Aplicações financeiras dos brasileiros somam R$ 5,7 trilhões
Soma dos investimentos dos brasileiros cresce 14% em 2023; títulos isentos de imposto de renda de destacam com expansão de 37% no ano
05/02/2024O volume de dinheiro investido pelos brasileiros chegou a R$ 5,7 trilhões no final de 2023, um crescimento de 14% na comparação com dezembro do ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Os títulos isentos de imposto de renda se destacaram, com alta de 37,1%, atingindo a cifra de R$ 1,1 trilhão.
“Produtos de renda fixa mais conservadores, sejam estes isentos ou convencionais, a exemplo dos CDBs (Certificados de Depósitos Bancários), passaram a ser a maioria nas carteiras dos clientes. Justamente por se beneficiar da taxa de juros, que, apesar de ter entrado em um ciclo de redução, ainda permanece em dois dígitos, explica Ademir A. Correa Júnior, presidente do Fórum de Distribuição da Anbima.
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O varejo responde por R$ 3,6 trilhões do montante, com o tradicional subindo 14,3%, para R$ 1,9 trilhão, e o alta renda crescendo 14,1%, totalizando R$ 1,6 trilhão. Os dois segmentos reúnem 153,8 milhões de contas (não correspondem ao total de CPFs, já que cada pessoa pode ter mais de uma conta em mais de uma instituição). O private, que inclui clientes com pelo menos R$ 5 milhões em investimentos, avançou 13,8%, somando R$ 2,1 trilhões, distribuídos em 158,8 mil contas e 70,7 mil grupos econômicos.
Fatia de investimentos híbridos cai com fuga de multimercados
A participação da renda fixa na carteira dos brasileiros aumentou em 2023. No private, o avanço foi de 2,9 pontos percentuais, atingindo 35,4%. Entre os investidores de varejo, o crescimento foi mais tímido, de 0,9 ponto percentual, chegando a 82%.
A renda variável também ampliou participação tanto no private (0,5 p.p), quanto no varejo (0,1 p.p). Já os híbridos, que reúnem fundos multimercados, mobiliários, cambiais, ETFs e COE (Certificado de Operações Estruturadas), perderam espaço, sobretudo no ambiente private, onde saiu de 26,3% ao final de 2022 para 22,7% no fechamento do ano passado. No varejo, o recuo dos híbridos foi de 1 p.p, para 8,9%.
“A performance dos fundos multimercados foi comprometida, em suma, pelas incertezas em relação à taxa de juros do início do ano e pela piora das expectativas da economia norte-americana no segundo semestre, bem como, pelos nossos próprios fatores internos da nossa economia. Neste cenário, até os investidores do private, normalmente mais resilientes às intempéries do mercado, buscaram um porto seguro em investimentos no mundo da renda fixa, como em CDBs e, especialmente, em títulos isentos”, diz Correa Júnior.
O volume investido em fundos chegou a R$ 1,6 trilhão ao final de 2023, alta de 5,9%, na comparação com o ano anterior. O destaque ficou com os de renda fixa, que subiram 14,4%, para R$ 582,2 bilhões, fundos de ações, que cresceram 12,2%, chegando a R$ 248,7 bilhões, e os imobiliários, que somaram R$ 102,1 bilhões, com alta de 11,1%.
A poupança, caiu 2,9%, somando R$ 925,7 bilhões. Enquanto, a previdência no private cresceu 16,2%, fechando o ano com R$ 212,4 bilhões investidos.
Títulos e valores mobiliários ampliam fatia nas carteiras
Os investimentos em títulos e valores mobiliários cresceram 25,6%, chegando a R$ 2,9 trilhões em 2023. Os CDBs, que respondem pelo maior volume, avançaram 22,7%, totalizando R$ 874,1 bilhões.
Todos os títulos isentos tiveram avanços de dois dígitos, com destaque para os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), com alta de 55,8%, somando R$ 63,7 bilhões ao final de 2023; as LCIs (Letras de Crédito Imobiliário), que cresceram 50% e totalizaram R$ 324,4 bilhões, e as LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio), que subiram 36,6%, atingindo a cifra de R$ 420,8 bilhões. Com alta de 31,4%, os CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) ampliaram o volume para R$ 94,9 bilhões. As LIGs (Letras Imobiliárias Garantidas) chegaram a R$ 108,8 bilhões, com crescimento de 25,6%.
Ações retomam fôlego
O volume aplicado em ações chegou a R$ 716,1 bilhões, alta de 16,5% ante o fechamento de 2022. No varejo, o aumento foi de 21,7% e no private, foi de 14,1%. O executivo da Anbima explica que, apesar das incertezas do início do ano, a desaceleração da inflação e a queda da Selic no segundo semestre permitiram que o investidor buscasse diversificar suas aplicações.
“A alta mais expressiva no varejo mostra que os investidores estão cada vez mais maduros, têm acesso a mais informações e até arriscam um pouco mais, de olho em potenciais retornos maiores, com expectativa de mais reduções da taxa de juros”.
Crescimento por regiões
Todas as regiões brasileiras registraram aumentos. O Sudeste, onde está a maioria dos investidores, viu sua participação aumentar 14,3%, chegando a R$ 3,8 trilhões. O Nordeste avançou 14,7% e totalizou a R$ 496,1 bilhões. Com crescimento de 14,1%, o Norte alcançou o patamar de R$ 91,2 bilhões em investimentos. O Centro-Oeste, que registrou avanço de 13,8%, somou R$ 293 bilhões, enquanto os investimentos no Sul cresceram 12,8%, atingindo R$ 969,6 bilhões.
Previdência no varejo
O investimento em previdência no varejo totalizou R$ 790,2 bilhões somente em dezembro de 2023. Se fosse incluído aos R$ 5,7 trilhões investidos em 2023, representaria um aumento de 14% no total, que chegaria a R$ 6,5 trilhões.
“Estamos aprimorando a base de dados de distribuição, com a padronização das informações tanto em private quanto em varejo. Passamos a receber, em dezembro do ano passado, os dados sobre previdência aberta no varejo, como já acontecia no private. A partir de março deste ano, teremos as estatísticas do private separadas por produto e Estados (UF), como é no varejo. A padronização vai permitir que a gente tenha uma visão ainda mais completa dos investimentos das pessoas físicas e faça mais cruzamentos entre os valores alocados nos dois segmentos”, conclui o executivo.
Sobre a Anbima
A Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) representa mais de 300 instituições de diversos segmentos. Dentre seus associados, estão bancos comerciais, múltiplos e de investimento, asset managements, corretoras, distribuidoras de valores mobiliários e consultores de investimento.