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Dalmo de Abreu Dallari, expoente da democracia, morre aos 90 anos

Jurista Dalmo de Abreu Dallari, expoente da democracia brasileira, morre de insuficiência respiratória em São Paulo aos 90 anos

Dalmo Dallari

Dallari era professor emérito e ex-diretor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) | Foto: Estadão Conteúdo

O jurista Dalmo de Abreu Dallari morreu aos 90 anos nesta sexta-feira, 8, na capital paulista, em decorrência de uma quadro agravado de insuficiência respiratória. Considerado um dos mais importantes juristas do País, com histórico de defesa dos Direitos Humanos e combate à ditadura militar, Dallari era professor emérito e ex-diretor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

Ele deixa a mulher, sete filhos, 13 netos e dois bisnetos. Mas não é só. Como afirmou a família, por meio de nota, o jurista também deixa “várias gerações de alunos e seguidores, aos quais se dedicou em mais de 60 anos de magistério e atuação na promoção dos Direitos Humanos”.

Para o diretor atual, professor Celso Fernandes Campilongo, a Faculdade do Largo de São Francisco perde parte de sua história. “Perdemos um grande amigo. Dalmo sempre se dedicou a fazer o bem. Um defensor dos Direitos Humanos. Ele dizia, constantemente, que a construção desses direitos deveria iniciar desde cedo. Somente assim as pessoas poderiam ter consciência do que é ser solidário e fraterno”, afirmou.

Para o professor Floriano de Azevedo Marques Neto, que dirigiu a faculdade até o início deste ano, o Brasil perdeu um “expoente da democracia”, além de um professor sênior querido por todos e todas.

Jurista é considerado um expoente da democracia

“A faculdade perdeu um líder e um formador de gerações de docentes e discentes. O País perde um expoente da democracia. Eu, pessoalmente, perco meu orientador, um amigo e uma referência em tudo que fiz e faço na minha vida. Alenta-nos o fato de que a partida do professor Dalmo Dallari não apaga o lugar histórico que ele tem e seguirá tendo nas Arcadas e na cena nacional”, disse.

Nascido em Serra Negra, no interior paulista, Dallari mudou-se para a capital aos 16 anos. Ingressou na Faculdade de Direito da USP em 1953, e após a conclusão do bacharelado, concorreu à livre-docência em Teoria Geral do Estado, que passou a integrar em 1964.

Com o início da ditadura, o jurista atuou como resistência democrática e na oposição ao regime militar que se estabelecia na época. Uma de suas ações foi a colaboração na organização, em 1972, da Comissão Pontifícia de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, que prestou apoio jurídico e denunciou os casos de violação durante a ditadura.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes foi aluno e orientando de Dallari na USP. Em sua rede social, ele afirmou que hoje democracia e os direitos fundamentais perderam “um de seus maiores defensores”. “Com inteligência, coragem e sabedoria, Dalmo Dallari foi um exemplo para gerações de professores e estudantes”, disse. (AE)

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