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Cenário da economia global favorece o Brasil, afirma Joaquim Levy

O cenário atual é bastante favorável ao Brasil, pois mantém os preços das commodities sem grandes excessos, mas também sem grandes quedas, afirma o diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados do Banco Safra

Porto da China visto de cima

A queda dos preços de commodities é uma boa notícia para a economia mundial, pois significa menor pressão inflacionária | Foto: Getty Images

Analisando o cenário da economia global e as primeiras semanas do governo Lula, o diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados do Banco Safra, Joaquim Levy, considera que a situação é bastante favorável ao Brasil, se o País conseguir superar os seus próprios desafios.

No programa Conjuntura Safra de fevereiro, Levy fala ao jornalista Marcelo Poli sobre a situação nas principais economias e também no Brasil, e as perspectivas para o ano de 2023. Segundo ele, a situação fiscal brasileira não está 100% resolvida, mas como o próprio Banco Central sinalizou, o governo tem buscado resolver de maneira mais positiva do que se poderia imaginar.

O Banco Central notou, na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que o déficit primário projetado pelo mercado estaria em 1%, “uma situação que não vai fazer o barco virar,”, comenta Levy. “Temos uma situação sob controle, de solvência, que ao mesmo tempo não caracteriza um megaimpulso que possa causar pressão da demansiada nos preços”.

Na área do crédito, eventos recentes podem levar a uma reprecificação, comenta Levy. Ele destaca que as taxas de juros pesam e comprometem a renda das famílias, e não há mais espaço para expansão do crédito, o que leva a alguma apreensão com a inadimplência. Isso pode afetar o consumo e dificultar o crescimento econômico.

Na área de investimentos, o setor da construção civil já enfrenta menor número de lançamentos e de alvarás, fatores que devem ser considerados pelo Banco Central nas próximas reuniões de política monetária. A inflação, o BC notou, vem se acomodando e desacelerando, assim como o mercado de trabalho e a inflação de serviços.

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“Do ponto de vista puramente técnico, estando mais ou menos elucidada a questão fiscal, o Pís enfrenta agora o processo de desinflação, que é sempre custosa”, comenta Levy. O Banco Central, segundo ele, deve considerar o impacto da volta de alguns impostos na inflação de 2023 e 2024.

As notícias sobre a China são tranquilizadoras, aparentemente sem risco de aumento expressivo do número de casos de covid após o fim das restrições sanitárias impostas pela covid. As economias das famílias acumuladas durante a pandemia estão ajudando a impulsionar a atividade, mas agora surge o risco de excesso de liquidez. O total de recursos extras acumulados pelas famílias é de cerca de US$ 1 trilhão. “Se a bolsa reagir positivamente, isso pode atrair investimentos o que faria a bolsa subir ainda mais”, isso é uma hipótese por enquanto.

Conjuntura internacional e cenário local favorecem recuperação da economia brasileira, afirma Joaquim Levy

A China vive uma recuperação, podendo crescer 5%, mas isso não chega a pressionar os preços das commodities, a começar pelo petróleo. Ele cita o exemplo dos Estados Unidos, onde o consumo de gasolina continua mais de 5% abaixo do patamar pandemia. “A queda dos preços de commodities é uma boa notícia para a economia mundial, pois significa menor pressão inflacionária”.

Na Europa, surpreendentemente a economia mostra resiliência, apesar do choque de energia decorrente da guerra na Ucrânia. Há mudanças, como na indústria química, por exemplo, onde as empresas vão ter de conviver com margens menores. Mas o emprego vai muito bem, criando espaço para um aperto maior dos juros pelo Banco Central Europeu. O Euro recuperou as perdas do ano passado.

Nos Estados Unidos, a alta dos juros continua desacelerando a economia e contendo os preços. Mas lá também houve um grande aumento da poupança das famílias, o que mantém o consumo relativamente forte e o emprego aquecido.

“A inflação de janeiro mostrou uma razoável acomodação, mas o desafio é saber como vai se comportar o mercado de trabalho”, acrescenta Levy. Aparentemente está havendo uma acomodação dessa disparidade com o aumento da produtividade, já que não deve haver grande aumento da oferta de mão de obra em um momento de emprego aquecido.

A inflação talvez não caia tão rapidamente, mas a acomodação tende a continuar e trazer gradualmente a inflação para o nível de 2%, sem necessidade de recessão, segundo a análise de Levy. “Esse quadro é bastante favorável ao Brasil, pois mantém os preços das commodities sem grandes excessos, mas também sem grandes quedas. E a política monetária poderia se estabilizar, o que favorece as demais economia importantes do mundo”.

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