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Previsões de PIB e emprego em alta em 2021

Economistas do Safra projetam para o novo ano crescimento de 4,4%, alta do emprego e inflação na meta

Construção

A projeção para o PIB da construção civil é de alta de 9,6%, graças às taxas de juros reduzidas / Foto: Getty Images

O ano de 2020 desafiou os analistas econômicos com um cenário de alta incerteza, sobretudo no segundo trimestre, momento mais agudo da crise criada pela pandemia da covid-19.

O novo ano começará com a nebulosidade já bastante dissipada e isso permite traçar prognósticos para 2021 com mais clareza .

Para os analistas do Banco Safra, as perspectivas para a economia do Brasil são positivas: em 2021, pode haver crescimento expressivo do PIB, assim como como diminuição do déficit primário e da taxa de desemprego, entre outros indicadores promissores.

A projeções dos especialistas do Banco Safra para os mais importantes indicadores da economia brasileira em 2021 estão resumidas aqui:

O PIB deve crescer 4,4%

A economia brasileira deve apresentar uma mudança na composição do crescimento em 2021, com uma expansão mais forte do setor de serviços, setor que, como um todo, ficou mais atrasado devido ao isolamento social. Isso deve favorecer a retomada do emprego e do consumo, especialmente no segundo semestre, projetam os especialistas do Safra.

Outra contribuição para o cenário positivo é que o ambiente internacional também deve ser propício à economia brasileira, com a normalização das correntes de comércio entre os países, em virtude da vacinação já iniciada nas principais economias do mundo.

A estimativa é que o produto interno bruto avance 4,4% em 2021, após a contração esperada de 4,1% em 2020. O número é mais otimista do que o consenso de mercado coletado pelo Banco Central, de crescimento de 3,5% do PIB no novo ano.

A maior variação está prevista para a indústria, que deve crescer 6,5% em 2021. A agropecuária, por sua vez, deve ter alta de 2,2%, e serviços devem subir 3,8%.

A projeção para o PIB da construção civil é de alta de 9,6%, beneficiada pelo baixo nível das taxas de juros no país.

Quanto à taxa de desemprego, a previsão é que a média em 2021 seja de 12,8%, ante 13,4% em 2020. Essa recuperação do mercado de trabalho deve atenuar a contração da renda no país provocada pelo fim do auxílio emergencial.

Equilíbrio fiscal

A pandemia exigiu a atuação dos governos para abrandar os estragos econômicos causados pelas restrições às atividades, providências necessárias para conter o avanço do coronavírus.

Nesse sentido, um dos principais focos de incerteza diz respeito à situação fiscal do Brasil após 2020, com a volta das restrições orçamentárias que foram suspensas para prestar auxílio emergencial a grande número de cidadãos e ajuda para empresas atravessarem a crise.

Hoje, as projeções já melhoraram bastante em relação ao previsto na metade do ano, quando as expectativas previam que o aumento dos gastos para enfrentar a covid-19 seria acompanhado por uma retração mais prolongada no recolhimento de impostos.

A previsão dos analistas do Safra é que o déficit primário em 2020 feche em 9,9% do PIB no setor público consolidado, que reúne os dados do Tesouro Nacional, Previdência Social, Banco Central, Estados, municípios e estatais.

Já a dívida bruta deve equivaler a 89,1% do PIB no ano. Ela deve ficar estável em 2021, ano em que o déficit primário deve recuar para 2,3% do PIB.

Inflação na meta

O índice oficial de inflação do país chegou a mostrar retração nos preços em abril e maio. Mas, desde então, o IPCA avançou em um ritmo superior às expectativas.

O motor da aceleração foram os preços de alimentos, que subiram em consequência da maior demanda gerada pelo auxílio emergencial, assim como pela maior destinação de produtos para a exportação, especialmente para a China.

Para os economistas do Safra, a alta do IPCA acumulada em 2020 será de 4,4%, bem perto do centro da meta do Banco Central. Para 2021, a projeção é de aumento de 3,2%.

A previsão reflete a avaliação de que não haverá um repasse cambial tão forte de produtores para consumidores.

O IGP-M, por exemplo, que captura o impacto do aumento do dólar no atacado, deve terminar o ano com elevação de 23,8%. Para 2021, os economistas calculam avanço de 4,4%.

Dólar no nível de R$ 5

Um indicador que melhorou em 2020 foi o saldo das transações correntes do país, que expressa o fluxo internacional de bens, serviços e rendas. O dado foi impulsionado por redução nas importações, pagamento de juros e remessa de lucros, bem como nos gastos com viagens internacionais, consequência direta da pandemia.

Desse modo, o déficit das transações com o exterior deve ficar em 0,8% do PIB em 2020. Já para 2021, a previsão é de obtenção de um superávit de 0,3%.

Mas os especialistas do Safra lembram que a força nas contas externas não deve ser sustentável ao longo do tempo, dada a perspectiva de retomada do crescimento, e a relativa fragilidade das exportações brasileiras, que tiveram um bom desempenho principalmente pelo efeito de preços mais altos das commodities.

Com relação ao câmbio, o time do Safra ressalta o impacto que a aversão a risco provocada pela pandemia teve sobre as moedas de países emergentes. Um ambiente mais benigno nas últimas semanas, no entanto, tem contribuído para a valorização do real.

A expectativa é que o dólar encerre 2021 cotado no nível de R$ 5 com uma cotação média de R$ 5,05 no período.

Esse patamar, suscetível ao fluxo de capitais no exterior, aponta para uma moeda brasileira ainda depreciada tanto do ponto de vista histórico, quanto considerando o nível sugerido por modelos econométricos tradicionais.

Política monetária

Por fim, o cenário-base do Safra prevê que a Selic começará a subir moderadamente a partir de meados de 2021, terminando a 3% ao ano. Com isso, a média da taxa deve ficar em 2,27% no ano que vem.

A equipe do Safra também acredita que o BC poderá manter o forward guidance até o fim de março. Mas a sinalização pode continuar até o início do segundo trimestre, caso a economia desacelere fortemente no início do ano.

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