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O que é e qual a importância do simpósio do Fed para a economia global

Mercado financeiro acompanha com atenção o encontro do Banco Central dos Estados Unidos, especialmente as palavras do presidente Jerome Powell sobre inflação, juros e recessão

Jackson Hole

Simpósio de Jackson Hole se tornou palco para anúncios importantes da autoridade monetária americana ao mercado | Foto: Getty Images

Investidores do mundo estão com as atenções voltadas esta semana para a cidade de Jackson, no Estado de Wyoming, nos Estados Unidos, onde ocorre o Simpósio de Jackson Hole, promovido pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). Todos querem saber os rumos da economia do país mais rico do mundo e, especialmente, o que dirá o presidente do Fed, Jerome Powell, que fala na sexta-feira, dia 26.

Realizado anualmente pelo Fed de Kansas City, o encontro reúne presidentes de bancos centrais, economistas e políticos de todo o mundo. A reunião acontece entre os dias 25 e 27 deste mês e terá como tema “Reavaliando as restrições à economia e à política”. Investidores voltaram a acreditar em uma atuação mais agressiva do Fed contra a maior inflação em 40 anos, o que volta a causar temores de recessão.

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Com o passar do tempo o simpósio se tornou palco para anúncios importantes da autoridade monetária americana aos mercados, uma vez suas decisões afetam todo o mundo.

O que é o Simpósio de Jackson Hole

Criado em 1978, o Simpósio de Jackson Hole nasceu com o objetivo de discutir como a política monetária afeta o desenvolvimento agrícola nos EUA. À época, foi batizado de “Comércio Agrícola Mundial: O Potencial de Crescimento”.

As primeira edições foram realizadas em Kansas City, cidade onde fica a regional do Fed, que foi sucedida por Vail e Denver, duas cidades do Estado do Colorado. A partir de 1982, o evento foi transferido definitivamente para a atual cidade.

Após ganhar tração com a presença de todos os presidentes do Fed ano a ano, o simpósio se consolidou para o cenário internacional a partir de 1989.

Naquele ano, o então dirigente máximo do Federal Reserve, Alan Greenspan, ofereceu perspectivas do banco central ao lado de representantes dos bancos centrais de Alemanha e Canadá sobre o tema “Questões de política monetária na década de 1990”.

Foi a primeira vez que um presidente do Fed teve um papel formal no programa, iniciando uma tendência que continua até hoje.

As atenções dos investidores do mundo estão voltadas para a cidade que abriga o Simpósio de Jackson Hole | Foto: Getty Images

Conforme o próprio Fed de Kansas City informa, os participantes são selecionados com base no tópico de cada ano, levando em consideração a diversidade na região, origem e indústria.

Por ano, cerca de 120 pessoas participam dos painéis estruturados pelas 12 regionais do banco central americano no evento. Desde 1982, quando a internacionalização dos participantes foi iniciada, 70 países tiveram representantes no encontro em Wyoming.

Todos os participantes do simpósio, incluindo membros da imprensa, pagam uma taxa para participar.

Cidade de Jackson

Sede do simpósio anual, a cidade de Jackson é pequena, com menos de 11 mil habitantes, e está situada no vale conhecido como Jackson Hole, que dá nome ao evento, no Condado de Teton.

Com um núcleo de hotéis e resorts, a região de Jackson Hole tem como atrativo o Parque Yellowstone, o primeiro com chancela nacional dos EUA.

O local é conhecido pelo turismo de neve no inverno, com os famoso gêiseres que disparam água fervente em intervalos regulares sendo a principal atração.

Porém, como uma cidade mais interiorana e com jeitão de Velho Oeste, no verão o fluxo de turistas aumenta devido aos rodeios.

Assuntos debatidos em Jackson Hole

Não existe um assunto específico debatido de forma permanente no Simpósio de Jackson Hole, mas os painéis sempre envolvem um assunto ‘quente’ sobre a economia global.

Neste ano, com o tema “Reavaliando as restrições à economia e à política”, o mercado aguarda pela sinalização do Federal Reserve quanto aos próximos passos sobre a escalada dos juros americanos para conter a maior inflação do país em 40 anos.

Na última reunião do Fomc, o comitê do banco central que define a política monetária, em julho, os dirigentes promoveram a quarta subida consecutiva no intervalo da taxa de juros, em 0,75 ponto percentual (75 pontos-base), de 1,50% a 1,75% para 2,25% a 2,5%. Como resultado, o intervalo chegou ao patamar mais elevado desde 2018.

Em Jackson Hole, o mundo estará atento a sinais que podem ser dados por Jerome Powell, da autoridade monetária americana, sobre a continuidade do ritmo intenso de subida dos juros ou o arrefecimento. A expectativa é que ele mantenha a posição trazida no comunicado oficial de seguir com a política mais dura no aumento do intervalo das taxas.

O combate à inflação é travado por praticamente todos os países, uma vez que centenas de bancos centrais passaram a estimular – com redução de juros, por exemplo – a própria economia abatida pela pandemia de covid-19, o que deu combustível à escalada global de preços.

No entanto, a guerra travada entre Rússia e Ucrânia pegou todos de surpresa e fez com os preços, principalmente de commodities como petróleo e grãos, disparassem. Sendo assim, os banqueiros centrais tiveram que rever os estímulos monetários para segurar a inflação.

Estudos

Além do foco nas discussões entre os banqueiros centrais, o simpósio é uma oportunidade para que artigos e estudos relacionados ao tema central sejam apresentados em primeira mão à comunidade econômica.

Segundo o Fed de Kansas City, 159 autores já apresentaram seus trabalhos na conferência em 40 anos de evento. Além deles, 370 contribuidores, entre panelistas e moderadores, já estiveram em Jackson Hole.

Os trabalhos a serem apresentados são escolhidos previamente pelo Fed e, depois de apresentados, são publicados online para acesso livre.

Além disso, as transcrições dos processos são publicadas no site da autoridade monetária à medida que ficam disponíveis, em um processo que geralmente leva alguns meses.

Por fim, os artigos e as transcrições são compilados em livros também disponibilizados no formato online e impresso.

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