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Mundo tem menos bebês após um ano de pandemia

Queda da natalidade, por combinação de crises de saúde e econômica, é péssima notícia para economias avançadas

bebê no colo de mãe com máscara anti-covid

Jovens alimentam a inovação, impulsionam o crescimento e financiam pensões e sistemas de saúde em sociedades envelhecidas | Foto: Getty Images

Um ano após o início da pandemia, as taxas de natalidade começaram a cair em muitas economias avançadas, segundo pesquisas preliminares.

A combinação de crise de saúde e econômica está levando muitas pessoas a atrasar ou abandonar os planos de ter filhos, informa o Wall Street Journal.

Demógrafos consideram que a tendência pode não ser passageira, se a pandemia e suas consequências econômicas se arrastarem.

Nascimentos em declínio são más notícias para economias, especialmente as mais avançadas. Os jovens alimentam a inovação, impulsionam o crescimento e são necessários para financiar pensões e sistemas de saúde em sociedades envelhecidas. A escassez de trabalhadores dificulta o aumento da produtividade.

Ainda não existem dados sobre o efeito da pandemia na taxa de natalidade no Brasil, mas o efeito é esperado para o ano de 2021.

“Todas as evidências apontam para um declínio acentuado nas taxas de fertilidade e no número de nascimentos em países desenvolvidos”, declarou ao jornal americano Tomas Sobotka, pesquisador do Centro Wittgenstein de Demografia e Capital Humano Global em Viena. “Quanto mais tempo durar esse período de incerteza, maior será o efeito na taxa de fertilidade”.

Dois terços adiaram planos de ter filhos

Uma pesquisa realizada por pesquisadores italianos entre o final de março e o início de abril nos cinco maiores países da Europa Ocidental — Alemanha, França, Itália, Espanha e Reino Unido — constatou que mais de dois terços dos entrevistados que inicialmente planejavam ter um filho em 2020 decidiram adiar ou abandonar os planos de conceber ao longo do próximo ano.

Nos EUA, uma pesquisa do Guttmacher Institute constatou que um terço das mulheres entrevistadas no final de abril e início de maio queria atrasar a gravidez ou ter menos filhos por causa da pandemia.

300 mil bebês a menos nos Estados Unidos

A Brookings Institution estimou em dezembro que, como resultado da pandemia, 300 mil bebês a menos nasceriam nos EUA em 2021 em comparação com o ano passado.

Japão, França e Bélgica estão entre as nações que relatam quedas abruptas nos nascimentos nove meses após o início da pandemia, em comparação com um ano antes. Na França, o número de nascimentos em janeiro caiu 13,5% em relação ao ano anterior, uma queda muito mais acentuada do que a queda mensal de 1,7% registrada em média nos primeiros 10 meses de 2020.

Na Hungria, um dos poucos países europeus onde a fertilidade estava aumentando antes da pandemia, o número de nascimentos caiu acentuadamente ano após ano em dezembro.

O país mais afetado até agora parece ser a Itália. O país tem uma das populações mais envelhecidas do mundo e tem lutado com o declínio das taxas de natalidade há anos, em parte consequência de uma economia com desemprego elevado entre jovens.

Desemprego entre jovens derruba natalidade

Os nascimentos na Itália caíram 21,6% em dezembro em relação ao ano anterior, de acordo com as primeiras estimativas da agência de estatísticas da Itália com base em dados de 15 grandes cidades. Essa é uma queda muito maior do que nos primeiros 10 meses de 2020, quando os nascimentos caíram 3,3% em média. No geral, em 2020, o número de óbitos é quase o dobro do número de nascimentos.

A preocupação também é grande na China. O país mais populoso do mundo já estava em um caminho de declínio dos nascimentos devido aos efeitos persistentes de sua política de um filho, abolida no final de 2015 após três décadas.

China permite 2º filho, mas covid assusta

Casais chineses agora podem ter dois filhos, mas muitos que estavam indecisos sobre ter um primeiro ou segundo filho adiaram seus planos em 2020. Pesquisas encontraram preocupações que vão desde rendas incertas até medo de contrair o vírus durante os exames de maternidade.

O número de nascimentos no Japão caiu 9,3% em dezembro em relação ao ano anterior, em comparação com uma média de 2,3% nos primeiros 10 meses de 2020.

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