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Petróleo sobe mais de 6% após decisão da Opep+ de cortar a produção

Corte foi ratificado nesta segunda-feira e deve chegar a 1,66 milhão de barris por dia, o que amplia o risco de déficit na oferta global de petróleo

Petróleo

Na New York Mercantile Exchange, o petróleo WTI para maio subiu 6,28% a US$ 80,42 o barril, e o Brent para junho na Intercontinental Exchange teve alta de 6,31% a US$ 84,93 o barril | Foto: Getty Images

A cotação do petróleo avançou mais de 6% na sessão desta segunda-feira, após anúncio no fim de semana de cortes na produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+). No domingo, o grupo informou que iria cortar sua produção em mais de um milhão de barris por dia. Nesta segunda, o corte foi ratificado em comunicado com a redução totalizando 1,66 milhão de barris por dia. Analistas apontam que a medida oferece de fato suporte aos preços, além de ampliar a possibilidade de déficit na oferta global da commodity.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para maio subiu 6,28% (US$ 4,75), a US$ 80,42 o barril, enquanto o Brent para junho, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), teve ganho de 6,31% (US$ 5,04), a US$ 84,93 o barril.

Na visão da Oanda, a decisão da Opep reflete que a organização está disposta a oferecer suporte aos preços do óleo acima do nível de US$ 80 o barril. “Claramente, os sauditas não estavam confortáveis com a queda dos preços do petróleo e queriam enviar uma mensagem aos mercados”, avalia o analista Edward Moya, da Oanda. Moya acredita que projeções para o preço do petróleo devem aumentar e prevê tendência de alta até o nível US$ 100.

Corte na produção de petróleo deve pressionar inflação global

O Bank of America (BofA) também sustenta esta perspectiva, relembrando que a Arábia Saudita já descreveu anteriormente a Opep como “reguladora dos mercados de petróleo”. O Citi ressalta que esta não deve ser a “última mudança na produção” realizada pela Opep e aliados neste ano. Para o banco, o corte extra aperta o equilíbrio para o petróleo global em 2023. Contudo, existe a expectativa de que um aumento na produção leve a uma grande recomposição dos estoques em 2024, considerando que o equilíbrio do mercado também deve estar nas mãos da Opep+ no próximo ano, avalia o Citi. Em relatório, o banco ainda analisa que o aumento acentuado nos preços de energia sugere tendência de alta para a inflação dos Estados Unidos nos próximos meses, o que poderia ter consequências para a política monetária do Federal Reserve (Fed).

Em entrevista à Bloomberg, o presidente da distrital do Fed em St. Louis, James Bullard, afirmou que o banco central americano terá que elevar os juros acima de 5% em razão da inflação persistente. Sobre a decisão da Opep, Bullard relatou que ainda é incerto qual será o impacto desta decisão no longo prazo.

Hoje, O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, criticou os cortes de produção da Opep+, destacando que o governo está focado nos preços. “Não achamos que os cortes de produção são aconselháveis neste momento, dada a incerteza do mercado, e deixamos isso claro”, comentou.

Durante o final de semana, a Associated Press reportou que o Japão comprou cerca de 748 mil barris de petróleo russo nos dois primeiros meses deste anos, pagando pouco menos de US$ 70 o barril. O valor supera o teto de US$ 60 estipulado pelos Estados Unidos e aliados para limitar o financiamento da Rússia na guerra contra a Ucrânia. A compra foi autorizada pelos Estados Unidos, mas analistas apontam que reflete a dependência japonesa da Rússia para combustíveis fósseis. (AE)

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