Tesouro descoberto no fundo do mar tem moedas de ouro de 1.500 anos
Universidade de Alicante, na Espanha, anuncia descoberta de tesouro escondido no fundo do mar com moedas dos Séculos IV e V
28/09/2021Um dos maiores conjuntos de moedas de ouro romanas em ouro foi encontrado por pesquisadores da Universidade de Alicante, na cidade portuária de Alicante, na Espanha. Eles descrevem o achado como um tesouro “excepcional”.
As moedas estão datam do período entre os séculos IV e V. Teriam sido escondidas no fundo da baía de Portitxol de Jávea, em um momento de instabilidade provocado pela chegada dos povos do norte no fim do século IV.
O conjunto de moedas, com cerca de 1.500 anos, está em perfeito estado de conservação, o que permitiu aos arqueólogos fazerem a leitura das inscrições e datá-las.
As 53 moedas têm representações dos governantes do Império Romano durante o período da Antiguidade Tardia, no ocidente. Estão identificadas três moedas do período de governo do imperador Valentiniano I e sete de Valentiniano II.
Tesouro representa um dos maiores conjuntos de moedas de ouro romanas
Datadas do período de Todósio I contaram-se 15, e de Arcadi, 17 moedas. Do governo de Honório somam-se ao conjunto dez moedas e existe ainda uma não identificada porque a inscrição foi riscada.
“Este é um dos maiores conjuntos de moedas de ouro romanas encontradas na Espanha e na Europa”, diz Jaime Molina Vidal, chefe da equipe de arqueólogos subaquáticos da Universidade de Alicante e professor de história antiga.
Molina Vidal diz que a descoberta é “excepcional” em nível arqueológico e histórico, “uma vez que pode oferecer uma infinidade de novas informações para compreender a fase final da queda do Império Romano Ocidental”, citado na publicação espanhola Elmundo. “É como se tivessem sido feitas ontem”, acrescentou.
A equipe de pesquisadores considera a hipótese de se tratar de um tesouro ocultado propositadamente para o proteger. “Há a possibilidade de que as moedas pudessem ter sido escondidas intencionalmente por um rico proprietário de terras, num contexto de saques como os que os alanos estavam perpetrando no território naquela época”. A ideia do dono seria regressar mais tarde para resgatar as moedas. Não foi o caso.
Moedas teriam sido ocultadas de invasores do norte
Os arqueólogos afirmam que “o achado documenta um momento histórico de extrema insegurança, com a chegada violenta à Hispânia de povos do norte, caracterizados como bárbaros (suevos, vândalos e alanos) e o fim definitivo do Império Romano na Península Ibérica a partir de 409 DC”, acrescentam.
Luis Lens e César Gimeno são praticantes de mergulho e descobriram as primeiras oito moedas. Os mergulhadores procuraram a Direção-Geral da Cultura e do Patrimônio que imediatamente convocou arqueólogos da Universidade de Alicante e da Guarda Civil, em colaboração com a Câmara Municipal de Jávea, para realizarem novas pesquisas no fundo do mar.
Depois de restaurado, o conjunto arqueológico será exposto no Museu Arqueológico e Etnográfico de Soler Blasco, em Jávea.
Na apresentação pública do projeto de valorização, Carmen Amoraga, diretora-geral da Cultura e Patrimônio, enalteceu o “comportamento exemplar” com que os mergulhadores amadores Lens e Gimeno atuaram, alertando as autoridades para ativar o protocolo de intervenção arqueológica.
Cofre no fundo do mar tem outras hipóteses
O governo local de Valência constituiu um fundo de 17,8 mil euros para a realização de mais escavações subaquáticas na área. Pretende-se aprofundar o conhecimento sobre “a origem das moedas: se estavam numa arca que caiu de um navio que passava pela região ou se essa arca pertence a um navio que está no fundo do mar” disse Amoraga.
Os arqueólogos investigaram a área e descobriram o restante do tesouro e ainda três pregos, provavelmente de cobre e restos de chumbo “muito deteriorados”. Estes indícios podem ser indicadores de um cofre.
As pesquisas estão integradas no Plano Geral de Investigação em Arqueologia Submarina “Perspectivas Arqueológicas em Portixol de Jávea”, em que participam a Universidade de Alicante e o museu do município.
Desde 2019, essa parceria já fez vários levantamentos arqueológicos na baia de Portitxol de Jávea.
Âncoras, cargas de ânforas, vestígios de cerâmica de diferentes épocas, materiais metálicos, elementos associados à navegação, entre outros, foram resgatados do fundo do mar no recanto oeste do Mediterrâneo.
Essa baía, rica em vestígios arqueológicos, vai revelando a atividade marítima de outros tempos. Molina Vidal está determinado a descobrir se há navios naufragados por perto. (Agência Brasil)