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Número contas bancárias de menores de idade chega a 10 milhões

Expansão das contas bancárias para crianças e jovens de até 18 anos reflete novo olhar das instituições financeiras para um novo filão do mercado

Mãe e filho com porquinho da poupança

Com incentivo de pais ou parentes próximos, crianças podem aprender a investir desde cedo | Foto: Getty Images

Cerca de 10 milhões de crianças e jovens menores de idade já possuem conta no Brasil, segundo projeção das instituições financeiras. É um dos segmentos que mais têm crescido no País, com bancos tradicionais e fintechs passando a olhar cada vez com mais interesse para o filão. Conforme os dados mais recentes do Banco Central, são 23 milhões de contas abertas entre jovens de 15 a 24 anos – crescimento de 50% na última década.

Essa expansão reflete o novo olhar das instituições financeiras para o público. Além do interesse de iniciar o relacionamento bancário cada vez mais cedo com seus clientes, e assim driblar um ambiente cada vez mais competitivo, o passo foi obrigatório para ir ao encontro das necessidades de um mundo cada vez mais digital.

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“No passado, as crianças simplesmente recebiam dinheiro para fazer transações e comprar o que precisavam, mas em um mundo digital elas precisam de uma carteira ou conta bancária que permita transações no mundo digital e físico. Isso significa que as antigas regras que restringem contas bancárias a adultos são impraticáveis e excludentes”, afirma Brett King, autor do livro Bancos 4.0, que foi consultor de políticas de fintechs no governo de Barack Obama.

Pelas regras do BC, menores de idade podem ser titulares de contas, desde que representados pelos pais, quando menores de 16 anos. Nesse caso, apenas os responsáveis assinam o contrato de abertura. Entre 16 anos e a maioridade, pai e filho assinam o contrato. Outra mudança de regra que ampliou esse mercado foi de documentação: hoje, o número do CPF já está na certidão de nascimento. Assim, até mesmo um recém-nascido pode ter conta no País.

Contas bancárias para crianças ajudam a estimular a poupança

O responsável pelo desenvolvimento da área de negócios do Next, banco digital do Bradesco, Ricardo Urada, afirma que o produto da casa, batizado Next Joy, lançado em 2020, mais do que dobrou de um ano para outro. A decisão foi de oferecer esse tipo de conta aos pais e responsáveis que já têm conta no banco digital. Com as contas conectadas, um pai pode programar mesadas aos filhos ou estabelecer missões, como fazer a lição de casa em troca de recompensas.

“É uma forma de começar o relacionamento. Os bancos estão jogando a rede cada vez mais longe e ampliando seu mercado. Estamos pensando no caminho de longo prazo, em começar a entender esse cliente agora para lá na frente colher os frutos”, diz Urada. No Next, há uma parceria com a Disney. A ideia é de que o uso dos personagens torne a experiência lúdica para as crianças.

O banco digital C6, por sua vez, lançou a conta Yellow como forma de tornar sua prateleira de produtos mais completa, diz o responsável de produtos e pessoa física do C6, Maxnaun Gutierrez. Os responsáveis também precisam ter conta no banco, interligada à da criança ou do adolescente.

“A estratégia de ser um banco completo e concentrar o relacionamento dentro da nossa plataforma passa por estar dentro da família”, afirma Gutierrez. Um efeito já notado quando um pai abre uma conta para o filho é que seu engajamento aumenta, já que acaba entrando mais no aplicativo do banco.

O Itaú lançou, em março, uma conta voltada ao mundo gamer, batizada Player’s Bank, inicialmente restrita a maiores de 18 anos. “Tão logo lançamos houve uma demanda para diminuir a barra”, conta Ricardo Scussel, responsável pela área de produtos do Itaú Unibanco. Foi assim que a conta Start foi lançada em agosto, com 100 mil solicitações de abertura. “A comunidade gamer é muito grande e conseguimos abrir uma conexão”, comenta. Não é necessário que o pai seja correntista do Itaú.

Toda essa personalização para atrair as crianças tem razão de ser, de acordo com o especialista em inovação bancária Bruno Diniz. Segundo ele, a interface do banco, projetada para o público adulto, não tinha atrativo para os mais jovens, e foi identificado que era necessário deixar o produto mais com a cara do novo público-alvo. “Depois disso, esse cliente poderá evoluir internamente dentro da instituição.”

A planejadora financeira Wanessa Guimarães afirma que abrir uma conta financeira para o menor de idade pode ser uma forma de estimular a poupança e o controle de gasto. “É uma oportunidade para se estimular a poupar uma parte do que se ganha, da mesada creditada e até estimular investimentos.” Wanessa dá ainda uma dica aos pais que querem ver os filhos administrando bem os recursos: dar um bônus, que pode ser anual, em relação ao saldo total poupado. (AE)

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