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China deve superar meta de crescimento de 5% em 2023, movida pelo consumo das famílias

O forte acúmulo de poupança pessoal nos últimos anos e os estímulos governamentais tendem a dar sustentação ao PIB da China enquanto a economia mundial desacelera para conter a inflação

Comércio na China

O motor do crescimento em 2023 deve ser o consumo das famílias, segundo o relatório do Banco Safra | Foto: Getty Images

A economia chinesa teve crescimento robusto no primeiro trimestre. A variação do PIB real de 4,5% na comparação interanual e de 2,2% em relação ao quarto trimestre do ano passado superaram a mediana de expectativas (de 4,0% e 2,0%, respectivamente), confirmando o bom momento da atividade. O resultado indica que, salvo grandes alterações no cenário e a despeito das incertezas com relação a evolução da atividade econômica global, a economia da China poderá ultrapassar a meta de crescimento deste ano, de “cerca de 5,0%”, segundo a análise semanal de macroeconomia do Banco Safra.

O motor do crescimento em 2023 deve ser o consumo das famílias, segundo o relatório. Entre 2020 e 2022, o ritmo de crescimento da renda disponível foi sensivelmente superior à expansão do consumo pessoal, o que permitiu acúmulo de US$ 517 bi de excesso de poupança em relação ao padrão anterior da pandemia. Isso colabora para a retomada da atividade econômica após a retirada das restrições à mobilidade, especialmente no setor de serviços.

China: Crescimento do PIB

Fonte: National Bureau of Statistics of China

Em março, as vendas no varejo cresceram 10,6% na comparação interanual. Já a produção de serviços variou 9,2% ante o mesmo mês do ano anterior. Ambos os resultados estão alinhados com a forte recuperação dos índices PMI de não-manufatura até março, assim como com a típica expansão do consumo de serviços e de bens relacionados a viagens e lazer que as economias apresentam com o fim das restrições sanitárias. Destaque também para a venda de automóveis, que cresceu 11,5% em março.

Os investimentos seguem mostrando comportamento díspar entre os setores. Os investimentos no setor manufatureiro e em infraestrutura registraram crescimento interanual pouco abaixo de 10%, com suporte do financiamento público. Enquanto isso, o setor imobiliário continua em retração e, considerando seu elevado peso na economia, prejudica o desempenho da atividade no médio prazo.

O setor externo parece ter dado um fôlego para a indústria, mas a perspectiva à frente é de maior dependência do mercado interno. Enquanto a expansão de 3,9% da produção industrial em março desse ano em relação ao mesmo mês do ano passado frustrou as expectativas, houve crescimento de setores importantes, como o de material de construção e o automotivo.

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Consumo das famílias compensa desaceleração de parceiros comerciais e garante alta do PIB da China

A desaceleração econômica prevista para os principais parceiros comerciais da China, como EUA e Zona do Euro, tende a reduzir a demanda por produtos industriais, de forma que o consumo doméstico pode preencher parte desse vácuo.

Em suma, é esperado arrefecimento da atividade econômica chinesa nos próximos trimestres com a dissipação dos efeitos do aumento da mobilidade social, continuidade do ajuste estrutural do mercado imobiliário e o pior desempenho de parceiros comerciais. Isso não deve impedir, entretanto, que a meta anual de variação do PIB seja cumprida.

O forte acúmulo de poupança pessoal nos últimos anos e os estímulos governamentais tendem a dar sustentação para a atividade no curto prazo, em especial através de um maior consumo, ao passo que a economia global desacelera, visando o controle inflacionário.

Íntegra do relatório do Banco Safra.

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