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Por que o real tende a continuar valorizado em relação do dólar

Análise do Banco Safra eleva estimativa de superávit comercial em 2023 de US$ 75 bilhões para US$ 80 bilhões, com recorde da balança comercial

Real e dólar

A força da balança comercial no próximo ano deverá sustentar a taxa de câmbio em favor do real, segundo o Safra | Foto: Getty Images

A balança comercial acumulou superávit de USD 54,5 bi entre janeiro e julho desse ano, acima dos USD 39,6 bi do mesmo período do ano passado. O elevado saldo comercial reflete principalmente o aumento do volume exportado em 9,3% e a queda do volume importado em 1,8%. No caso das exportações, as principais contribuições vieram do petróleo (alta de 30%) e da soja (alta de 20%), além do milho e minério de ferro. A maturação dos investimentos no setor petrolífero e a enorme safra de grãos estão sustentando nossas vendas ao exterior, mesmo em ambiente de arrefecimento da economia mundial, traduzido na queda do preço de diversas commodities.

A importação tem vindo fraca, inclusive pela queda das compras de fertilizantes e inseticidas, após a forte alta nas compras desses insumos no ano passado com o temor dos efeitos do conflito no leste europeu. Os demais produtos não apresentam expansão, refletindo o desempenho modesto da demanda doméstica agregada e da taxa de câmbio real em patamar historicamente depreciado.

Saiba mais

Os dados das três primeiras semanas de agosto sugerem que o forte desempenho comercial se manteve nesse mês. Extrapolando esses dados para o restante do mês, a média trimestral com ajuste sazonal e anualizada da balança comercial está ao redor de USD 100 bilhões, um recorde histórico (Gráfico 1).

Assim, o Banco Safra atualiza a projeção de superavit comercial para 2023 de USD 75 bilhões para USD 80 bilhões. Para o próximo ano, estimamos superavit comercial de USD 65 bi, o terceiro maior resultado da série histórica (Gráfico 2). As exportações deverão ser beneficiadas pelo aumento da produção de petróleo e de soja, enquanto as importações crescerão com a retomada da demanda doméstica devida à redução da taxa de juros.

Balança comercial forte sustenta valorização do real frente ao dólar

A força da balança comercial no próximo ano deverá sustentar a taxa de câmbio em favor do real. Por outro lado, a redução do diferencial de taxa de juros internacional (taxa de juros brasileira – taxa de juros mundial) pode diminuir o fluxo financeiro para o Brasil, limitando as perspectivas de maior apreciação cambial, pelo menos no curto prazo. Um eventual aumento do investimento estrangeiro dependerá da perspectiva de crescimento sustentável que vier a se formar nos próximos meses. Para isso, será importante que haja confiança quanto ao bom desempenho fiscal nos próximos 3 anos.

Portanto, a confiança no bom desempenho fiscal e na convergência da inflação para a meta pode ajudar a traduzir os vultosos superávits comerciais projetados para 2023 e 2024 em um câmbio favorável ao real.

Confira a íntegra da análise macroeconômica semanal do Banco Safra.

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