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Mercado de trabalho alivia pressão sobre os juros nos Estados Unidos

Se a tendência persistir, é possível que até o final de 2023 o Fed sinalize cortes na taxa de juros de curto prazo já em 2024, segundo análise do Banco Safra

Pedestres em Wall Street

O excesso de demanda por trabalhadores está diminuindo e passou de 6,1 milhões em março de 2022 para 2,5 milhões no mês passado | Foto: Getty images

A criação de empregos continua forte nos Estados Unidos. Desde o início de 2022, a criação líquida de empregos ficou acima das projeções de mercado em 85% das divulgações e o excesso de empregos em relação ao projetado superou 1,5 milhão de vagas.

No último mês de agosto houve criação de 187 mil novos postos e a taxa de desemprego continuou próxima às mínimas históricas, apesar de ter passado de 3,5% para 3,8%, devido ao aumento da força de trabalho. O vigor do mercado de trabalho foi um dos fatores apontados pelo Federal Reserve para persistir no aperto monetário até agora.

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Apesar do bom ritmo de criação de empregos, o mercado de trabalho está ficando menos apertado, segundo análise dos especialistas do Banco Safra. Confira a análise a seguir:

Mercado de trabalho nos EUA alivia pressão sobre os juros

O excesso de demanda por trabalhadores, calculado como a diferença entre a oferta de mão de obra (ou seja, a força de trabalho) e sua demanda (isto é, a soma de vagas preenchidas e abertas) está diminuindo e passou de 6,1 milhões em março de 2022 para 2,5 milhões no mês passado (Gráfico 4). Para isso tem contribuído a estabilização da demanda e o rápido aumento da oferta (Gráfico 5), com a crescente participação de imigrantes no mercado de trabalho.

O número de postos de trabalho em aberto vem caindo, segundo a pesquisa JOLTS do departamento de estatísticas de trabalho (BLS). Em julho o número de vagas não preenchidas alcançou 8,8 milhões, o menor valor desde março de 2021. Essa redução ocorreu em todos os principais segmentos do setor privado, com exceção de saúde. A redução do número de postos em aberto também pode ter contribuído para a queda nos pedidos de demissão.

Em um ambiente com muitas vagas abertas há mais chance de se achar emprego, de modo que a rotatividade no emprego tende a crescer. A taxa de pedidos de demissão como proporção do emprego total continua alta, mas já se aproxima daquela verificada em outros bons momentos da economia (e.g., antes da crise financeira internacional).

Como em geral o aumento de demissões a pedido está associado a uma alta do custo de trabalho, não é surpresa que o custo unitário do trabalho esteja caindo, o que diminui os custos das empresas e a necessidade de repasse de aumentos de custos ao consumidor. Ou seja, o mercado de trabalho hoje não parece ser uma ameaça à desinflação, apesar dos preços dos serviços ainda estarem crescendo acima do desejado.

A redução da diferença entre oferta e demanda por mão de obra contribui para que a desinflação progrida, dando conforto ao Fed de manter uma política monetária ainda restritiva, mas sem a necessidade de novas altas de juros de curto prazo. Se esse processo continuar, é possível mesmo que até o final de 2023 o Fed sinalize reduções na taxa de juros de curto prazo já em 2024.

Leia a íntegra do relatório macroeconômico semanal do banco Safra.

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