close

Quanto custa criar um filho até os 18 anos?

Para enfrentar gastos com educação, alimentação e muitos outros para criar um filho até a idade adulta, especialista recomenda planejamento financeiro

Estudantes

Na classe A, o custo para criar um filho até os 18 anos começa a partir de R$ 3,6 milhões | Foto: Getty Images

No Brasil, sobretudo nas grandes cidades, nas quais o custo de vida pode ser até 50% mais alto em relação às demais, o gasto com um filho até os 18 anos se transformou numa barreira milionária para a classe média. É o que mostra um estudo feito pelo Insper, conduzido por Juliana Inhasz, professora e coordenadora do curso de economia do instituto.

Para as famílias que integram a classe C – aquelas com renda familiar mensal de R$ 5.281 até R$ 13,2 mil -, o gasto estimado varia entre R$ 480 mil e R$ 1,2 milhão. Na classe B (entre R$ 13.201 e R$ 26,4 mil de renda mensal), o gasto vai de R$ 1,2 milhão até R$ 2,4 milhões.

Saiba mais

Na classe A, o custo para criar um filho até os 18 anos começa a partir de R$ 3,6 milhões e continua a subir conforme a renda familiar. “O custo de vida aumentou. Como o trabalho se baseia nas classes de renda do IBGE, que define classe de renda de acordo com o número de salários mínimos, quando o salário mínimo sobe, o custo aumenta também”, afirma Juliana.

O levantamento foi construído com base nos dados de classe de renda do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e aponta um gasto médio de 30% da renda das famílias com os filhos. A lista de custos considera, por exemplo, alimentação, roupas, lazer, educação, saúde e parte das despesas comuns como aluguel. Juliana pondera, no entanto, que quem tem mais de um filho tende a ter uma diluição dos custos.

O levantamento do Insper mostra que o gasto na criação dos filhos aumenta em função da renda familiar, o que reforça os aspectos desiguais do Brasil. Entre os mais ricos, o investimento é, ao menos, 15 vezes maior do que na comparação com a classe E e três vezes em relação à classe média.

“Falamos muito sobre distribuição de renda, mas dá para entender porque isso se perpetua. É muito difícil colocar alguém da classe D ou E para competir com alguém da classe A. A diferença de investimento nos filhos é absurda”, afirma Juliana. Vale notar que o estudo traz valores médios e não contempla, por exemplo, o gasto de pais e mais solo ou de casais que precisam fazer tratamento de fertilidade.

Garantir que as crianças de todas as classes sociais tenham condições iguais é importante, porque os investimentos na primeira infância são considerados fundamentais para melhorar de maneira permanente a trajetória delas. “É nessa fase que se transforma não só a capacidade cognitiva da criança, mas a questão comportamental, capacidade de fazer esforço, resiliência”, diz Marcelo Neri, diretor do FGV Social.

Desde 2014, com a crise econômica dos anos seguintes e os estragos provocados pela pandemia, as famílias brasileiras, sobretudo as de classe média, viram o orçamento pessoal diminuir e perderam capacidade de consumir produtos do setor privado, como educação e saúde.

“À época, as pesquisas mostravam que a grande marca (da classe média) era acessar bens e serviços oferecidos pelo setor privado e que eram de melhor qualidade. Esse processo, no entanto, sofreu uma deterioração, porque a renda das pessoas caiu ou porque faltou dinheiro ao Estado”, diz Neri. “Todo mundo voltou para o setor público, que ficou meio estrangulado, e a pandemia foi a continuidade dessa sequência”, afirma.

Planejamento financeiro ajuda a enfrentar custo de criar filho até os 18 anos

No cenário ideal, a chegada de um filho deve ser organizada financeiramente um ou dois anos antes do nascimento, afirma Ana Paula Netto, planejadora financeira pela Planejar. No período que antecede o nascimento, é fundamental listar todos os gastos que podem ser previstos e começar a juntar recursos para as futuras despesas.

É importante, afirma Ana Paula, que cada família faça a adequação dos custos à sua realidade financeira. “Faça o que for possível dentro da sua possibilidade. Não adianta construir um super quarto e ficar endividado. Veja o que cabe no seu orçamento.”

Na infância do filho, se for possível, também é indicado pensar em uma reserva financeira para o futuro, sobretudo para os gastos com escolas. “Durante o crescimento e o desenvolvimento da criança, a sugestão é fazer uma reserva para bancar os gastos com educação”, afirma a especialista.

Ela diz que é importante que os pais conheçam bem o próprio orçamento, anotando todas receitas e despesas. “É importante os pais também cuidarem do seu futuro, pensarem no seu futuro, até para não se transformarem num peso para os seus filhos.” (AE)

Abra sua conta

Assine o Safra Report, nossa newsletter mensal

Receba gratuitamente em seu email as informações mais relevantes para ajudar a construir seu patrimônio

Invista com os especialistas do Safra