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Taxa básica de juros deve chegar a 13% até junho

A invasão na Ucrânia exarcerbou o cenário de inflação e a taxa básica de juros sobe um pouco mais a partir deste semana

Mineração

No caso do Brasil, as empresas ligadas às commodities foram as mais beneficiadas no cenário de guerra | Foto: Getty Images

Com o cenário mundial mais desafiador e com uma inflação interna alta – IPCA está acima de 13% em doze meses- o Banco Central do Brasil (BC) deve acelerar o aumento da taxa básica de juros (Selic). Até o fim do primeiro semestre deve chegar a 13%, segundo Marcos Breda, economista focado no mercado internacional para Safra Asset. Hoje, a Selic está em 10,75%.

O economista, durante o programa Tendências para Investimento- transmitido pelo canal do Banco Safra no Youtube, explicou as razões para essa alta dos juros brasileira. Segundo ele, a invasão na Ucrânia acabou por exarcerbar o cenário de inflação elevada em todo mundo, pois, Rússia e Ucrânia são grandes produtores de commodities, como trigo, milho, petróleo, gás e fertilizantes.

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“Não é à toa que vimos os preços de alimentos e derivados de petróleo disparando”, disse. “Houve aumento do custo de vida naquilo que é mais básico: alimento e energia.”

Por isso, de acordo com Breda, para conter essa disparada inflacionária, os países devem iniciar o movimento de elevação dos juros. “O Fed (Banco Central dos Estados Unidos) deve começar o ciclo de aperto monetário com o aumento dos juros”, afirmou. “Hoje, a inflação nos EUA está superior a 7%, e isso em cima de um período de alta de preços causada pela pandemia.”

Pelo lado da atividade econômica, o economista ressaltou que o impacto do conflito será maior na União Europeia. Segundo ele, mesmo aquele europeu que não está em zona de guerra, retrai as suas intensões de compra e fica mais cauteloso. “Este ano, o PIB da Europa deve ser mais fraco”, disse.

Nos EUA, no entanto, Breda acredita que o crescimento econômico deverá ser menos afetado pela guerra na Ucrânia. O que deve ocorrer, segundo ele, é um aumento de preços dos combustíveis devido á busca por suprir as importações do petróleo russo, que hoje representam de 3% a 5% do consumo americano. “Se o conflito parasse agora, os EUA teriam um efeito mais limitado na sua economia.”

Investidor deve analisar alta da inflação e juros no mundo

Diante desse cenário de alta da inflação e de juros no mundo, Breda afirmou que o investidor, ao analisar as opções disponíveis, deve levar em conta a conjuntura mundial.

“Alguns relacionam os juros mais elevados com saídas de bolsa, pois, o crescimento econômico é mais difícil. No entanto, devemos observar as empresas que conseguem repassar a alta dos preços para frente”, disse Breda. “No caso do Brasil, as companhias ligadas às commodities foram as mais beneficiadas nesse momento.”

O economista afirmou, também, que não deverá haver “fuga” de investimentos estrangeiros de economias emergentes para mercados mais consolidados por causa do conflito e das sanções à Rússia.

“No fluxo global, a Rússia está sendo desconectada da economia, com sansões importantes. Ela deixou de ser um player”, afirmou Breda. “O Brasil tem um perfil parecido com a Rússia: é exportador de commodities e tem um mercado consumidor importante. A saída da Rússia abre espaço para outros emergentes.”

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