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O que esperar da economia brasileira em 2022?

No curto prazo o Ibovespa deve sofrer uma saudável realização em consequência do cenário, mas há razões para otimismo longo prazo

Ponte estaiada

É difícil prever o rumo da economia, mas o cenário oferece oportunidades para investir | Foto: Getty Images

Nos últimos 15 meses, o mercado brasileiro sofreu transformações em quase todas as suas esferas. No início de 2021, com o Ibovespa na casa dos 119.000 pontos, as otimistas expectativas trouxeram um número relevante de investidores para a renda variável. Muitos acreditavam que a recuperação era permanente e o mercado demoraria a encontrar seu valor máximo. Os problemas começaram quando o Banco Central iniciou a escalada dos juros, trazendo a taxa taxa Selic de 2% para 11,75%. O aperto monetário derrubou a bolsa de sua máxima histórica para modestos 100.000 pontos. O movimento foi agressivo e assustou os investidores, que migraram suas alocações para a renda fixa e mercados estrangeiros.

Evolução da taxa Selic de 2021 até 2022

A virada do ano trouxe uma dinâmica mundial completamente diferente. A inflação, que até então era tratada como transitória, começou a assustar os bancos centrais espalhados pelo mundo. Os problemas nas cadeias de suprimentos e as constantes altas das commodities começaram a pressionar os preços, fazendo com que os investidores repensassem suas recentes estratégias. Todo o dinheiro que havia migrado dos países emergentes para as empresas de tecnologia americanas e criptomoedas começou a ficar sem um rumo definido. Para conter a inflação, os líderes dos países desenvolvidos começaram a traçar seus planos para um aperto monetário. Anteriormente deixados de lado, o dinheiro começou a migrar para os países emergentes.

Saiba mais:

Quando o problema do mundo parecia ser o controle da inflação, a invasão Russa à Ucrânia trouxe uma situação ainda mais delicada. A situação geopolítica piorou de forma significativa, as commodities explodiram e a aversão ao risco dificultou ainda mais o trabalho dos bancos centrais de aumentar suas taxas de juros.

Como podemos ver na imagem abaixo, os emergentes Asiáticos e do Leste Europeu sofreram com o conflito, enquanto a América Latina colheu os frutos de sua política monetária antecipada e da distância geográfica ao epicentro da guerra.

O que esperar do Ibovespa até o fim de 2022

Descrita a situação econômica e vendo a incrível performance até o momento, fica a dúvida sobre o que podemos esperar para o Ibovespa até o final do ano. Por mais capciosa que seja a pergunta, cabe a nós calcular as probabilidades, analisar os preços atuais e procurar as melhores oportunidades do momento.

Analisando os cenários de riscos, destacamos que dois deles carregam uma imprevisibilidade extremamente desconfortável. O conflito no Leste Europeu e as eleições presidenciais são importantes, com potencial de movimentar os mercados agressivamente para qualquer lado e, o mais preocupante, não possuem uma análise baseada em lógica ou fundamentos, tornando esses eventos um risco de cauda relevante. Lembremos que tudo pode acontecer, até mesmo nada.

Indo para um ambiente de riscos mais tangíveis, devemos focar nas próximas atitudes dos bancos centrais no controle da inflação. As últimas falas do FED mostraram preocupação com relação a efetividade do aumento dos juros nesse arrefecimento dos preços. Podemos esperar um ano inflacionário e com as curvas de juros em tendência de alta.

Do lado brasileiro, portanto, a situação é diferente. O Banco Central, em sua última ata, informou que pretende aumentar a SELIC mais uma ou duas vezes, mas se mostrou confortável com o patamar de juros no combate da inflação. Esse movimento já está precificado nas curvas brasileiras. Obviamente dados de inflação acima dos consensos atrasarão as discussões de corte de juros, mas devem ter pouco impacto em mais altas em nosso território. Sendo pragmático, o mercado enxerga que 12,75% é um bom teto para a taxa básica, e isso basta para animar os investidores.

Ponderando tudo que foi dito até o momento, acreditamos que no curto prazo o Ibovespa deva sofrer uma saudável realização, mas continuamos bastante construtivos no longo prazo. As razões para esse otimismo são: i) O valuation das empresas listadas continua em níveis muito atraentes de compra, ii) temos uma boa exposição em commodities e acreditamos que os preços devam continuar esticados, mesmo em um cenário de cessar fogo e iii) as empresas que mais sofreram nos últimos 12 meses, possuem bastante espaço de crescimento no futuro, dado a base de comparação fraca do passado.

Sendo o mais pragmático possível, destacamos a alocação nos seguintes setores:

Commodities: Petrobras (PETR4), Vale (VALE3), 3R (RRRP3) e Klabin (KLBN3)

A exposição em petróleo e minério de ferro nos parece interessante para o ano. Os efeitos da guerra devem demorar a arrefecer e a demanda chinesa será suficiente para sustentar o preço pelo menos nos níveis atuais.

Bancos: Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4)

Apesar do curto prazo ser um pouco desafiador, acreditamos que o setor está com preços muito atraentes e devem ser muito beneficiados em cenário inflacionário.

Locais: Assai (ASAI3), Lojas Renner (LREN3), Aliansce Sonae (ALSO3) e Ecorodovias (ECOR3)

As empresas locais devem se beneficiar muito de uma eventual queda da curva de juros. O problema dessa alocação, e o motivo por ela possuir mais risco, é que apesar de acreditarmos que os juros cairão, não temos muito certeza com relação a data de início e nem a velocidade da queda, dois fatores de extrema importância.

Dito isso, acreditamos que uma alocação interessante seria uma parte ainda relevante em commodities e bancos, mas a migração para locais ligados a juros deve começar aos poucos.

Ressaltamos que por conta dos muitos riscos de cauda existentes, as alocações devam ser feitas sempre com proteção. Os derivativos são os melhores instrumentos para os investidores aproveitarem a alta volatilidade do mercado e a esticada curva de juros do mercado brasileiro.

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