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Morre aos 80 o biólogo Thomas Lovejoy, defensor da Amazônia

Biólogo americano estudou a Amazônia por mais de cinco décadas e alertava para o risco do ponto de não retorno no desmatamento

Thomas Lovejoy

Biólogo e pesquisador Thomas Lovejoy dedicou-se a estudar a Amazônia e a alertar sobre os riscos do desmatamento | Foto: Estadão Conteúdo

O biólogo norte-americano Thomas Lovejoy, 80, pioneiro do estudo do impacto das mudanças climáticas, morreu neste sábado de Natal. Ele trabalhou por mais de 50 anos fazendo pesquisas na Região Amazônica, especialmente no Brasil.

Lovejoy visitou a floresta pela primeira vez em 1965, recém-formado em biologia na Universidade Yale (EUA). Estudou a diversidade e estrutura de pássaros e árvores da região do rio Amazonas.

Após décadas de estudo, dedicou-se a alertar a humanidade sobre o risco que a região corre ao chegar perto do chamado “turning point” (ponto de inflexão), do qual talvez não consiga mais se recuperar nem manter seus serviços ecossistêmicos.

Considerado um dos pais da biodiversidade – por ter cunhado a expressão “diversidade biológica” nos anos 1980, foi um pioneiro em biologia da conservação e começou a pesquisar a Amazônia em 1965, quando fazia seu doutorado.

Testemunha das muitas transformações que a região sofreu neste período, ele alertava que a situação atual é a “antítese da sustentabilidade”.

“Na época, a bacia amazônica era, em sua maior parte, uma floresta virgem. Era um sonho para qualquer biólogo porque havia apenas uma estrada em toda a região, que tinha uma população de 3 milhões de pessoas”, afirmou Lovejoy, ao receber o prêmio Blue Planet de 2012, considerado o Nobel do Meio Ambiente.

Thomas Lovejoy estudou a dinâmica biológica de fragmentos florestais

Um dos projetos mais importantes de Lovejoy na Amazônia é o Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (BDFFP, na sigla em inglês), criado em 1979. A proposta era contribuir para um debate sobre se, do ponto de vista da conservação ambiental, é melhor criar muitas reservas pequenas ou apenas uma reserva grande.

“Em 2003, depois de conduzir pesquisas por mais de 15 anos, cheguei à conclusão significativa de que uma única grande área seria melhor do que várias áreas pequenas para proteger os ecossistemas, e publiquei nossas descobertas em um artigo”, afirmou Lovejoy em 2012.

“O resultado da pesquisa de campo mostrou que, onde uma floresta se fragmenta em uma área de 100 hectares, metade das aves estaria extinta em 15 anos. Acho que este artigo é o mais valioso entre os mais de 600 que publiquei até agora”, disse.

Thomas Lovejoy tratava um câncer de pâncreas. Ele deixa três filhas.

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