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PIB potencial sobe a 2,6% e País pode ter pleno emprego sem pressão inflacionária

Sergio Werlang, Henrique Meirelles e Gustavo Franco avaliam a conjuntura da economia e defenderam a autonomia do BC na J. Safra Brazil Conference

Meirelles

Meirelles ressaltou que o país pode estar perto do pleno emprego, considerando um piso da taxa de desemprego de 7,5%, sem pressão nos salários | Foto: Divulgação

O Brasil vive uma soma de fatores que abrem espaço para mais crescimento do PIB potencial, mantendo o equilíbrio de preços e a queda nas taxas de juros. A avaliação é de Sergio Werlang, sócio na Sarpen Quant Investments, em sintonia com a opinião do ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco. Os três economistas debateram tendências da política monetária no Brasil durante o J. Safra Brazil Conference.

Com PIB potencial agora em torno de 2,6%, Henrique Meirelles ressaltou que o país pode estar perto do pleno emprego, considerando um piso da taxa de desemprego de 7,5%, sem pressão nos salários. Franco destacou ainda que a tendência de queda de juros pode ser acelerada se o governo não interromper o ciclo de reformas na economia.

O debate sobre o PIB potencial resurgiu após a ata da última reunião do Copom, que citou o “hiato do produto” (a diferença entre o PIB realizado e o PIB potencial estimado para a economia) e sobre a taxa de juros neutra (que permite o crescimento da economia sem pressões inflacionárias. O tema foi motivo de comentários do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Segundo ele, a capacidade de crescimento não inflacionário – o chamado PIB Potencial – seria maior, em virtude das reformas econômicas implementadas desde o governo Temer. O Copom avaliou que “há elementos que elevam a incerteza das estimativas e adicionam um viés para cima nas revisões das estimativas do hiato do produto utilizadas pelo comitê”. Também manteve a possibilidade de uma ociosidade mais apertada no balanço de riscos para a inflação. Além disso, esvaziou o impacto que a tese de PIB potencial poderia ter na execução mais imediata da política monetária. Segundo a ata, seriam necessários vários trimestres com surpresas de crescimento sem pressão inflacionária para chegar à conclusão de que esse PIB potencial maior realmente existe.

Saiba mais

Com o aumento potencial do PIB para em torno de 2,6%, Meirelles ressaltou que o país pode estar perto do pleno emprego, considerando um piso da taxa de desemprego de 7,5%, sem pressão nos salários. Gustavo Franco destacou que a tendência de queda de juros pode ser acelerada se o governo não interromper o ciclo de reformas na economia. “Há probabilidade de um PIB com potencial ainda maior, mas pode haver tentação do governo em gastar esse valor”, alerta Werlang.

Independência do BACEN é fundamental

O painel, com mediação de Eduardo Yuki, Superintendente Executivo de Macroeconomia do J. Safra, também abordou a independência do Banco Central.

“A ideia do BC independente é que não haja mudanças abruptas em mudanças de governo”, disse Meirelles. Ele lembra que, antes da aprovação da lei que garantiu autonomia da autoridade monetária, em 2002, defendeu independência no controle da instituição, onde ficou entre 2003 e 2010. “Na maioria dos países, os BCs são independentes. O Brasil foi um dos últimos a adotar essa política. O Banco Central tem um trabalho técnico, e não político”.

O ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, lembrou a importância da aprovação da Lei Complementar 179, que pode gerar turbulências com o governo vigente e traz um novo cenário às reuniões do Comitê de Política Monetária. “Copom é um colegiado que funcionava com unidade. Recentemente, tivemos o primeiro 5×4 da história. O desafio é administrar placares apertados de política monetária e alinhar as decisões a tendências”.

J. Safra Brazil Conference

O megaevento realizado pelo Banco J. Safra acontece no hotel Grand Hyatt, em São Paulo (SP), e contará com palestras de personalidades nacionais e estrangeiras.

São mais de 100 empresas brasileiras, com agendas de painéis sobre temas da atualidade e mais de 1.000 convidados entre executivos e investidores. O objetivo é discutir o cenário macroeconômico e político do Brasil e do mundo.


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