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Beny Parnes, da SPX, analisa as mudanças no mercado de crédito

Especialista analisa o que está mudando na área de crédito no Brasil e no mundo, no primeiro videocast do Safra da série 'Trading Floor'

Trading Floor

Beny Parnes, Alexandre Vitorino e Petro Coutinho falam sobre o mercado de crédito na estreia do ‘Trading Floor’ | Foto: Reprodução

O horizonte de previsibilidade do Brasil está ficando mais curto, por causa do aumento da incerteza da política econômica. O juro real está muito alto para combater a inflação e o ruído político está afetando demais a política econômica, na avaliação de Beny Parnes, ex-diretor da Área Externa do Banco Central entre 2002 e 2003 e sócio da gestora SPX Capital. Veterano do mercado financeiro, ele foi um dos convidados do Trading Floor, o novo videocast semanal do Banco Safra.

O programa foi conduzido por Pedro Coutinho, superintendente da Safra Corretora, e contou também com a participação de Alexandre Vitorino, superintendente da Safra Asset. Na estreia, o tema foi “O mercado de crédito no Brasil e no mundo”.

Apesar das ponderações sobre as incertezas na política econômica neste início de governo, Beny Parnes pondera que o Brasil tem uma dívida interna é totalmente administrável e tem mais reservas do que dívidas no exterior. “O brasil é uma fortaleza externa, temos experiência bem sucedida de câmbio flutuante e somos um país credor, que tem mais reservas do que deve. O câmbio flutuante funciona, a China tem interesse em investir no Brasil, a massa salarial voltou a crescer e, apesar de tudo, fizemos algumas reformas”.

“O problema é o tumulto na discussão da política interna e a falta de uma âncora fiscal, que precisa ser resolvida rapidamente”, afirma ele. “Abandonamos o teto de gastos e o ministro Fernando Haddad (Fazenda) encontra dificuldades para solucionar”.

Bany Parnes considera que as críticas do governo ao Banco Central são extremamente ‘autodestrutivas’. Segundo ele, não cabe ao Banco Central discutir meta de inflação. “As expectativas de inflação estão desancoradas”.

Parnes defende a fixação de uma meta de no máximo 3,5%, caso contrário as expectativas de inflação podem disparar. “Não podemos brincar com a inflação no Brasil”, comenta.

Alexandre Vitorino também defende que a previsibilidade fiscal é importante para o mercado financeiro e para as empresas. Mas, considera que a crise em torno do tema deve ser superada. “Nossa expectativa ainda é otimista, com cautela, e acreditamos que o País vai superar as atuais dificuldades”.

Trading Floor: especialistas destacam a ‘estratégia Safra’ na área de crédito

Vitorino destaca a importância de manter a governança da dívida das empresas, estratégia que o Banco Safra valoriza muito, segundo ele. Beny Parnes reforçou a importância da “estratégia Safra” de seletividade na área de crédito.

Os casos das Lojas Americanas e da Light, segundo Beny Parnes, provocam um movimento ‘natural’ de renegociação, diante do aumento dos riscos. Vitorino defendeu cláusulas mais severas nas escrituras de dívidas para prevenir casos como esses. Segundo Parnes, a legislação americana prevê devolução de bônus e dividendos dos acionistas em casos semelhantes aos ocorridos nas Americanas.

Sobre a economia americana, Beny parnes acha que a política monetária está no caminho certo. “O juro real vai continuar nesse nível, vai desacelerar a economia, devemos ter uma recessão no final do ano, com intensidade difícil de prever. Temos papéis de alta qualidade pagando 5% ou mais, o que considero irresistível”.

“Estamos esperando para ver qual será o efeito cumulativo das taxas de juros reais. O melhor momento para comprar é quando o Federal Reserve para de subir os juros e a economia está em recessão”, comenta.

Ele citou também créditos da América Latina, que estão com preços baixos e precisam ser calculados levando em conta a possibilidade de calote. A SPX Capital também investe em empresas ligadas a petróleo, entre outras oportunidades no exterior.

Segundo Vitorino, o crédito das empresas em geral está equacionado, e os bancos estão em condições de suprir, encurtando os prazos. A governança da dívida deve ganhar destaque neste cenário em 2023. “Teremos um ano de cautela e desafios, com juros pressionando as despesas financeiras, o que pode motivar renegociações, e somado a isso vamos acompanhar a capacidade do mercado de crédito para captar e suprir a demanda das empesas por mais credito”.

Para Beny Parnes, os fundos de crédito vão passar a ser mais seletivos e o mercado vai fazer o movimento que sempre faz, buscando seletividade e prazos mais curtos.

O videocast Trading Floor pode ser assistido pelo canal oficial do Safra no YouTube e também ouvido no formato de podcast pela plataforma Spotify, ambos gratuitamente.

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