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Lina Nakata

Mês do orgulho LGBTQIAP+ e o que eu tenho com isso?

Investir em um ambiente plural é apostar em um futuro melhor para todos. O impacto positivo é percebido por todos os stakeholders

Orgulho LGBT

Transformar a diversidade, a inclusão, a equidade e o pertencimento em realidade é urgente, tanto moralmente, quanto economicamente | Foto: Getty Images

Junho é o mês do orgulho LGBTQIAP+ e é quando algumas empresas trocam o seu logo original para colocar um fundo de arco-íris, as pessoas ativistas discutem o assunto e trazem números ainda desanimadores, e muitos devem se questionar por que o tema recebe destaque. Diversidade significa multiplicidade e é rica em todos os aspectos, inclusive quanto à orientação sexual.

As pessoas podem se sentir atraídas (ou não) por alguém e ter afinidades com gêneros diferentes. Só isso. Para conquistarmos avanços, precisamos transformar teoria em ação, por meio de políticas e iniciativas que impulsionem, acolham e promovam a pluralidade e o direito de todos serem como quiserem.

Acima de tudo, o exemplo deve vir da liderança. Enquanto houver falas ou expressões homofóbicas dos gestores, a base vai simplesmente replicar o que observa. Se houver alguma restrição transfóbica por parte da direção, tudo se repete nas outras equipes. Os líderes desempenham um papel fundamental na promoção da diversidade, sendo imprescindível investir na formação e contratação de pessoas capacitadas em gestão inclusiva e fomentar a representatividade com ações afirmativas.

Os dados da pesquisa FEEx – FIA Employee Experience 2022 mostram que 5% dos cargos de liderança dos Lugares Incríveis Para Trabalhar (LIPT) são ocupados por profissionais que se declaram LGBTQIAP+. Esse número é ligeiramente superior ao do quadro geral de colaboradores que se identificam como parte desse grupo (4%). É uma representatividade importante, por ser proporcionalmente maior do que da população geral no Brasil (2,5 vezes a mais, relativamente).

Além disso, destaca-se que o grupo LGBTQIAP+ consegue alcançar posições estratégicas nas empresas. De forma geral, ainda é necessário um trabalho de conscientização e empatia! Fala-se muito na implantação de estratégias inovadoras para melhorar habilidades e formar um time eficiente, mas ainda falta respeito genuíno, assim como um espaço para discussões profundas sobre o tema, as necessidades, os desafios e as dores dos grupos minoritários. E esse espaço não pode ser aberto somente em um dia do ano, pois a frequência é fator crítico para o sucesso do ambiente inclusivo.
Somente dessa forma será possível evitar os conceitos equivocados, o uso de termos pejorativos e os comportamentos ofensivos.

Além de empatia pelo próximo, precisamos levar a informação correta para todos os colaboradores. É um processo que deve envolver desde o momento da atração de candidatos para a empresa (employer branding, com identificação apropriada) até o convívio na rotina corporativa.

Transformar a diversidade, a inclusão, a equidade e o pertencimento em realidade é urgente, tanto moralmente, quanto economicamente. Isso gera mais oportunidades para todos! No entanto, o último levantamento da pesquisa FEEx mostrou que apenas 6% dos LIPT seguem 100% das ações afirmativas na temática LGBTQIAP+.

As empresas têm atuado com inúmeras práticas de diversidade ou ações pontuais, mas costumam ser genéricas. Há um gap grande que merece atenção e as empresas podem entender este item como oportunidade de melhoria.

Uma mudança exige atuação em várias frentes, que não deve se iniciar com a contratação de pessoas LGBTQIAP+ ou de qualquer outro grupo minoritário, pois o preparo do contexto vem antes. Depende essencialmente da capacitação de lideranças, revisão e adequação de políticas internas, treinamentos de sensibilização para todas as pessoas, palestras, rodas de conversa com frequência e programas de desenvolvimento.

E é justamente por causa disso tudo que você também é responsável por promover um ambiente mais diverso e inclusivo, precisa também se conscientizar de que a sua atitude – acolhedora ou não – pode fazer toda a diferença. Investir em um ambiente plural é apostar em um futuro melhor para todos. O impacto positivo é percebido por todos os stakeholders.


Professora e pesquisadora da FIA Business School, co-presidente da Professional Women Network (PWN-SP), diretora de marketing da Associação Nacional dos Cursos de Graduação em Administração e diretora de carreiras da Sempre FEA. Leciona também na Universidade Presbiteriana Mackenzie, Insper, ESEG e Uneed.

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