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Com pandemia sem controle, 108 países vetam brasileiros

Descontrole da epidemia no Brasil preocupa especialmente os vizinhos da América do Sul, que reforçam medidas de segurança nas fronteiras

Pandemia sem controle

Mais de 100 países impedem a entrada livre de brasileiros ou turistas que tenham passado por aeroportos no País | Foto: Getty Images

Peru e Colômbia proibiram voos do Brasil. O Uruguai mandou mais doses de vacinas para a fronteira com o Rio Grande do Sul. O Chile prevê possível quarentena para quem chega do Brasil. Os argentinos impuseram restrições à entrada de brasileiros e a Venezuela tem medo da variante surgida no País.

Ao todo, 108 países impedem a entrada livre de brasileiros ou turistas que tenham passado por aeroportos no País, segundo levantamento do jornal O Estado de S. Paulo, com base em dados da Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata), sites de agências de viagens e contatos com as embaixadas no Brasil.

Líder de contaminações e mortes em números absolutos e relativos na região, o Brasil desperta preocupação especialmente dos vizinhos. Este é o sentimento predominante em entrevistas feitas pelo Estadão com moradores de países sul-americanos.

Letalidade preocupa OMS

Na semana passada, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou ter grande preocupação com a letalidade e a transmissão do vírus entre os brasileiros.

“Se o Brasil não for sério, continuará afetando sua vizinhança – e além”, afirmou Tedros Adhanom, diretor da OMS. O Brasil é o terceiro país com mais vizinhos no planeta – faz fronteira com 9 nações, além da Guiana Francesa, ficando atrás de Rússia e China. “Muitos estão caminhando na direção certa, mas não é o caso do Brasil”, criticou Mark Ryan, da cúpula da OMS.

Embora tenha 3% da população mundial, hoje um em cada quatro mortos por covid no mundo é brasileiro. O País registra ainda recordes negativos em sua média de mortes desde o início de março, mostrando que a pandemia está em seu pior momento.

Para Marcos Azambuja, ex-embaixador do Brasil na Argentina, o País precisa “voltar aos trilhos” e agir depressa no momento em que a pandemia perde força em outras partes do mundo, com a vacinação.

“O Brasil não pode ser retardatário. Não pode se transformar num pária sanitário do planeta”, disse.

País ameaça a saúde global

“Como grande laboratório da imunidade de rebanho, o Brasil tornou-se uma ameaça para a segurança da saúde global”, afirma a professora Deisy Ventura, coordenadora da pós-graduação em saúde global da USP. “Além de sequelas, mortes evitáveis e do custo para o sistema de saúde em insumos e leitos, a disseminação do vírus favorece mutações virais e novas variantes.”

As restrições afetam ainda os clubes brasileiros que disputam a Copa Libertadores. No início do mês, a Conmebol transferiu o jogo entre Ayacucho e Grêmio do Peru para o Equador.

A mudança foi necessária em razão do veto imposto pelas autoridades peruanas à entrada de brasileiros. Os peruanos jogaram no Brasil, já que a tradicional regra de reciprocidade adotada entre nações não se aplica a normas sanitárias. Os brasileiros, portanto, têm recebido tratamento diferente nos países vizinhos em relação ao dispensado a eles aqui.

Este problema não se restringe aos gramados. As restrições deixaram o Brasil de fora do panamericano de mountain bike, que conta pontos para o ranking olímpico. As barreiras para a entrada de brasileiros em Porto Rico, sede da competição e território administrado pelos EUA, inviabilizaram a viagem, prejudicando a corrida dos atletas por uma vaga nos Jogos de Tóquio. (AE)

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