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Emprego nos EUA reforça temor de juros altos e derruba a Bolsa

Mercado financeiro projetava entre 140 e 175 mil vagas abertas em setembro, mas o Departamento de Trabalho informou 336 mil novas contratações

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Departamento do Trabalho também revisou para cima os números de criação de empregos de agosto, de 187 mil para 227 mil, e também de julho, de 157 mil para 236 mil | Foto: Getty Images

A economia dos Estados Unidos criou 336 mil empregos em setembro, em termos líquidos, segundo dados publicados nesta sexta-feira, 6, pelo Departamento do Trabalho do país. O resultado superou de longe as expectativas de analistas consultados pelo Projeções Broadcast, que previam geração de 140 mil a 250 mil postos de trabalho, com mediana em 175 mil. Já a taxa de desemprego dos EUA ficou em 3,8% em setembro, inalterada em relação a agosto. Neste caso, o consenso era de queda da taxa a 3,7% no mês passado.

O resultado reforçou o temor de juros altos nos Estados Unidos por mais tempo do que o imaginado. Neste cenário, o Ibovespa cai para a faixa dos 111 mil pontos, depois de fechar na marca dos 113 mil pontos por três pregões seguidos. Com isso, acentua a desvalorização semanal para quase 4%, depois de subir 0,48% na semana anterior.

O salário médio por hora nos Estados Unidos subiu 0,21% na margem e 4,15% ante setembro de 2022 (mediana mensal de 0,3% e anual de 4,3%). Os dados sugerem que o Federal Reserve terá de manter os juros altos por mais tempo do que se previa.

“O payroll veio muito forte e o mercado já eleva chance de o Fed subir os juros em 25bps em novembro”, diz Bruno Takeo, analista da Ouro Preto Investimentos.

De acordo com Lucas Serra, analista da Toro Investimentos, os números fortes do relatório de emprego dos EUA mostram que trabalho do país segue “resiliente e aquecido”. Isso “impõe desafio adicional do Fed na condução da política monetária, afirma Serra.

As bolsas norte-americanas caem e as europeias reduziram as altas após a divulgação do payroll, enquanto os rendimentos dos treasuries avançavam com força, renovando máximas, corroborando as preocupações dos investidores.

“Os dados, sem dúvida, acrescentam pressão inflacionária a mais nessa transição da política monetária dos Estados Unidos de 2023 para 2024”, completa Serra, da Toro.

Conforme o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, agora será preciso acompanhar os sinais dos membros do Fed sobre a política monetária. “Teremos de esperar quais serão as sinalizações”, diz.

Ontem, o Ibovespa fechou em queda de 0,28%, aos 113.284,08 pontos, ficando nessa marca pelo terceiro pregão consecutivo. Às 11h12, o Ibovespa cedia 1,37%, aos 111.724,39 pontos, ante mínima aos 111.695,98 pontos (-1,40%), vindo de abertura aos 113.282,50 pontos, com variação zero. Só cinco ações subiam, de um total de 86. Vale era uma delas, com elevação de 0,88%, mas uma contribuição positiva de apenas 0,13 ponto porcentual, ou seja, insuficiente para apagar a queda do Índice Bovespa.

As ações da mineradora subiam apoiadas na decisão do UBS de elevar a recomendação da mineradora de venda para neutro, apesar do recuo de 0,20% do minério de ferro em Cingapura. O petróleo voltava a cair, contaminando os papéis da Petrobras, que caía 0,79% (PN) e -0,17% (ON). Os papéis de bancos tinham perdas expressivas, acima de 2,00%, exceto Unit de Santander e Banco do Brasil, que subiam 0,19% e 0,81%, respectivamente.

Além da preocupação com a dinâmica de juros nos Estados Unidos, os investidores locais acompanham o avanço da inflação no Brasil. O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) avançou a 0,45% em setembro (de 0,05%), ficando levemente abaixo do teto de 0,46% e acima da mediana de 0,26% das projeções, cujo piso era de 0,16%.

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