Alibaba investe na oferta de produtos brasileiros no mercado chinês
Após consolidar-se no mercado brasileiro como loja online de venda de produtos chineses, plataforma passa a vender artigos do Brasil na China
02/04/2023Jack Ma tem planos para o Brasil. Dono de uma fortuna estimada em U$ 33 bilhões, o fundador da Alibaba e mais famoso empresário chinês já atua no País por meio da varejista AliExpress e agora deseja ampliar sua presença. A ideia é virar uma opção de canal de vendas digital para pequenos e médios empreendedores nacionais, na via contrária da que usou para construir seu império digital e poder na China.
Com a AliExpress, o grupo Alibaba se consolidou como opção de loja online para brasileiros importarem da China produtos de alta tecnologia e industrializados em geral, com preços mais baixos do que os praticados no País e entrega cada vez mais rápida. A importação pode ser feita por consumidores finais, pagando-se taxa de 60% à Receita Federal, quando aplicada. O processo ocorre por amostragem. Agora, Jack Ma quer se colocar como ponte para produtos brasileiros valorizados no maior mercado asiático chegarem às casas dos chineses.
Saiba mais
- Entenda como vai funcionar o novo arcabouço fiscal
- Como escolher o melhor banco para investir com segurança
- Safra é eleito melhor gestor de fundos de alta renda
Alguns produtos já são encontrados em outras plataformas do Alibaba, voltadas para o mercado interno da China. São rochas ornamentais, mel, própolis, sobretudo orgânicos, nozes e castanhas, café e açaí, por exemplo. As imagens expõem a bandeira do Brasil, mas o comerciante quase nunca é brasileiro, e na maioria das vezes vende de fora do País. O maior vendedor de açaí no Alibaba é belga. Até um tipo de tartaruga é vendido como brasileiro.
No atacado global, a exportação de produtos brasileiros para o mercado chinês foi de U$ 253 milhões, em 2021, dentro de todas as plataformas de e-commerce do Alibaba. Já as empresas americanas atingiram o patamar de U$ 61 bilhões enviados para a China.
A Alibaba também diz que uma gama de produtos são apresentados como brasileiros, mas na verdade não saem do País. A empresa estima que Brasil perca mensalmente cerca de R$ 50 milhões em vendas para o mercado chinês.
Alibaba busca parceria com governo Lula para oferecer produtos brasileiros na China
Para mudar esse cenário, a empresa buscou uma parceria com o governo Luiz Inácio Lula da Silva. A ideia é replicar no País o modelo do Taobao Villages, l. Eles seriam capacitados para exportar, se adaptar a peculiaridades do consumidor chinês e práticas de vendas.
O projeto começou na China, onde chegou a 303 bilhões de produtos comercializados. A empresa quer oferecer nesse convênio a capacitação de agricultores, como técnicas de marketing digital e gravação de vídeos para exibir os produtos. O México já mandou empreendedores e autoridades locais para iniciar o processo. Cerca de 400 professores capacitam 8 mil alunos que vão aos vilarejos repassar conhecimento aos produtores locais.
“Há produtos que poderiam estar no mercado e o agricultor recebendo a renda direta. A gente acredita muito nesse projeto para o Brasil”, disse Felipe Daud, relações governamentais do Alibaba na América Latina. “É sempre um modelo que passa pela parceria com o governo. É uma forma de promover desenvolvimento sustentável, de promover acesso de pessoas que estavam excluídas ao mercado, aumentar a renda e combate à pobreza.
Taxação de importações chinesas
O movimento ocorre no momento em que o presidente discute taxas de importação de varejistas digitais chinesas, que dominam o mercado brasileiro, como AliExpress, Shopee e Shein. Há forte pressão para que o governo recrudesça a taxação.
Na semana em que o bilionário Jack Ma retornou à China, executivos da empresa e uma delegação empresarial brasileira conversaram em Pequim. Liderada pelo presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), Jorge Viana, a comitiva visitou as instalações do grupo na capital chinesa. (AE)