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Aluguel residencial sobe 1,86% em janeiro no índice da FGV

Nos 12 meses encerrados em janeiro, o índice de variação do aluguel residencial da Fundação Getúlio Vargas ficou positivo em 1,23%

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O aluguel residencial em São Paulo passou de aumento de 0,48% em dezembro para um salto de 2,45% em janeiro | Foto: Getty Images

Os aluguéis residenciais ficaram 1,86% mais caros em janeiro, depois de já terem subido 0,66% em dezembro de 2021. Os dados são do Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (Ivar), da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Nos 12 meses encerrados em janeiro, a taxa ficou positiva em 1,23%. Em 2021, o Ivar fechou com queda de 0,61%, após subir 4,08% em 2020.

O índice foi lançado em janeiro deste ano para medir a evolução mensal dos valores de aluguéis residenciais do mercado de imóveis no Brasil, com informações obtidas diretamente de contratos assinados entre locadores e locatários sob intermediação de empresas administradoras de imóveis. Antes, a FGV coletava informações de anúncios de imóveis residenciais para locação, e não os valores efetivamente negociados.

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Em janeiro, houve alta nas quatro capitais pesquisadas pelo novo índice da FGV, com aceleração ante dezembro de 2021. O aluguel residencial em São Paulo passou de aumento de 0,48% em dezembro para um salto de 2,45% em janeiro. No Rio, o índice saiu de alta de 1,03% em dezembro para alta de 1,30% em janeiro; em Belo Horizonte, passou de 1,17% para 2,08%; e em Porto Alegre, de 0,43% para 1,06%.

No acumulado em 12 meses até janeiro, os aluguéis avançaram 0,40% em São Paulo. No Rio, subiram 1,85%. Em Porto Alegre, subiram 0,84%. Em Belo Horizonte, subiram 3,69%.

Aceleração do aluguel residencial tem efeito sazonal e da pandemia, diz FGV

A aceleração dos preços dos aluguéis em janeiro, verificada no Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (Ivar), divulgado nesta quinta-feira, 10, pela Fundação Getulio Vargas (FGV), tem componentes sazonais, responde à elevação da inflação e a dinâmicas da pandemia, mas não deve ser tomada como tendência para 2022, afirmou Paulo Picchetti, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV).

Segundo Picchetti, analisando a série histórica do Ivar para São Paulo, iniciada quatro anos atrás, é possível identificar um “padrão de sazonalidade” para os dois primeiros meses do ano, com viés de alta. Conforme o pesquisador, os dados não sugerem uma explicação para o padrão.

“O começo do ano tem um efeito de organização e mudanças de vida. Isso pode explicar essa sazonalidade, mas é apenas uma conjectura”, afirmou Picchetti.

Independentemente o padrão sazonal, o pesquisador citou outras duas explicações possíveis para a aceleração dos reajustes de aluguel residencial em janeiro. Uma delas é um fenômeno associado à pandemia de covid-19.

Home office e ensino remoto estão em processo de reversão

Com o trabalho e o ensino remotos, houve um movimento de trabalhadores e estudantes de deixar os centros urbanos, seja em busca de qualidade de vida ou de volta a cidades natais, que pode estar sendo revertido nessa virada do ano. Eventual retorno dessas pessoas para os centros urbanos significa demanda ligeiramente maior por aluguel de moradias, elevando os preços.

A segunda explicação de Picchetti tem a ver com a inflação. Ainda que os mecanismos de indexação estejam mudando, com o abandono parcial do IGP-M como índice de reajuste nos contratos, a elevação da inflação cria uma pressão.

Ao longo da pandemia, as renegociações de contratos prevaleceram sobre a aplicação simples dos índices de correção, lembrou o pesquisador. Isso ocorreu especialmente nos momentos de disparada do IGP-M. Agora, como mesmo os índices de preços ao consumidor estão na casa de 10%, mesmo que haja renegociação de contratos, os reajustes ficam mais elevados.

Picchetti pondera, que a aceleração do Ivar neste início de ano poderá não servir de tendência para 2022 como um todo. O mercado imobiliário não está aquecido a ponto de desequilibrar a relação entre a oferta de imóveis para alugar e a demanda das famílias por moradias alugadas. Do lado da demanda, Picchetti lembrou que a recuperação de empregos nos últimos meses tem sido acompanhada por queda nos rendimentos do trabalho, apertando os orçamentos domésticos.

“As condições do mercado de trabalho, ao longo de 2022, não são compatíveis com inquilinos aceitando reajustes. A recomposição do emprego não foi acompanhada de recomposição na renda”, afirmou Picchetti. (AE)

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