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Ritmo da vacinação no Brasil pode levar a mais 200 mil mortes até o fim do ano

Estudo de universidades mineiras levou em conta casos confirmados e ativos, taxa de imunização, eficácia das vacinas e transmissão

Ritmo da vacinação no Brasil

Pesquisadores demonstram que a taxa de vacinação atual é insuficiente para reduzir mortes nos próximos seis meses | Foto: Getty Images

Se o ritmo da vacinação no Brasil se mantiver, o país pode ter outras 200 mil mortes por covid-19 até o final de 2021.

O cálculo foi feito por especialistas em Ciência da Computação das universidades federais de São João del-Rei (UFSJ) e Juiz de Fora (UFJF), de Minas Gerais.

O país vacina, em média, 360 mil pessoas por dia. Em contrapartida, se o Brasil quadruplicar a imunização (para 1,44 milhão), cerca de 50 mil vidas seriam salvas, de acordo com a pesquisa.

Segundo o Ministério da Saúde, foram aplicadas 94 mil doses das vacinas contra covid-19 no país, somando-se as duas doses.

Os pesquisadores usaram modelos matemáticos levando em conta variantes como casos ativos, taxa de imunização, eficácia das vacinas, mortalidade entre vacinados e não vacinados e transmissão do vírus para realizar as projeções. Ou seja, não entraram na conta a saturação hospitalar, os efeitos da chegada do inverno nem o relaxamento dos protocolos de segurança.

Estudo prevê três cenários prováveis

  • Cenário 1: Taxa de vacinação fixa de 360 mil por dia (a atual) e eficácias de 50%, 75% e 90%.
  • Cenário 2: Taxa de vacinação fixa de 720 mil por dia e eficácias de 50%, 75% e 90%.
  • Cenário 3: Taxa de vacinação fixa de 1,44 milhão por dia e eficácias de 50%, 75% e 90%.

“Em todas as simulações realizadas, consideramos que toda vacina leva 35 dias para desencadear a resposta imune e é considerada na taxa de vacinação diária somente a quantidade de aplicações de primeira dose. A população máxima a ser vacinada é limitada em 160 milhões, o que corresponde ao número de pessoas aptas à imunização, de acordo com o Programa Brasileiro de Imunização”, disseram os pesquisadores à BBC de Londres.

Se o Brasil mantiver a taxa de vacinação atual, de 360 mil pessoas por dia, serão, na conta dos matemáticos, 188 mil a 211 mil novas mortes por covid até o fim do ano, a depender da eficácia do imunizante. A Coronavac, a vacina com maior oferta no Brasil, apresenta eficácia geral de 50,38%. Com essa proteção de 50 % (que ocorre depois da aplicação das duas doses), a tendência é atingir o número maior de mortes.

Ritmo da vacinação teria de ser duas vezes maior para inverter a curva de mortes

Já se o país duplicar a taxa de vacinação atual, para 720 mil pessoas por dia, o modelo prevê 23.467 mortes a menos (redução de 23%), quando comparado com a taxa de vacinação do Cenário 1.

E essa taxa fosse quatro vezes maior, a simulação prevê que o Brasil poderia reduzir o número de óbitos em 28%, com 45.765 vidas salvas até o fim do ano.

Os pesquisadores são enfáticos em dizer que, no atual ritmo de vacinação, a covid não seria totalmente controlada até o fim do ano, independentemente da eficácia da vacina, pois o número de casos que eles chamam de ativos ainda seria significante: 199.383, no melhor cenário.

“Além disso, com essa taxa não seria atingido o objetivo de 160 milhões de pessoas imunizadas até dezembro, como anunciado pelo atual Ministério da Saúde”, disseram ao canal britânico.

O Brasil superou a marca de 500 mil mortes por covid-19 em 19 de junho. Atualmente, é o segundo país do mundo com o maior número de óbitos pela doença, atrás apenas dos EUA, com cerca de 600 mil mortos. As projeções indicam, no entanto, que o Brasil deve superar os EUA nos próximos meses.

Fontes: Ministério da Saúde, Instituto Butantan e BBC Brasil em Londres

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