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Mercado de trabalho aquecido reforça apostas de juros mais altos nos EUA

País criou 528 mil novas vagas em julho, ante consenso de 250 mil, deixando a tarefa do Federal Reserve de combater a inflação mais difícil

Fachada do Federal Reserve, nos EUA, que deve elevar os juros com o mercado de trabalho aquecido por lá

Levantamento da CME Group indica que as chances de mais uma alta de 0,75 ponto percentual dos juros dos EUA na reunião do Fed em setembro passam dos 70% | Foto: Getty Images

O mercado de trabalho nos EUA desafiou todos os cenários traçados por Wall Street ao criar 528 mil novas vagas em julho. O consenso se mercado apontava para 250 mil.

O retrato, com mais do que o dobro de novos postos previstos, dificulta ainda mais a vida do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) na tarefa de desacelerar o ritmo da maior economia do mundo para combater a inflação, enquanto os temores de que a potência está perto de uma recessão deram uma trégua.

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Em Wall Street, após a divulgação dos dados sobre o trabalho, cresce a expectativa de que o tom do processo de aperto monetário nos EUA seguirá hawkish, ou seja, de mais subida de juros à frente.

Levantamento da plataforma CME Group indica que as chances de mais uma alta de 0,75 ponto percentual na reunião de setembro chegaram a passar dos 70%, ante 27,5% um dia antes da divulgação do resultado do mercado de mercado.

Já as apostas de um aumento de 0,50 ponto porcentual, até então majoritárias, foram para 28% (ante 72% antes).

Para o economista-chefe do JPMorgan, Bruce Kasman, o payroll de julho foi uma “grande surpresa” e o banco vai ter de rever a sua projeção para os Fed Funds, que são os juros básicos nos EUA, de 3,5% ao fim deste ano.

Além disso, alertou, os dados do mercado de trabalho atenuam preocupações de que o país esteja em recessão, mas apontam para outro risco, o de superaquecimento.

“O relatório sugere que, se não estivermos em recessão, temos um problema realmente sério aqui com as pressões salariais continuando a aumentar. Então, estamos falando de um mundo onde os riscos de recessão diminuem, os riscos de superaquecimento aumentam”, afirmou o economista-chefe do JPMorgan, em conversa com investidores, na sexta-feira.

Salários

Em julho, os salários nos EUA acumulavam incremento de 5,22% ante um ano, também superando as projeções de Wall Street, que apontavam para avanço de 4,90%.

O destaque ficou com as atividades financeiras, e ainda houve aceleração no comércio varejista, enquanto no segmento de lazer e hotelaria (que ainda se recupera da pandemia) os ganhos cresceram menos, mas seguem elevados, na opinião de analistas.

Depois de quatro meses estagnado em 3,6%, o índice de desemprego nos EUA caiu a 3,5%. Na Casa Branca, que tem usado o mercado de trabalho para rebater as preocupações de uma recessão, o payroll de julho foi motivo de comemoração.

O presidente Joe Biden enfatizou que o indicador é o menor em mais de 50 anos.

Sem citar a alta da inflação, que corrói os orçamentos das famílias americanas, atrelou o payroll de julho como resultado do seu plano econômico. “Mais pessoas estão trabalhando do que em qualquer ponto da história americana”, disse Biden.

Depois das informações sobre os postos de trabalho, Wall Street aguarda novos dados da inflação nos EUA, entre eles, a publicação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) referente a julho.

Crucial na política monetária do Fed, o indicador deve sustentar, após o payroll, uma rodada de previsões para a próxima reunião do BC americano, em setembro, com o mercado batendo martelo sobre um novo aumento de 0,75 ponto porcentual. (AE)

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