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Seca e geada no Brasil já encarecem cafezinho nos Estados Unidos

Efeitos do clima na café brasileiro preocupam cafeterias americanas, após queda nos embarques da Colômbia e dificuldades de transporte do Vietnã

Mulher toma café em NY

Xícara de café atualmente US$ 4,39 em cafeteria de Whashington, o equivalente a R$ 23, e pode subir | Foto: Getty Images

Os efeitos extremos do clima no Brasil já provocam aumento do preço do cafezinho nos Estados Unidos, segundo reportagem do New York Times. O jornal entrevistou empresários do setor que narram a preocupação com o preço do produto importado do Brasil, o maior produtor mundial de café.

Além das secas e geadas no Brasil, o jornal cita os gargalos marítimos relacionados à pandemia e protestos políticos que paralisaram as exportações da Colômbia, o que fez o preço do café a subir quase 44% em 2021.

Segundo o jornal americano, isso ainda não afeta empresas como a Starbucks ou a Nestlé, gigantes do café que compram seus suprimentos com grande antecedência. Mas alguns torrefadores menores já tiveram que aumentar os preços, e cafeterias já repassam as altas ao consumidor, segundo a reportagem.

Preço do cafezinho pode espantar freguês

O empresário Quincy Henry, dono de uma cafeteria em Whashington, está preocupado em ter de aumentar o preço da xícara de café, que atualmente custa US$ 4,39, o equivalente a R$ 23. Ele teme espantar a freguesia.

O empresário cita que os grãos de arábica brasileiros eram alguns dos mais baratos que ele podia comprar. O preço era de US$ 1,90 o quilo (cerca de R$ 10). No último pedido no fim de julho o preço foi de US$ 2,49 (R$ 13).

Por trás desse aumento está a valorização da cotação do café que será entregue nos próximos meses, e que é negociado no chamado mercado de futuros. Um quilo de café arábica no mercado futuro, geralmente de US$ 1,20 a US$ 1,40, subiu acima de US$ 2 no final de julho, o maior desde 2014.

Na quarta-feira, o preço dos futuros do café era de US$ 1,84 o quilo. Os preços subiram acima de US$ 1,40 no final de abril, durante os protestos políticos na Colômbia, o terceiro maior exportador de café do mundo.

O país exportou 345 mil sacas de café de 60 kg em maio, um terço de seu habitual embarque mensal, de acordo com dados da Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia.

Dúvida sobre os preços futuros do café do Brasil

Desde então, as exportações da Colômbia se recuperaram, mas as de outros grandes produtores, como o Vietnã, enfrentam gargalos marítimos à medida que a economia global luta para reabrir após um ano de bloqueios. A escassez de contêineres de transporte restringiu as exportações, dizem analistas, e levou a um aumento acentuado no custo do transporte marítimo.

A grande questão, segundo o NYT, é o que vai acontecer com a oferta do Brasil. O país, que exporta anualmente 34 milhões de sacas de grãos de café em média, foi atingido por uma série de choques climáticos — uma seca e temperaturas baixas, com geadas em muitas áreas. O mercado espera novos choques de preços decorrentes da quebra da safra brasileira.

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