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Inflação cai, mas não o suficiente para acelerar corte de juros

Segundo a análise do Banco Safra, aceleração do ritmo de afrouxamento dos juros depende de consolidação da tendência de melhora inflacionária

Inflação e juros

Desinflação da economia já se encontra em estágio avançado, tornando sua evolução em agosto significativa para os rumos da política de juros | Foto: Getty Images

A inflação em agosto surpreendeu para baixo. O IPCA teve alta de 0,23% na comparação mensal, ficando praticamente em linha com a projeção do Banco Safra (0,25%), mas abaixo do consenso de mercado (0,28%). No acumulado em 12 meses, a inflação subiu de 3,99% para 4,61% na passagem do mês, por conta da saída do mês de julho de 2022, quando houve o corte dos tributos sobre combustíveis e energia elétrica.

O índice trouxe boas notícias sobre a inflação de serviços, segundo a análise macroeconômica semanal do banco Safra. Itens como alimentação fora do domicílio, serviços pessoais e de recreação tiveram variação de preço mais branda do que a prevista. Isso, somado à forte deflação de alimentos mais do que compensou a pressão em alguns bens industriais, como automóveis novos, que deixaram de se beneficiar de descontos por conta de programas do governo.

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Os chamados serviços subjacentes, em particular, continuaram desacelerando. A média móvel de três meses dessa medida, que desconsidera alguns itens de serviços por terem baixa relação com o ciclo econômico, cedeu de 5,6% para 4,3% em termos anualizados, após ajuste sazonal. Essa medida costuma ceder quando a desinflação da economia já se encontra em estágio avançado, tornando sua evolução em agosto significativa para as perspectivas da condução da política monetária.

Serviços subjacentes (em %)


Uma das condicionantes para uma aceleração dos cortes na taxa Selic, segundo a ata da última reunião do COPOM, é uma “dinâmica substancialmente mais benigna que a esperada na inflação de serviços”. Apesar da subjetividade dessa condição, novas surpresas baixistas nos itens de serviços, e notadamente nos serviços subjacentes, podem motivar as autoridades monetárias a reavaliar o ritmo da queda da Selic.

Copom não deve acelerar corte de juros, apesar da surpresa na inflação de agosto

A inflação de serviços, assim como a da difusão do aumento de preços e a evolução dos vários núcleos de inflação de agora até novembro, deve ser, portanto, monitorada de perto, considerando ainda que nesse período também coincidirá com momentos de reavaliação e orientação da política monetária americana em relação à sua condução em 2024, com reflexos no espaço de mudanças nos juros brasileiros.

Em suma, a leitura do IPCA de agosto reforçou o cenário de melhora inflacionária, inclusive em componentes que caracterizam o que o próprio Banco Central do Brasil nomeou de “segundo estágio” da desinflação. Para o curto prazo, essa dinâmica dá conforto para a continuidade do ciclo de corte de juros já anunciado. Na avaliação do banco Safra, uma aceleração do ritmo de afrouxamento exigirá, no entanto, a consolidação dessa tendência.

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