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Volatilidade e inflação levam investidores a buscar proteção

A cada novo dado divulgado sobre a inflação, precisa-se ajustar as previsões de apertos monetários a serem feitos pelos bancos centrais

Mercado financeiro

A busca por proteção não é apenas uma dinâmica que está acontecendo, como também faz bastante sentido técnico | Foto: Getty Images

Um dos principais objetivos do mercado é precificar os ativos financeiros, seja uma ação, títulos públicos ou uma commodities qualquer. Os inúmeros monitores, gráficos e planilhas espalhados pelas mesas de operações, tentam, de alguma forma, ponderar os principais dados econômicos, projetar os cenários mais prováveis e inferir suas expectativas nos preços atuais. Em nenhum momento devemos tentar prever os próximos acontecimentos, mas sim, os distribuir em uma curva de probabilidade e tomar nossas decisões por meio do que achamos mais plausível.

Ao nos debruçarmos sobre essa difícil missão, é natural imaginarmos que quanto mais cenários existirem em nossas projeções, mais complicado será para tomarmos uma decisão, enquanto, em momentos de alta previsibilidade, as escolhas são facilitadas. Reflitamos sobre isso em nosso cotidiano.

Saiba mais

Quando nos deparamos com decisões que possuem diversas variáveis e diferentes desfechos, tendemos a ficarmos mais apreensivos e cautelosos com relação aos nossos atos, em contra ponto, existem decisões que a certeza das conclusões nos faz agir de forma mais confortável. Note que existem riscos nas duas atitudes.

A essa dinâmica de imprevisibilidade, damos o nome de volatilidade. Quanto maior for a incerteza dos analistas com relação ao futuro, maior será a volatilidade atribuída àquele evento e, assim como fazemos em nossas vidas, mais cautelosas serão os movimentos do mercado. Em termos práticos, quando nos deparamos com cenários de alta volatilidade, os agentes tendem a cobrar mais caro pelos eventos.

O investidor que analisar os acontecimentos recentes e tentar criar os cenários possíveis, sem dúvida, estará em uma situação bastante delicada e notará que as incertezas são inúmeras. A cada novo dado divulgado sobre a inflação, precisa-se ajustar as previsões de apertos monetários a serem feitos pelos bancos centrais.

A crise geopolítica gerada pela guerra no Leste Europeu é um evento completamente aleatório e cria uma gama de possibilidades que complica muito o entendimento das distribuições de probabilidade. Para apimentar ainda mais o cenário local, temos a escolha do novo presidente no final do ano, um evento que historicamente aumenta a incerteza dos mercados.

Por mais que nossas previsões sejam construtivas para a bolsa brasileira no longo prazo e mesmo achando que a nossa curva de juros e preços atuais das ações já precifiquem um cenário bastante complicado de inflação, os diversos cenários possíveis nos obrigam a sermos cautelosos em nossas ações. A busca por proteção não é apenas uma dinâmica que está acontecendo, como faz bastante sentido técnico.

O lado bom dessa história é que a volatilidade e os juros altos não carregam apenas más notícias aos investidores. A combinação de um mundo inflacionário, com curvas esticadas e muita incerteza é tecnicamente ideal para baratear a compra por proteção.

Abra sua conta

Aos que desconhecem esse mundo dos derivativos, existem duas formas de se proteger: adquirir uma proteção gastando dinheiro: Essas estruturas funcionam como seguros de carro, onde o investidor gasta um valor inicial para entrar em um cenário de proteção.

Os exemplos mais comuns são a compra de opções de venda ou travas de baixa; adquirir uma proteção através da troca de direitos e deveres. Nessas estruturas, ao invés de gastar dinheiro, o investidor troca a compra da proteção por um limitador em seu ganho máximo. O exemplo mais comum é a estrutura Collar Kin.

Vale ressaltar que ambas as estruturas fazem bastante sentido para o momento. A diferença está em seu conceito. Enquanto na primeira, existe um desembolso inicial, mas sem limitadores, a segunda é custo zero ao investidor e limita o ganho em cenários de fortes altas. Qualquer que seja a escolha, a proteção existe e é bem-vinda.

Acreditamos ser importante frisar que falar de proteção não implica necessariamente que vislumbramos um cenário ruim pela frente. Fazendo novamente um paralelo com a vida real, não contratamos um seguro para nossos carros com a expectativa de algo indesejado acontecer, o fazemos para evitar maiores problemas caso aconteça.

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