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O desafio global para chegar à taxa de imunidade

Relatório especial dos economistas do Safra analisa avanço da vacinação e perspectivas de recuperação da economia

Pandemia

Conscientização da população sobre cuidados e vacinas é vital para superação da pandemia / Foto: Getty Images

Diversos países desenvolvidos compraram vacinas muito além da necessidade para vacinação das suas populações, ou seja, possuem mais de 100% da população em vacinas contratadas.

A Organização Mundial de Saúde busca promover a redistribuição e reduzir as discrepâncias entre as nações através da Covax Facilty, estrutura de encomendas, doações e compras de vacinas entre países, favorecendo aqueles que não tenham acesso imediato aos imunizantes.

Este é um dos exemplos da luta global contra a pandemia de covid-19, tema de análise da equipe dos economistas do Banco Safra, comandara pelo diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados, Joaquim Levy, e pela economista Priscila Deliberalli.

O relatório especial do Safra com perspectivas para 2021 destaca que a cobertura global de vacinação é ampla para as principais doenças transmissíveis, porém não é homogênea entre países, dependendo do nível de renda.

História de 150 anos

Nos últimos 150 anos a vacinação universal contra um grupo significativo de doenças tem se tornado a norma na maior parte dos países.

No gráfico abaixo, extraído do website www.ourworldindata.org, mostra a vacinação de algumas doenças no mundo:

Porcentagem de crianças de um ano imunizadas no mundo.

Uma grande proporção de crianças de até 1 ano de idade já possuem imunização para diversas doenças transmissíveis e patógenos (organismos capazes de doenças) passíveis de controle via vacinação.

No entanto, há doenças presentes em todo o mundo (em contraste, por exemplo, da febre amarela) em que essa cobertura é baixa, como é o caso do sarampo, em que ela é de apenas 71% da população, bem abaixo da proporção necessária para impedir a propagação da doença (90%).

Para algumas doenças e patógenos, a taxa de cobertura é correlacionada com o PIB per capita do país. Nos casos da difteria, coqueluche e tétano esse é o caso.

O desafio da vacinação em massa

Dois desafios devem ser considerados para o sucesso da vacinação da Covid-19, segundo o relatório de macroeconomia do Safra: o aumento da desconfiança sobre as vacinas, especialmente em países desenvolvidos, e a proporção da população que precisa estar imunizada (naturalmente ou pela vacina) para impedir-se efetivamente o contágio em uma população (o que é conhecido como “imunidade de rebanho”) dado o coeficiente e a maneira de transmissão da doença.

Infelizmente, a disposição das pessoas em serem vacinadas parece ter diminuído nos últimos anos, aponta o relatório. Há diversos países no intervalo entre 10% e 20% da população que desconfiam da efetividade das vacinas, o que tornaria mais difícil impedir a propagação da doença (alcançar a chamada “imunidade de rebanho”0.

Existe uma relação direta entre os níveis necessários de imunidade de rebanho para diversas doenças e os métodos de transmissão e taxa de contaminação, ´

No caso da SARS original, doença que também é causada por um coronavírus transmitido via gotículas aéreas, a taxa de mortalidade dos atingidos é bem mais alta. Sua propagação é impedida quando 50% a 80% da população já está imune.

Segundo o relatório, a imunidade requerida para a população total é função do dano que a doença pode causar em grupos específicos, sendo plausível que, impedida a transmissão para os grupos da população mais vulneráveis às sequelas das Covid-19 (incluindo o óbito), os outros grupos possam demorar a atingir sua imunidade.

Estratégias para a alcançar a imunidade

Países como o Reino Unido têm focado em atingir primeiramente os grupos com idade acima de 65 anos ou que estejam sujeitos a carga viral mais alta e em contato direto com o grupo dos idosos (como é o caso dos trabalhadores na saúde).

Protegidos esses, ainda que os casos de doença na população como um todo demore a cair, o número de óbitos deve diminuir rapidamente.

Mas, mesmo essa abordagem focada depende para sua efetividade da disposição das pessoas se deixarem vacinar, de maneira espontânea ou por força da lei.

Leia aqui a íntegra do Relatório Especial perspectivas para 2021.

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