíveis, que caíram nos meses recentes por decisão a nível federal. As coletas proprietárias Safra sugerem alta importante dos alimentos até o final de 2022.

Olhando para 2023, a volta do PIS/Cofins dos combustíveis parece certa, e algo deverá ser feito para aliviar os Estados no que tange ao ICMS. A recomposição dos impostos pode elevar o IPCA entre 0,5 e 1,0 p.p..

Para o Safra, a luta contra a inflação ainda deve exigir esforços, apesar dos ganhos por conta do bom comportamento dos preços internacionais das matérias primas, e exigirá monitoramento constante da evolução dos preços de serviços. Já a volta dos tributos sobre combustíveis poderá levar a projeção do IPCA do banco para 2023 dos atuais 5,2% para próximo de 6,0%.

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