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Rússia ameaça Ocidente com arsenal nuclear

Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reage em discurso na ONU contra a ameaça de Vladimir Putin de usar arsenal nuclear contra o Ocidente

Rússia

Moscou prometeu responder com todo o seu vasto arsenal atômico no Leste Europeu | Foto: Getty Images

Em pronunciamento televisionado, o presidente russo Vladimir Putin ordenou nesta quarta-feira, 21, a primeira mobilização nacional do país desde a 2ª Guerra. No anúncio, ele alerta o Ocidente que, se a “chantagem nuclear” continuar, Moscou responderia com todo o seu vasto arsenal atômico. A medida prevê a mobilização de até 300 mil reservistas para lutar na Guerra da Ucrânia, evidenciando as dificuldades que a Rússia enfrenta em sua invasão do país, com as retomadas de território pelas forças ucranianas e a dificuldade dos russos em tomar Kiev e derrubar o governo do presidente Volodmir Zelenski.

No pronunciamento pré-gravado transmitido na TV, Putin disse também que irá proteger as populações de território ocupados que pretende anexar após referendos a serem feitos em quatro regiões ucranianas no leste e no sul do país a partir de sexta, e que está disposto fazer isso com armas nucleares contra os EUA e aliados que apoiam Kiev.

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“Se a integridade territorial de nosso país estiver ameaçada, usaremos todos os meios disponíveis para proteger nosso povo – isso não é um blefe”, disse Putin. Segundo ele, a Rússia enfrenta “1.000 km de linhas de frente contra o Ocidente na Ucrânia” — referência à ajuda de bilhões de dólares em armas e inteligência fornecidas à Kiev por EUA e outros países do Ocidente. “Na sua política agressiva antirrussa, o Ocidente cruzou todas as linhas”, disse Putin.

A medida ocorre um dia depois de quatro regiões controladas por Moscou no leste e no sul da Ucrânia anunciarem que farão referendos para se integrar à Rússia. As duas regiões separatistas do Donbas, Donetsk e Luhansk, junto com Kherson e Zaporizhzia pretendem conduzir as votações ainda nesta semana em um ato que busca impedir as investidas ucranianas para retomar essas áreas.

Na prática, caso a população aprove a anexação, Moscou passaria a considerar as quatro regiões como parte de seu próprio território, tornando uma agressão ucraniana a essas áreas um ataque à nação russa, e propícia a retaliações inclusive com armas nucleares – a doutrina nuclear russa prevê o uso da bomba em caso de ataques.

Biden reage à ameaça nuclear da Rússia e aciona Conselho de Segurança da ONU

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, usou seu discurso neste ano na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas para fazer críticas duras à Rússia. Segundo ele, o país viola a Carta da ONU “descaradamente”, ao invadir e tomar território à força do vizinho.

Biden disse que a Rússia ameaçou nuclearmente a Europa, além de convocar soldados para o conflito na Ucrânia. Ele ainda qualificou o plebiscito almejado por Moscou para áreas do território ucraniano sobre sua eventual incorporação à Rússia como algo “vergonhoso” e pediu união da comunidade internacional para resistir à ação russa e condená-la “de modo inequívoco”. “Essa guerra quer acabar com o direito da Ucrânia existir, simples assim.”

O presidente norte-americano lembrou o apoio econômico à Ucrânia para sua defesa e também a imposição de sanções contra a Rússia, pelos EUA e aliados. E ressaltou que as sanções permitem de modo explícito que os russos continuem a vender alimentos e fertilizantes, para não prejudicar a alimentação global. “Temos trabalhado para impor custos à Rússia e responsabilizá-la”, comentou.

Ele ainda pediu um “fim justo” para a guerra, que não inclua a tomada de territórios. Biden defendeu também que o Conselho de Segurança, órgão decisório máximo da Organização das Nações Unidas, seja expandido, com mais vagas “permanentes e temporárias”. Ele disse que essa eventual reforma incluiria postos permanentes para países que os EUA “tem apoiado há tempos”.

O presidente dos EUA não citou nações específicas, mas disse que isso abarcaria países da “África, América Latina e Caribe”.

Biden também defendeu que seja restringido o uso de vetos pelos membros permanentes do Conselho de Segurança. Para ele, esses vetos deveriam ser utilizados apenas em situações “pouco comuns ou extraordinárias”, para garantir que o órgão tenha uma atuação “digna de crédito e eficaz”. A Rússia é a usuária mais frequente do direito ao veto, mas os EUA também recorrem a ele com frequência, em segundo lugar nessa lista. (AE)

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