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Saldo comercial acima de US$ 70 bi anuais garante real forte e queda da Selic

Relatório do Banco Safra projeta alta de 9,6% das exportações em 2023, maior salto desde 2005, garantindo queda da Selic para 8,75% em 2024

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O saldo deverá se manter acima de US$ 70 bilhões nos anos seguintes, ajudando a sustentar o valor do real nos próximos anos | Foto: Getty Images

O saldo comercial na metodologia do Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex) deverá atingir US$ 95 bilhões nesse ano, maior patamar da história, segundo relatório de macroeconomia do Banco Safra. Esse resultado exuberante é consequência do forte aumento do volume exportado, especialmente de produtos agrícolas e de petróleo.

Entre janeiro e outubro desse ano, o volume de exportações da soja subiu 25%, do milho expandiu 37% e do petróleo cresceu 29% em relação ao mesmo período do ano passado. O Safra estima que as exportações a preços constantes aumentarão 9,6% em 2023, o maior salto percentual desde 2005. Além disso, as importações estão estagnadas, com recuo do volume importado de muitos bens intermediários, como pesticidas, fertilizantes e outros compostos orgânicos, além de combustíveis.

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A balança comercial continuará em patamar historicamente alto nos próximos anos, projeta o relatório do Safra. Ela deve alcançar US$ 83 bilhões em 2024, apesar de o clima adverso prejudicar a safra de grãos, com impacto negativo de US$ 7 bilhões. Por outro lado, a produção de petróleo deverá subir de 3,4 milhões de barris dia em 2023 para 3,8 milhões de barris diários em 2024 (ela poderá atingir 5,3 milhões de barris por dia em 2029, sem contar com novas áreas tais como a margem equatorial).

Com isso, e apesar da expectativa de queda do preço do petróleo no mercado futuro, essas exportações devem crescer US$ 8 bilhões em 2024. O valor das exportações deverá, assim, alcançar US$ 341 bilhões em 2024, segundo as projeções dos especialistas do Safra.

A balança comercial, ajustada para as importações diretas capturadas pelo Banco Central deve ficar próxima a US$ 74 bilhões, resultando em um déficit na conta corrente de 1,5% do PIB em 2024, nível historicamente confortável e menor do que os 2,8% registrados em 2021.

Mesmo considerando que importante parcela dos valores auferidos pelos exportadores seja mantida no exterior, o fluxo cambial comercial continuará elevado em 2024. Ainda que mantida em 2024 a diferença a menor entre as exportações contratadas e embarcadas observada nos últimos 12 meses, o ingresso líquido de recursos do comércio exterior (sem contar compras diretas) deverá ser de US$ 45 bilhões no ano que vem.

O fluxo financeiro deverá ser um pouco mais negativo no ano que vem, considerando o menor diferencial de juros entre o Brasil e os EUA ao longo de 2024. Esse fluxo cambial passaria de US$ 32 bilhões em 2023 para US$ 35 bilhões ano que vem.

Fluxo elevado garante real forte e queda da taxa Selic

Assim, o Banco Safra estima que o fluxo cambial total continuará positivo, ficando em torno de US$ 10 bilhões em 2024. Essa estimativa pode vir a ser atualizada para cima, caso o processo
de desinflação americana permita a antecipação do relaxamento da política monetária nos EUA, aumentando o diferencial de juros entre Brasil e EUA ainda no começo do segundo semestre de 2024.

A entrada líquida de dólares tem se refletido na posição cambial dos bancos próxima da neutralidade no mês passado. Considerando que sazonalmente há saída de divisas em dezembro, o Safra estima que a posição dos bancos encerrará esse ano bem menos vendida do que no final de 2022, quando a posição vendida era de US$ 24 bilhões, contra cerca de US$ 10 bilhões projetados para o final de 2023.

A entrada sazonalmente maior de dólares no começo de 2024 deverá levar os bancos a uma posição cambial ainda menos negativa e provavelmente positiva (posição comprada), com provável apreciação da moeda se não houver compra de divisa pelo Banco Central no período, segundo o relatório.

Portanto, o aumento das exportações petrolíferas será vital para manter o saldo comercial em 2024 em patamar historicamente elevado, mesmo com uma possível redução da safra de soja, a se somar com perdas de outras culturas.

O saldo deverá se manter acima de US$ 70 bilhões nos anos seguintes, ajudando a sustentar o valor do real nos próximos anos. “O desempenho positivo das contas externas fornecerá um
importante apoio para o aprofundamento do ciclo de reduções da taxa Selic até a taxa se aproximar de 8,75% no final do próximo ano”, destaca o relatório de macroeconomia do Banco Safra.

Íntegra do relatório semanal de macroeconomia do Banco Safra.

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