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Indicado para presidir Petrobras é contra intervenção nos preços

Petrobras deve confirmar no dia 13 de abril o nome de Adriano Pires para a presidência no lugar do general Silva e Luna, que foi demitido

Pires

“Eu acho muito difícil encontrar alguém que vá para a Petrobras para segurar preço”, declarou Adriano Pires | Foto: Estadão Conteúdo

A Petrobras confirmou que foi notificada por ofício do Ministério de Minas e Energia (MME) sobre indicação de Adriano José Pires Rodrigues para a presidência da empresa. Adriano Pires deve assumir o cargo no lugar do general Joaquim Silva e Luna, que tomou posse há menos de um ano e foi demitido pelo presidente Jair Bolsonaro. A petrobras confirmou que vai deliberar sobre as indicações na próxima assembleia geral ordinária – que deverá acontecer em 13 de abril.

O governo indicou Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, para o lugar do almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira, que pediu para sair alegando razões pessoais. Landim é ex-funcionário da Petrobras, onde trabalhou por 26 anos antes de se juntar ao antigo grupo empresarial de Eike Batista.

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A Petrobras confirmou que vai avaliar as duas substituições para a eleição de membros do conselho administrativo. Graduado em economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com mestrado em Planejamento Energético e doutorado em Economia Industrial pela Universidade Paris XIII, Adriano Pires já foi superintendente de Abastecimento e superintendente de Importação e Exportação de Petróleo da Agência Nacional do Petróleo.

Indicado para presidir Petrobras, Adriano Pires é contra intervenção nos combustíveis

Em recente conversa com jornalistas, Adriano Pires foi taxativo: “Eu acho muito difícil encontrar alguém que vá para a Petrobras para segurar preço”.

O comentário de Pires se referia à possibilidade de troca de comando da empresa e uma mudança da política de reajustes dos combustíveis praticada pela Petrobras, baseada na paridade de preços internacionais, chamada de PPI.

Para ele, mudar a política de preços não é difícil, porque ela já foi alterada várias vezes no passado, citando o período do governo da ex-presidente Dilma Rousseff.

“Do presidente Temer para cá, a empresa passa a ter uma política de tendência de mercado internacional”, lembrou ele sobre as mudanças feitas na empresa na presidência de Pedro Parente, que mudou as regras de compliance da empresa. Estaria nesse ponto a dificuldade de mudança agora. “Se alguém for para Petrobras e segurar preço de combustível está colocando o seu CPF na mesa”, afirmou.

Na entrevista, Pires defendeu a adoção de subsídio ao diesel e gás, mas se manifestou preocupado com o texto do projeto, classificado por ele como de inspiração “puro sangue” do PT por ter autoria e relatoria no Senado de parlamentares do partido.

Uma das preocupações era de que o projeto tirava das empresas justamente a liberdade de preços ao definir três diretrizes para a formação de preços dos combustíveis: o preço do mercado internacional, os custos de importação e de produção.

“Isso significa que no final do dia, se for cumprir a lei, terá que acabar criando uma fórmula. Esse artigo é horrível porque no fundo está promovendo uma intervenção de preços”, alertava ele. “O cara que comprou a refinaria também não vai ter liberdade para ter a política de preços dele? Ele vai ter que seguir uma fórmula?”, questionava ele.

Ele também não se furtou a comentar a posição do presidente Bolsonaro, que para ele estaria numa situação desconfortável nesse momento.

“Se ele faz qualquer tipo de intervenção na Petrobras, de fato, ele é igual ao Lula”, disse ao comentar a defesa de ingerência nos pouco do ex-presidente que lidera as pesquisas na corrida presidencial deste ano. Para ele, se Bolsonaro desse instrumentos para intervir, ele se igualaria nas teses defendidas por Lula.

Pires lembrou que, embora chateado com os preços altos, o presidente e o seu governo, como controlador da empresa, não fizeram uma intervenção no preço. “Quando ele tirou o Roberto Castello Branco, todo mundo acreditava que o general Silva e Luna ia fazer isso e não fez”, ponderou.

Poucas horas antes da confirmação do seu nome, Pires publicou um comentário em inglês na rede Linkedin nessa mesma direção: “Quando o ex-presidente Roberto Castelo Branco foi substituído pelo General, a grande maioria dos analistas e jornalistas apostava que o General controlaria os preços, mas, pelo contrário, a política de paridade de importação foi mantida”, escreveu ele.

“Acho que o risco de intervenção na Petrobras antes das eleições é muito baixo por duas razões. A primeira é que a regulamentação e o compliance da empresa após a Lava Jato dificultam muito que tanto a diretoria quanto o Conselho de Administração tomem ações que possam prejudicar os acionistas. Segundo, se o presidente Bolsonaro interviesse na empresa, seria acusado de fazer a mesma política que Lula”, completou. (AE)

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