Relatório Safra especial traz projeções para 2021
Equipe de economistas capitaneada por Joaquim Levy projeta recuperação do emprego com vacinas e crédito em alta
12/01/2021A crise sanitária que assola o mundo há quase um ano ainda não tem data para terminar. Entre especialistas e investidores, porém, prevalece a expectativa de que as campanhas de vacinação em diversos países consigam controlar o coronavírus em 2021 e contribuir para a recuperação econômica.
Para os economistas do Banco Safra, ampla vacinação da população a partir dos próximos meses permitirá ao país aproveitar o impulso trazido pelo gasto fiscal e o relaxamento monetário do ano passado, criando oportunidades de emprego e renda.
Esta é uma das conclusões do relatório especial com as perspectivas para o cenário pós-pandemia, elaborado pelo diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados do Safra, Joaquim Levy, e pela economista Priscila Deliberalli, em conjunto com a equipe de economistas do banco.
Os economistas acreditam que a redução das medidas de estímulo monetário não vão impedir que os empréstimos continuem crescendo em 2021, o que vai ajudar a compensar o fim dos estímulos fiscais.
Clique aqui para ler a análise completa. Abaixo, veja alguns dos destaques do documento e, ao final, a tabela com as principais projeções dos especialistas do Banco Safra.
Crescimento global
As perspectivas econômicas globais para 2021 mostram-se positivas, segundo as projeções do Safra, em meio aos estímulos monetários e fiscais que deverão ser mantidos em um grande número de países.
O consenso das projeções de crescimento do PIB global neste ano está perto de 5,2%, aponta nosso time, apesar da segunda onda de Covid-19, que vem forçando a volta do distanciamento social em alguns lugares.
Nos Estados Unidos, mais especificamente, o crescimento deve ficar ao redor de 4% em 2021, caso a vacinação se mostre eficaz. A expansão deve ser apoiada pelo recente pacote fiscal de US$ 900 bilhões, que deverá ajudar o consumo no 1º trimestre.
Os especialistas acreditam que a inflação por lá deve oscilar no 1º semestre ao redor de 2% ao ano. Isso não deve provocar altas de juros por parte do Federal Reserve, que passou a mirar uma inflação média, em vez de uma meta fixa
Em relação à China, os economistas destacam que a contenção da pandemia ajudou a reduzir o custo econômico da crise, em comparação com o resto do mundo. Desse modo, com menos estímulos injetados na economia, o crescimento de 2% do país esperado para 2020 pode ser considerado ainda mais positivo
Os economistas esperam que a expansão econômica continue no gigante asiático em 2021, refletindo os fortes resultados do 4º trimestre de 2020.
No Brasil, emprego em foco
Os economistas do Safra esperam um crescimento do PIB brasileiro de 4,2% em 2021. A previsão é que a ampla vacinação da população permitirá a volta do crescimento das oportunidades de emprego e renda, graças ao impulso trazido pelo gasto fiscal e o relaxamento monetário do ano passado.
A avaliação é que a normalização do mercado de trabalho é um dos principais objetivos no ano que se inicia, e deverá contribuir para a sustentação do consumo, após o encerramento dos auxílios emergenciais.
Inflação e juros
A inflação, que deve começar o ano com taxas bem mais baixas do que no final de 2020, deverá fechar 2021 em 3,2%, segundo a equipe do Safra. A gradual normalização da economia deverá permitir ao Banco Central abandonar algumas medidas especiais tomadas no ano passado.
A Selic, portanto, deverá começar a subir moderadamente a partir de meados do ano, chegando no fim de 2021 a 3,0% ao ano.
Sobre o crédito, o BC também começou a reverter algumas medidas extraordinárias de apoio. Apesar disso, os empréstimos deverão continuar crescendo neste ano, ajudando assim a compensar o fim dos estímulos fiscais.
Contas públicas e externas
Após a expansão fiscal de 2020, um dos desafios de 2021 é trazer o déficit primário ao valor de 2,3% do PIB, projetado pelos nossos especialistas.
Para isso, a equipe de economistas do Banco Safra entende que será necessário votar um orçamento que atenda os mais vulneráveis da sociedade, enquanto a economia completa sua recuperação, e respeite, ao mesmo tempo, o teto de gastos. Os desafios incluem a necessidade de reverter a queda das receitas tributárias e avançar com a reforma do setor público.
Um fator mais positivo, por outro lado, é o setor externo. A equipe do Safra espera que o bom desempenho do ano passado continue em 2021, mesmo com o aumento das importações.