Médica que descobriu variante ômicron descreve ‘sintomas incomuns’

A médica sul-africana Angelique Coetzee, que levantou o primeiro alarme sobre a nova variante da covid batizada de ômicron, revelou que os pacientes estão apresentando “sintomas incomuns” para a doença.

Angelique Coetzee, que dirige uma clínica privada na capital administrativa sul-africana de Pretória, disse que notou pela primeira vez no início deste mês que os pacientes de Covid estavam apresentando uma série de sintomas estranhos.

A médica, com experiência de mais de 30 anos e presidente da Associação Médica sul-africana, disse que nenhum dos pacientes de Omicron sofria de uma perda de olfato, sintoma tipicamente associado a Covid. Eles sentiam sintomas incomuns como fadiga intensa e uma alta taxa de pulsação.

Com novos casos confirmados por Austrália, Dinamarca e Holanda neste domingo, 28, a nova cepa do coronavírus já foi identificada em quatro continentes: Ásia, Europa, Oceania e África (onde o primeiro caso foi detectado). Mais de dez países já confirmaram casos de covid-19 causados pela nova variante – e outros casos suspeitos seguem em análise.

Sintomas da variante ômicron são mais leves

“Seus sintomas eram tão diferentes e mais leves do que vimos até agora”, disse a médica ao jornal inglês The Telegraph.

Ela informou o conselho consultivo de vacinas da África do Sul em 18 de novembro, quando tratou uma família de quatro pessoas, todas sofrendo com fadiga intensa após o teste positivo para Covid-19.

Descoberto pela primeira vez na África do Sul no início deste mês, a variante ômicron foi detectada desde então na Grã-Bretanha, Alemanha, Itália, Bélgica, Botsuana, Israel, Hong Kong e Austrália, e as autoridades sanitárias austríacas investigam um caso suspeito.

A descoberta da variante ômicron, apelidada de “variante de preocupação” na semana passada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), provocou preocupações em todo o mundo de que poderia resistir às vacinas e prolongar a pandemia que já dura quase dois anos. A notícia abala o mercado financeiro mundial desde sexta-feira, 26.

A variante ômicron é potencialmente mais contagiosa do que as variantes anteriores, embora os especialistas ainda não saibam se causará covid-19 mais ou menos grave em comparação com outras cepas.

A doutora Coetzee assegurou em entrevistas que os novos sintomas que ela havia observado eram “leves”, e que todos os pacientes que ela estava tratando haviam se recuperado bem.

Médica alerta para perido da nova cepa em idosos

“Tivemos um caso muito interessante, uma criança, de cerca de seis anos, com uma temperatura e uma taxa de pulso muito alta”, disse a médica. “Dois dias depois, ela estava muito melhor”, acrescentou.

Mas a médica disse estar preocupada que a variante pudesse representar um perigo maior para os idosos.

A descoberta da nova variante levou vários países a reforçar as restrições do Covid e impor rigorosos controles fronteiriços na tentativa de conter a propagação.

O conselheiro médico-chefe do governo britânico, Chris Whitty, disse que ainda não está claro quão eficazes serão as vacinas existentes como proteção contra a nova variante ômicron – mas disse que aqueles que estão vacinados ou receberem a dose de reforço terão menos chances de adoecer seriamente.

Ele disse que é “inevitável” que a variante ômicron se espalhe pelo mundo nos próximos dias, mas acrescentou que a maioria dos casos no Reino Unido permanece sendo da variante Delta.

Ele alertou que atualmente há taxas significativas de transmissão entre os jovens, mas observou que as taxas entre pessoas com mais de 60 anos e grupos vulneráveis estão melhorando, o que significa que as hospitalizações e mortes continuam a diminuir.