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O mercado de imóveis está bombando. Entenda por quê

A pandemia estimula busca por imóveis melhores, os juros estão baixos, as aplicações financeiras rendem menos e não falta crédito

Vista de São Paulo, avião atras de guindaste sobre prédio

Combinação de fatores favorece boom no mercado imobiliário no Brasil | Foto: Getty Images

Pandemia, juros baixos e a disparada do dólar provocam, desde meados do ano passado, o aquecimento do mercado imobiliário, um dos poucos que conseguem ir bem na crise.

Privadas de viagens e submetidos ao home office, as famílias buscam moradias maiores, trocam apartamentos por casas ou migram para bairros melhores.

Além de mais conforto, muitos buscam oportunidades de investimento. Os imóveis estão mais baratos em dólar, dizem especialistas. E as aplicações financeiras rendem menos.

Também há muita gente precisando vender ou devolver imóveis residenciais e comerciais, por terem perdido renda na pandemia. A oferta maior faz surgir boas opções no mercado para todos os gostos.

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Entre setembro de 2020 e fevereiro de 2021, a quantidade de imóveis novos vendidos na cidade de São Paulo cresceu, em média, 14,2% em relação ao período de setembro de 2019 e fevereiro de 2020.

Além dos juros baixos, a oferta de crédito contribui para explicar o momento que vive o mercado imobiliário brasileiro.

O crédito para aquisição de imóveis subiu 60% em 2020 em comparação com o ano anterior, totalizando R$ 93,9 bilhões. O montante foi o maior já registrado pelo setor. Deste total, R$ 66,5 bilhões foram para a compra de residências usadas, e R$ 27,5 bilhões para imóveis novos.

Mas as vendas de imóveis avaliados entre R$ 900 mil e R$ 1,5 milhão e acima de R$ 1,5 milhão registraram os maiores avanços nos últimos meses: aumentaram o dobro da média do mercado, com altas de 32,1% e de 31,3%, respectivamente, revelam as estatísticas do Secovi-SP.

Basilio Jafet, presidente do Secovi-SP, explica que houve crescimento de vendas em todas as faixas de imóveis por conta dos juros baixos e da demanda reprimida.

Imóveis atraem como opção de investimento

O empresário ressalta que, para as famílias mais abastadas, o cenário é mais favorável. Isso porque as aplicações financeiras ficaram menos rentáveis por causa dos juros baixos.

Paralelamente, esse grupo está gastando menos com viagens: “Quem tem poupança em dólar, que comprou a moeda a R$ 3, vende o dólar hoje por mais de R$ 5 e compra um imóvel antes que o preço suba mais.”

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Marco Túlio Vilela Lima, CEO da Esquema Imóveis, imobiliária especializada em alto padrão em bairros nobres da capital paulista, diz que seus clientes são “muito dolarizados” e ressalta o forte impacto do câmbio para impulsionar as vendas de imóveis de alto padrão.

No primeiro trimestre deste ano, que normalmente é o pior período para o setor, ele fechou R$ 200 milhões em negócios, o triplo do mesmo trimestre do ano passado. O valor médio das vendas foi de R$ 10 milhões no período, ante R$ 6 milhões em 2020. “Foi o melhor primeiro trimestre em 50 anos da empresa.”

Lima conta que o perfil dos compradores – executivos, grandes empresários, famílias tradicionais e investidores do mercado financeiro – é de pessoas que têm investimento ou receita em dólar. “Eles compram um imóvel como se estivessem comprando uma ação”. Isto é, estão de olho na perspectiva de ganho futuro.

O aumento da procura por imóveis de maior valor apareceu também em plataformas de vendas online. Na Apê11, por exemplo, cresceu 36% o número de visitas físicas a imóveis com preço de venda acima de R$ 1 milhão na capital paulista no primeiro trimestre deste ano em relação ao último do ano passado, descontados os fatores sazonais. No mesmo período, a busca por financiamentos acima de R$ 1 milhão avançou 54%.

Já o valor médio das propostas ficou estável em R$ 750 mil no período entre o primeiro deste ano e o último de 2020, mas o valor da maior proposta subiu 35% no período e atingiu R$ 6 milhões. (Com AE)

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